Adriana Fernandes e Ricardo Brito
13 novembro 2015 | 22:01
Emenda em medida provisória que
previa alienação de imóveis na região é retirada e será necessário
compensar os R$ 10 bilhões previstos com a iniciativa
Não durou uma semana a tentativa do relator de Receitas do Orçamento
de 2016, senador Acir Gurgacz (PDT-RO), de tentar levantar R$ 10 bilhões
em recursos a partir da venda de imóveis rurais na Amazônia Legal. No
último dia 5, ele anunciou que contaria com essa verba bilionária para
fechar as contas públicas do próximo ano.O senador havia apresentado uma emenda com esse propósito na Medida Provisória 691/2015, que tratava principalmente da venda de terrenos da Marinha.
O relator da MP, deputado Lelo Coimbra (PMDB-ES), inicialmente deu parecer a favor da proposta, dizendo ser “relevante” o propósito da iniciativa de aumentar a regularização de ocupações “legítimas” na Amazônia Legal.
Ou seja, Acir amarrou as duas pontas, ignorando auditoria do Tribunal de Contas da União que constatou irregularidades nessas terras amazônicas e o fato de uma comissão da Câmara ter determinado ao mesmo tribunal a ampliação das investigações.
Só que, após o Estado revelar na segunda-feira, 9, a articulação da proposta, parlamentares da comissão mista da MP atentaram para o que estavam propondo. A oposição ameaçou atrapalhar com manobras regimentais a votação e a MP corria risco de perder a validade. Até mesmo o senador Ricardo Ferraço, do partido e Estado do relator, pediu para discutir a proposta numa outra oportunidade.
Pressionado, o relator retirou a emenda, mas o próprio Acir anunciou um acerto com o governo, que vai editar uma medida provisória especificamente tratando do assunto. O senador disse ter certeza de que o governo “sempre” respeitou acordo.
Se a presidente Dilma Rousseff vai mesmo cumprir o acerto, só o tempo vai dizer. O caso é delicado porque Acir é o relator das contas do governo Dilma de 2014,
reprovadas por unanimidade pelo TCU e que podem motivar um pedido de impeachment. E a comissão de orçamento está preocupada em “encontrar” outra fonte para cobrir os R$ 10 bilhões para fechar as contas de 2016 dentro da meta fiscal.
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