Vicente NunesCorreio Braziliense
É inacreditável que a chefe do Executivo venha a público e diga que não
sabia da gravidade da crise econômica na qual o país está mergulhado,
que foi surpreendida pouco antes das eleições do ano passado. Foi ela
quem criou todos os problemas que empurraram o Brasil para o buraco.
Todas as vezes em que foi alertada sobre o desastre que estava
provocando, ao insistir na maluquice da nova matriz econômica, preferia
atacar os críticos. Atribuía a eles a responsabilidade de espalharem uma
onda de pessimismo que estava minando o país.
Dilma contratou a crise e a jogou no colo das empresas e das famílias.
REINVENTANDO A RODA
Desde que tomou posse, em janeiro de 2011, acreditou que poderia
reinventar a roda na economia. Adotou a tese de que um pouco mais de
inflação poderia estimular o Produto Interno Bruto (PIB). Obrigou o
Banco Central a cortar juros, mesmo com o custo de vida se mantendo
acima do teto da meta, de 6,5%. Sancionou todas as manobras fiscais que
destruíram as contas públicas. Usou e abusou dos bancos públicos para
subsidiar setores que em nada contribuíram para a retomada do
crescimento.
Todas essas medidas já produziam efeitos negativos na economia em 2014,
bem antes do início da campanha eleitoral. Trimestre após trimestre, os
números do PIB explicitavam o derretimento da atividade. A desconfiança
estava instalada e a recessão que vivemos hoje, contratada.
SEM ESTABILIDADE
Dilma sabia que não havia como darem certo determinadas ações que
destruíram a estabilidade do país, conquistada depois de anos de
sacrifício. Mesmo ciente de todos os problemas que criou, ela optou pela
mentira, arma que usou, sem constrangimento, para destruir os
adversários que poderiam lhe apear do poder.
A crise que Dilma diz desconhecer vai resultar em pelo menos dois anos
de queda do PIB. Depois, como se fosse a pessoa mais inocente da face
da terra, afirmou que 2016 não será um ano “tão maravilhoso”, mas também
não será tão ruim como estão falando. Infelizmente, o que ano vem,
será, sim, muito ruim. Parte dos especialistas projeta retração
econômica de pelo menos 1%. O desemprego passará dos 10% nas seis
principais regiões metropolitanas. A renda do trabalho vai cair. A
inflação continuará alta e as famílias terão mais dificuldades para
pagar dívidas. O dólar poderá chegar a R$ 4.
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