17/11/2015
Vice-presidente da República Michel Temer negou nesta terça-feira, ao chegar ao congresso do PMDB em Brasília, que o partido tenha uma data para abandonar o governo Dilma Rousseff. "O PMDB não vai sair", disse o vice. Faltou combinar com os militantes da legenda, que o receberam com gritos de "Brasil pra frente, Temer presidente".
Como mostrou VEJA em reportagem publicada nesta semana,
o vice-presidente se prepara para a cada vez mais presente
eventualidade de a titular ser afastada do poder. Temer já conversa com
políticos, juristas e empresários enquanto traça um plano para si e para
o Brasil pós-Dilma.
Ao chegar ao congresso, o vice não
escondeu que o plano do PMDB é chegar ao poder, como qualquer partido
político. Segundo ele, as divergências entre os integrantes da sigla são
naturais: parte do PMDB prega abertamente a ruptura com o governo
federal e até o impeachment da presidente Dilma Rousseff. Outra parte
defende o adiamento desse rompimento, de modo a usufruir um pouco mais
dos cargos conseguidos na reforma ministerial de outubro.
“Mesmo os que
querem a saída do governo querem colaborar com o país. E este programa
que estamos fazendo é para o país”, disse o vice, referindo-se ao plano
econômico apresentado pelo partido durante o congresso.
O congresso da Fundação Ulysses Guimarães marca um posicionamento claro do PMDB como alternativa ao governo Dilma Rousseff, ameaçado pela instabilidade econômica, pela crise política e por ações na Justiça Eleitoral. O partido organizou um texto para debate com propostas econômicas antagônicas às do PT.
Denunciado ao Supremo Tribunal Federal por envolvimento no petrolão, o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ) chegou a ser alvo de vaias quando tomou a palavra. Mas o movimento foi rapidamente abafado. Cunha pregou independência total do partido e afirmou que o PMDB está decidido a ter um candidato próprio à Presidência da República.
“Ninguém mais tem dúvida de que o PMDB tem que
buscar um caminho próprio e que vai ter que disputar a eleição em 2018.
O PMDB terá candidato e isso é inevitável em 2018 e vai disputar em
2016 todas as eleições que puderem ser disputadas”, afirmou Cunha,
investigado pela Operação Lava Jato e alvo de um processo por quebra de
decoro parlamentar.
“A discussão é se o PMDB tem ou não tem que ficar
atrelado ao projeto que aí está, do qual não participamos, não
formularmos. Nós não temos compromisso com o que está aí colocado,
porque não participamos da formulação. Nossa voz não pode ser abafada
por meia dúvida de carguinhos.”
O presidente do Senado, Renan Calheiros
(PMDB-AL), não defendeu o rompimento abertamente. “O Brasil vive um
momento complicado e o PMDB está fazendo a sua parte apresentando um
programa, mesmo que não haja convergência sobre todos os pontos do
programa”, disse. “O PMDB está apresentando propostas não para o
governo, mas para o Brasil. Precisamos sair dessa situação de crise que
tende a se agravar se não houver uma saída.”
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