quinta-feira, 25 de junho de 2015

O cerco se fecha e continua caçada da PF contra Pimentel do PT.


A segunda fase da Operação Acrônimo, deflagrada nesta quinta-feira, 25, pela Polícia Federal, teve como alvo um antigo escritório particular do governador de Minas, Fernando Pimentel (PT), investigado na operação. No mesmo endereço funciona atualmente a OPR Consultoria Imobiliária, registrada em nome de um parente de Otílio Prado, ex-sócio do petista e um de seus auxiliares mais próximos desde a época em que era prefeito de Belo Horizonte. A OPR é a antiga P-21, que Pimentel abriu com Otílio para prestar supostas consultorias empresariais e palestras após deixar o comando do município.
 
 
Pimentel tinha 99% da empresa, mas deixou a sociedade em 2011, depois ser nomeado ministro do Desenvolvimento, Industria e Comércio Exterior. O nome da P-21, dado pelo próprio petista com inspiração na inicial de seu sobrenome e na nomenclatura dada a plataformas de petróleo, foi alterado após denúncias de que ele usou a empresa para prestar serviços fantasmas.
 
 
 
Com o escândalo, Otílio também deixou o quadro societário da empresa. Nos registros da Receita, a OPR está em nome de um parente dele e agora tem como atividade registrada prestar consultorias imobiliárias. As buscas da PF no escritório foram num escritório da empresa no Bairro Serra, Zona Sul de Belo Horizonte, próximo ao apartamento de Pimentel. O local teria funcionado como uma das bases da campanha de 2014. Eleito no ano passado, Pimentel deu ao ex-sócio cargo de assessor especial da Secretaria da Fazenda de Minas e o alocou nos conselhos de duas estatais. 
 
 
 
O PF pediu buscas na sede do Governo de Minas e no Palácio das Mangabeiras, residência oficial do governador. No entanto, o ministro Herman Benjamin, do Superior Tribunal de Justiça (STJ), as negou. Também foram vetadas ações no PT em Minas, no BNDES, na Petrobrás, no frigorífico Marfrig e em endereço do Casino, grupo francês que controla a rede Pão de Açúcar.
 
 
 
Segundo a revista Época, na época em que Pimentel estava no comando do Ministério da Indústria, Desenvolvimento e Comércio Exterior (MIDIC), entre 2011 e 2014, o grupo Marfrig teve uma dívida com o BNDES adiada no valor de R$ 2,15 bilhões. O banco é vinculado ao ministério.
 
 
 
O STJ autorizou mandados de busca nas empresas Pepper Comunicação, Dialog (atual Due Promoções e Eventos) e Roller Printing. A Pepper é uma empresa contratada pelo PT para cuidar da página do Facebook da presidente Dilma Rousseff. A Oli Comunicações, antiga empresa de Carolina de Oliveira, mulher do governador, trabalhava em parceria com a Pepper. A primeira-dama de MG é um dos alvos da operação.
 
 
Segundo a revista Época, a empresa dela recebeu R$ 3,7 milhões entre 2011 e 2014 da Casino, Marfrig e Pepper, além do consultor Mário Rosa. Conforme os investigadores, a Oli, contudo, era uma empresa fantasma.
 
 
 
A Operação Acrônimo tramita no STJ porque envolve o governador Pimentel. Conforme o Estado revelou no início deste mês, há suspeitas de que a campanha dele ao governo de Minas em 2014 tenha recebido do esquema operado pelo empresário Benedito Rodrigues de Oliveira Neto, o Bené, colaborador de campanhas do PT.
 
 
 
 
A PF apura suspeitas de que Bené atuou como arrecadador informal da campanha de Pimentel, como mostrou o Estado na quarta-feira, 24. Bené e Carolina foram alvos da primeira fase da operação.
 
 
 
 
Conforme a revista Época, Bené pagou as despesas de um resort de luxo em Maraú, na Bahia, no valor de R$ 12,1 mil, quando ele ainda era ministro e Carolina sua assessoria no ministério.
 
 
 
A investigação foi iniciada em outubro do ano passado, quando a Polícia Federal apreendeu, no aeroporto de Brasília, R$ 113 mil em dinheiro numa aeronave que trazia Bené e outros colaboradores da campanha de Pimentel de Belo Horizonte. Um outro alvo de busca é um hangar no aeroporto de Belo Horizonte. Segundo fontes, o ponto teria sido usado pelo governador de Minas e por sua mulher para a viagem de lua de mel, para Punta del Este, no Uruguai. 
 
 
 
A Operação Acrônimo foi deflagrada no fim de maio, quando foram realizadas buscas na casa da primeira-dama de Minas e na sede de uma antiga empresa que pertencia a ela. Na semana passada, contudo, o caso chegou ao STJ diante de investigações que passaram a envolver a suposta participação do governador de Minas no caso. O caso teve início em outubro de 2014, quando a PF apreendeu um avião que voava de Minas Gerais a Brasília com R$ 113 mil a bordo. 
 
 
Estava na aeronave o empresário Benedito Rodrigues, o Bené, que é próximo a Pimentel e possui empresas do setor gráfico. Bené chegou a ser preso na primeira fase da Operação, mas deixou a cadeia após pagar fiança. O advogado de Pimentel, Antônio de Almeida Castro, o Kakay, disse ao Estado que esteve na semana passada com o governador e pediu acesso ao inquérito. Ele disse que o governador se colocou à disposição para esclarecer dúvidas. A PF suspeita de atos ilícitos envolvendo a campanha de Pimentel ao governo do Estado, em 2014. 
 
 
 
“As investigações têm de ser feitas e qualquer cidadão apoia, mas parece que está havendo competição de qual investigação é mais importante. Há que se ter uma responsabilidade quando se pede busca e apreensão na cada de um governador como o Pimentel. Felizmente o ministro negou o pedido e não vejo nenhum fundamento para medida tão agressiva e invasiva”, disse o advogado à reportagem.
 
 
Carolina tem negado qualquer envolvimento no esquema e refuta as suspeitas de que a Oli seja uma empresa fantasma. A defesa de Carolina alega que houve um equívoco do Ministério Público já que a firma deixou o prédio onde funcionava em Brasília em julho de 2014 e teve suas atividades encerradas em janeiro de 2015.
 
 
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