Em delação premiada, ex-engenheiro da empresa diz que Gabrielli ordenou compra de Pasadena para saldar “compromissos políticos”
O
que há em comum entre a compra, pela Petrobras, de uma refinaria
enferrujada em Pasadena, nos EUA, e um empréstimo ao PT, depois
transformado em doação? Ora, o… PT!!! Que coisa impressionante! Ninguém
nunca será malvado ou maledicente por desconfiar da honestidade dessa
gente. Ah, sim: finalmente, José Sérgio Gabrielli, presidente da
Petrobras durante toda a fase da lambança, começa a ganhar um lugar na
narrativa.
A Polícia
Federal deflagrou nesta segunda a vigésima fase da Operação Lava Jato,
batizada de “Corrosão”. O foco, desta vez, são ex-funcionários da
Petrobras que embolsaram propina em contratos da refinaria de Abreu e
Lima, em Pernambuco, e na compra da unidade de Pasadena. Nota: por que
“corrosão”? A empresa americana foi batizada de “A Ruivinha” numa
referência à ferrugem!!!
Gabrielli,
finalmente, foi lembrado. O engenheiro elétrico Agosthilde Monaco de
Carvalho, que assinou acordo de delação premiada na Lava Jato, detalhou
aos investigadores a atuação do ex-presidente da Petrobras na compra da
refinaria nos EUA.
Segundo
disse, o então presidente da estatal fez pressão nos bastidores em favor
da realização do negócio para “honrar compromissos políticos”. Em seu
depoimento, o engenheiro elétrico acusou ainda a companhia belga Astra
Oil de ter pagado US$ 15 milhões em propina a funcionários da Petrobras
para garantir a operação de compra da refinaria.
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Para
lembrar: em janeiro de 2005, o grupo Astra comprou 100% da refinaria de
Pasadena por US$ 42,5 milhões. No ano seguinte, vendeu 50% do negócio
para a Petrobras por US$ 431,7 — US$ 170 milhões desse valor se deviam
ao estoque de petróleo. Mesmo assim, o lucro dos belgas foi bestial.
Após mais de três anos de litígio, a estatal se viu forçada a adquirir a
outra metade por US$ 639 milhões. De acordo com cálculos do TCU, a
Petrobras teve prejuízo de US$ 792 milhões na operação. Fernando Baiano
já havia acusado a Astra de pagar propina de US$ 15 milhões.
Foram
presos na fase “Corrosão” o ex-gerente-executivo de Engenharia da
estatal Roberto Gonçalves e o operador financeiro Nelson Martins
Ribeiro. Eles são acusados de corrupção passiva, evasão de divisas,
fraude em licitações e lavagem de dinheiro. Para os procuradores, as
investigações dessa nova fase podem resultar até na anulação da compra
de Pasadena e no ressarcimento do prejuízo aos cofres públicos.
Os
ex-funcionários Souza Tavares, Rafael Mauro Comino, Luís Carlos Moreira
da Silva, Aurélio Oliveira Teles e Carlos Roberto Martins Barbosa, todos
da Área Internacional, foram conduzidos coercitivamente para prestar
depoimentos.
Grupo Schahin
Em delação premiada, o empresário Salim Schahin disse que o aval do ex-presidente Lula foi decisivo para que o grupo Schahin conseguisse um contrato bilionário com a Petrobras em 2007. Segundo ele, foi uma compensação pelo perdão de uma dívida milionária que o PT tinha com o banco Schahin, estimada em R$ 60 milhões. As negociações ocorreram no fim de 2006, após a reeleição de Lula.
Em delação premiada, o empresário Salim Schahin disse que o aval do ex-presidente Lula foi decisivo para que o grupo Schahin conseguisse um contrato bilionário com a Petrobras em 2007. Segundo ele, foi uma compensação pelo perdão de uma dívida milionária que o PT tinha com o banco Schahin, estimada em R$ 60 milhões. As negociações ocorreram no fim de 2006, após a reeleição de Lula.
Meses
depois, já em 2007, a construtora do grupo assinou com a Petrobras um
contrato no valor de US$ 1,6 bilhão para operar o navio-sonda Vitória.
Segundo o novo delator, a operação foi intermediada pelo pecuarista José
Carlos Bumlai, amigão do ex-presidente Lula.
Entenderam
como a coisa funciona? A Petrobras comprou Pasadena porque, afinal, era
preciso honrar “compromissos políticos”, e o grupo Schahin perdoou uma
dívida de R$ 60 milhões com o PT em troca de um contrato bilionário com a
estatal.
Nos dois casos, tudo indica, a empresa foi usada como instrumento das finanças do partido. É a privatização à moda petista.
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