Dilma
quebrou o país. Além da inflação, que atinge os mais pobres, aumenta
assustadoramente a fila de desempregados à procura de trabalho. E a
presidente búlgara continua lá:
Diante de
uma economia que não cresce há cinco trimestres, a piora do mercado de
trabalho é disseminada por todo o país. O desemprego aumentou em 22 dos
27 estados e unidades da federação no segundo trimestre deste ano, em
comparação ao mesmo período de 2014. No Nordeste, o desemprego cresceu
em sete dos nove estados e já ultrapassa os dois dígitos na média da
região. No Sudeste e no Sul, todos os estados registraram alta da
desocupação. Na Região Norte, isso ocorreu em cinco dos seis estados; no
Centro-Oeste, houve alta em três dos quatro estados.
A
deterioração dos números fez com que, em muitos casos, o desemprego
chegasse ao maior nível da série histórica da Pesquisa Nacional por
Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua), do IBGE, iniciada em
2012. Na média nacional, a taxa foi de 8,3% entre abril e junho, o maior
nível da série. O mesmo fenômeno ocorre em quatro estados: São Paulo,
Paraná, Rio Grande do Sul e Goiás.
BAHIA SOFRE COM CORTES NA CONSTRUÇÃO CIVIL
No
Nordeste, a taxa, que é historicamente mais alta, subiu de 8,8% para
10,3% na comparação entre os segundos trimestres de 2014 e de 2015. O
nível é menor que o recorde de 10,9% do primeiro trimestre de 2013, mas é
o mais alto desde então.
Três
estados da região têm desocupação acima dos 10%: Rio Grande Norte
(11,6%), Alagoas (11,7%) e Bahia (12,7%, a mais alta taxa no país). O
Amapá, na Região Norte, é o quarto e último estado com taxa de dois
dígitos (10,1%).
— Apesar
dos esforços de investimentos em infraestrutura e educação, que
permitiram um crescimento maior do Nordeste, a taxa de desemprego ainda é
maior que em outras regiões do país. Agora, em um momento de ajuste,
com contingenciamento de recursos, o Nordeste acaba sentindo mais —
explica a professora de Economia da Universidade Federal do Rio Grande
do Norte (UFRN) Valdenia Apolinario, estudiosa do mercado de trabalho.
Glacivaldo
Correia Lima, de 27 anos, é um dos nordestinos que atualmente estão em
busca de trabalho. Morador de Jaboatão dos Guararapes, na Região
Metropolitana de Recife, ele foi demitido da fábrica de cerâmicas onde
trabalhava em julho, junto com pelo menos mais 40 colegas. Em
Pernambuco, a taxa de desemprego já chega a 9,1%, frente aos 8,8% do
segundo trimestre do ano passado. A crise da economia, conta Glacivaldo,
foi a justificativa para as demissões. Agora, ele busca uma vaga na
área de sistemas de informação.
— Estou
no quinto período da faculdade e vou aproveitar que fui demitido para
procurar algo no que estou estudando. É uma área com mais chances de
crescimento, mas está difícil encontrar emprego — lamenta Glacivaldo,
que mora com os pais.
Na Bahia,
que amarga o maior desemprego do país, os setores de construção civil e
serviços têm contribuído para o momento ruim do mercado de trabalho. A
construção absorvia 8,9% da população ocupada no segundo trimestre de
2014, mas essa fatia caiu para 8,4% no segundo trimestre deste ano.
— A Bahia
é um estado em que a agricultura tem uma presença maior que no resto do
país, assim como o setor de serviços. Além disso, a informalidade
também aumentou — explica Cimar Azeredo, coordenador de Trabalho e
Rendimento do IBGE.
Os únicos
estados do país em que não houve aumento do desemprego entre o segundo
trimestre do ano passado e o mesmo período de 2015 foram Acre,
Tocantins, Rio Grande do Norte, Sergipe e Distrito Federal.
— O
mercado de trabalho está piorando em ritmo muito rápido e de forma muito
intensa. O que a Pnad Contínua mostra é a generalização dessa piora,
que é mais ampla do que vinha sendo registrada pela Pesquisa Mensal do
Emprego (PME), que acompanha apenas as regiões metropolitanas
brasileiras — afirma o professor do Instituto de Economia da UFRJ João
Saboia.
FALTA DE VAGAS ALÉM DAS METRÓPOLES
A
avaliação de Saboia é que os dados não chegam a ser uma surpresa diante
do que vem sendo observado no mercado de trabalho. Para ele, o mérito da
Pnad Contínua é justamente mostrar o cenário em escala nacional, muito
além da realidade das grandes cidades.
— A
economia está em contração desde meados de 2014, e ainda há muita
incerteza sobre sua retomada. O mercado de trabalho, que é a última
ponta a sentir o reflexo da crise, agora passa por um ajuste
generalizado. A Pnad Contínua é mais abrangente e mostra isso — explica o
economista da Tendências Consultoria Rafael Bacciotti, que ainda espera
uma piora no emprego.
Cimar
Azeredo, do IBGE, explica que o aumento do desemprego ocorreu em
“praticamente quase todos os estados da federação”, e os dados confirmam
que a economia “não está favorável”. Os números apontam uma maior busca
por trabalho, segundo ele:
— O
mercado de trabalho entrou em um processo de perda do que tinha
conquistado nos últimos anos, tanto em termos de patamar da taxa de
desocupação quanto no nível da ocupação e na perda dos empregos com
carteira de trabalho. (O Globo).
Nenhum comentário:
Postar um comentário