sábado, 12 de setembro de 2015

Episódio do falso decreto exibe a esculhambação no governo


Carlos Newton


Foi rapidamente removido para baixo do tapete o escândalo do falso decreto que dava mais poderes ao ministro da Defesa e esvaziava os três comandantes das Forças Armadas.



Enquanto as autoridades se comportam como se não tivesse acontecido nada e agradecem o silêncio obsequioso da grande mídia, o episódio, pela gravidade de que se reveste, serve de excelente exemplo da esculhambação que hoje marca o dia a dia da política brasileira.



Não é cabível acreditar que, no estratégico Ministério da Defesa, seja possível que uma funcionária pública de segundo escalão (na ausência do ministro Jaques Wagner, que estava em viagem à China) resgate uma sugestão de decreto que jazia engavetada há três anos, falsifique a assinatura de um comandante militar, depois convença a presidente da República a assinar o documento, e por fim mande publicar o decreto no Diário Oficial da União, sem ordem do ministro, e nada lhe aconteça.



Como o assunto virou escândalo, o ministro e a presidente da República disseram que não sabiam de nada. Mas o comandante da Marinha, almirante Eduardo Bacellar, fez questão de denunciar que não assinou o decreto, e a presidente da República então foi obrigada a voltar atrás e mandou o ministro Wagner assinar uma errata do decreto, para restabelecer os poderes dos comandantes militares.



WAGNER E DILMA MENTIRAM
O ministro Jaques Wagner e a presidente Dilma Rousseff evidentemente mentiram, ao dizer que não sabiam de nada. É claro que eles combinaram baixar o decreto quando Wagner estivesse ausente, para não desgastá-lo perante as Forças Armadas. E o ministro Aloizio Mercadante também participou da patética manobra, porque nenhum decreto é assinado e publicado sem conhecimento da Casa Civil.



Portanto, é ingenuidade achar que a secretária-geral da Defesa, Eva dal Chiavon, tenha tomado a iniciativa de desengavetar o decreto sem aprovação do ministro e tomado todas as providências necessárias para que fosse aprovado e entrasse em vigor. Se ela tivesse feito tudo isso sem autorização, é claro que já teria sido demitida.



Neste festival de mentiras, só escapa o almirante Eduardo Bacellar, que seguiu afirmando não ter assinado o decreto. Ninguém teve coragem de desmenti-lo e tudo vai ficar por isso mesmo, nessa república felliniana, onde la nave va, sem ninguém no comando.
Responda francamente: Chiavon tem jeito de ser sem terra?
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PS – Na edição de ontem aqui da Tribuna, publicamos a foto do número 2 do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra, Francisco dal Chiavon, marido da secretária-geral da Defesa, Eva dal Chiavon. Ao ver a foto, o comentarista Jorge Conforte não se conteve e afirmou: “Este cara não tem nenhuma aparência de que algum dia na sua vida pegou num cabo de uma enxada”. Realmente, dá para notar que no Brasil, depois de 13 anos de governo do PT, até a liderança do MST agora é de elite. Reparem a foto.


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