segunda-feira, 16 de novembro de 2015

Água da Sabesp chega às torneiras da população do ABC paulista contaminada por metais pesados e agrotóxicos



publicado em 08 de novembro de 2015 às 00:02
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Estação de Tratamento de Água (ETA) Rio Grande. Foto: Banco de Imagens da Sabesp
06/10/2015 17:22
Alckmin entrega água contaminada com metais pesados e agrotóxicos ao ABCD
Dados de captação da Sabesp na Billings foram expostos em audiência pública em Santo André
A presença de metais pesados e agrotóxicos foi encontrada na água já tratada da ETA (Estação de Tratamento de Água) Rio Grande, ou seja, na água que chega nas torneiras da população de São Bernardo, Diadema e 50% de Santo André. Os dados são de laudos da própria Sabesp (Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo) ao qual a Defensoria Pública do Estado de São Paulo teve acesso, de acordo com o defensor público Marcelo Novaes, via Semasa (Serviço Municipal de Saneamento Ambiental de Santo André). As informações foram apresentadas em audiência pública sobre contaminação de agrotóxicos em alimentos e água realizada nesta terça-feira (06/10), em Santo André.
Audiência pública discutiu contaminação de alimentos e água por agrotóxico. Foto: Andris Bovo
“Estamos chegando a um ponto de quase não retorno com a água. E vale ressaltar que a Vigilância Sanitária não fiscaliza, ou seja, a Sabesp é quem fiscaliza a água que ela mesma entrega”, observou Marcelo Novaes, responsável pela investigação e divulgação dos dados da audiência pública.
“Jogamos todo tipo de imundície na nossa água, porque criou-se um mito de que lá na estação de tratamento toda a sujeira sai, que o cloro tira tudo. Mas isso não é verdade, os contaminantes químicos deixam resíduos”, revelou a engenheira química Sônia Corina Hess, professora e doutora da Universidade Federal de Santa Catarina, que analisou os laudos da Sabesp a pedido da Defensoria Pública de Santo André.
Nas amostras analisadas entre 2012 e 2015 na ETA Rio Grande, foram encontrados cádmio, chumbo, fluoreto, níquel, urânio, glifosato (agrotóxico), trihalometanos, alumínio dissolvido e surfactantes. A maioria está dentro dos níveis permitidos pela portaria 2.914, do Ministério da Saúde, que trata da potabilidade da água, apesar de prever o monitoramento de apenas 27 dos 467 agrotóxicos registrados no Brasil. Mas o chumbo apresentou níveis 40% acima do limite imposto pela portaria. “Esse mínimo de segurança não é segurança. São produtos químicos tóxicos e não sabemos o que essa mistura, em longo prazo, causa no nosso organismo, mesmo em pequenas quantidades”, argumentou Sônia.
SAÚDE
Apesar de o glifosato ser considerado um agrotóxico de baixa toxidade, se comparado com outros no mercado, pesquisas internacionais mostram que é potencialmente cancerígeno, além de causar diabetes, doenças cardíacas, depressão, infertilidade, mal de Alzheimer e mal de Parkinson.
“Hoje 43,8% do mercado brasileiro usam o glifosato, porque pouquíssimas pessoas sabem o quanto é perigoso”, revelou a professora da Universidade Federal de Santa Catarina.
O defensor público explicou ainda que esse tipo de agrotóxico vai parar na água porque quando pulverizado para agricultura se infiltra do solo e atinge as águas subterrâneas, lençóis freáticos e mananciais. “Deveria ser proibido o uso de agrotóxicos próximo aos mananciais”, destacou Novaes.
Além do agrotóxico, os metais pesados como níquel, cádmio e trihalometanos (subproduto criado da mistura do cloro e esgoto) também causam câncer. “O câncer é a segunda causa de morte no Brasil e, diante desses números, tende a aumentar”, comentou Sônia.
Outro dado que preocupou a engenheira química foi a presença de urânio na ETA Rio Grande. “É preciso investigar de onde está vindo isso. Até recomendo que sejam feitos os testes novamente, porque é muito grave”, afirmou. Já o chumbo causa danos aos rins, fígado, sistema nervoso, cérebro, órgãos reprodutores e na região gastrintestinal.
SABESP
Em nota, a Sabesp garante que a qualidade da água fornecida aos clientes mantém os altos padrões exigidos pela portaria 2.914/2011 do Ministério da Saúde. Considerando todos os municípios atendidos pela companhia, o percentual de conformidade da água tratada, seguindo cinco parâmetros básicos (turbidez, cor, cloro, coliformes fecais e escherichia coli) teve média de 99,13% em 2013; 99,13%, em 2014; e 98,94%, em 2015 (janeiro a junho).
A empresa ainda informou que tem, no total, 17 laboratórios de controle sanitário. Nesses laboratórios especializados são realizadas, em média, mais de 62 mil análises mensais. Todos os resultados são encaminhados mensalmente para as Vigilâncias Sanitárias locais, conforme prevê a lei. A empresa ressaltou também que as informações sobre as análises de qualidade da água são impressas nas contas encaminhadas todos os meses às residências dos clientes – conforme determinações do decreto presidencial 5.440/05.
SEMASA
Em nota, o Semasa esclareceu que a informação de que entregou laudos elaborados pela Sabesp à Defensoria Pública não procede. “A autarquia municipal informa que não produz análise da qualidade da água tratada no Sistema Rio Grande. Seguindo os parâmetros determinados pelo Ministério da Saúde, o Semasa atesta diariamente a qualidade da água entregue em Santo André pela companhia estadual, que é distribuída em 95% da cidade. Os relatórios elaborados mensalmente pelo Semasa, que demonstram a qualidade da água que chega aos moradores de Santo André, podem ser conferidos no site da autarquia. Os parâmetros adotados também estão impressos na conta de consumo do usuário”, informa a nota
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