Carlos Newton
Joaquim Barbosa, ex-presidente do Supremo Tribunal Federal, disse duras
verdades, mas também falou muita bobagem neste sábado, ao participar do
7º Congresso Internacional de Mercados Financeiro e de Capitais,
organizado pela BM&FBovespa.
“O Tribunal de Contas é um playground de políticos fracassados”, disse
ele, ressalvando que “uma coisa é considerar viável juridicamente uma
pedalada fiscal conduzir ao impeachment de um presidente da República,
mas outra coisa é eu saber como realmente funcionam as instituições e
acreditar nisso”.
Barbosa falou claro e disse não acreditar na possibilidade de o TCU
recusar as contas do governo, para declarar configurado o crime de
responsabilidade e abrir caminho ao impeachment pelo Congresso.
ACERTO E ERRO
Só o futuro próximo nos dirá se Barbosa acertou na avaliação do TCU.
Mas pode-se dizer, com toda certeza, que o ministro aposentado errou
feio ao ironizar o poder do Tribunal Superior Eleitoral.
Barbosa simplesmente esculhambou o TSE, ao dizer que o tribunal já
cassou governadores de estados pequenos, mas tem dúvidas se o tribunal
tiraria do cargo um governador de São Paulo, Rio de Janeiro ou Minas
Gerais. “Um presidente da República? Acho muito difícil”, ironizou.
Em tradução simultânea, o ministro aposentado diz abertamente que o TSE
opera com dois pesos e duas medidas, porque cassou em 2009 três
governadores (Cássio Cunha Lima, da Paraíba, Jackson Lago, do Maranhão, e
Marcedo Miranda, do Tocantins), mas agora não conseguirá cassar Dilma
por crime eleitoral.
ANALISTA FRACASSADO
Como jurista, Joaquim Barbosa tem méritos, mas como analista político, é um fracasso retumbante.
O TSE tem hoje sete integrantes, dos quais apenas três são petistas – o
presidente Dias Toffoli e as ministras Maria Thereza Moura e Luciana
Lóssio. Os outros quatro, que detêm a maioria, já demonstraram semana
passada que podem cassar a presidente Dilma, pois a investigação contra a
campanha eleitoral dela já foi até autorizada, por 4 votos a um.
Votaram a favor os ministros Gilmar Mendes, João Otávio Noronha. Luiz
Fux e Henrique Neves. Apenas a ministra Maria Thereza Moura votou
contra, enquanto Luciana Lóssio pediu vistas e o presidente Dias
Toffoli esté fechado em copas, esperando para ver o que acontece.
Mesmo que os dois últimos votos sejam favoráveis a Dilma, o placar 4 a 3
de agora, que mandará devassar as contas da campanha de Dilma, no
futuro poderá ser o mesmo 4 a 3 do placar da cassação de Dilma,
queimando a lingua do ministro aposentado Joaquim Barbosa, que deveria
falar menos e respeitar seus antigos colegas de tribunal.
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