terça-feira, 22 de dezembro de 2015

Aécio Neves acaba de mudar o rumo do PSDB, e do país.

Pedro do Coutto


 Aécio ataca Temer, rebate Serra, o PSDB se afasta do impeachment

Na entrevista de página inteira a Daniela Lima, edição de ontem da Folha de São Paulo, o senador Aécio Neves atacou fortemente o vice Michel Temer, acusando-o de parceiro da administração atual, ao mesmo tempo, de forma praticamente direta, rebateu José Serra, que, também entrevistado por Daniela Lima, colocou-se disposto a colaborar com eventual governo Temer, do PMDB.


Com isso, sem dúvida, o senador mineiro expôs – e destacou a cisão aberta sobre o tema no reduto dos tucanos. De difícil, o impeachment da presidente da República desfocou-se no horizonte.


Não por acaso, também ontem, no Globo, reportagem de Eduardo Basciani e Maria Lima revelaram com intensidade nas letras a mudança de rumo do PSDB, incluindo opiniões dos senadores Cássio Cunha Lima e Álvaro Dias. A matéria acentua que o foco predominante na legenda volta-se agora para o Tribunal Superior Eleitoral, na esperança de o Tribunal anular as eleições de 2014 e convocar novo pleito presidencial.


Este pensamento inspira-se no retorno às urnas com a posição de Aécio Neves fortalecida pelo desabamento de Dilma Rousseff na opinião pública. Afinal de contas, sua aprovação melhorou alguns centímetros, porém como demonstra a pesquisa Datafolha, a qual comentei neste site, permanece submersa na rejeição. Mas tal condição nada tem a ver com seu impedimento. O Supremo já havia distanciado essa hipótese. Agora também o principal partido da oposição ao governo

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SERRA COM TEMER
O conflito Aécio Neves e José Serra veio à tona claramente. José Serra joga ao lado de Michel Temer, tentando obter seu apoio para 2018. Aécio lança os dados em busca de nova eleição, em 2016. Geraldo Alckmin inspira-se no silêncio. Quer se tornar uma terceira opção.


As atuais posições de Aécio Neves e José Serra são impossíveis de conciliar e também difíceis de alcançar. Vamos por partes. Primeiro com o voo do impeachment para além do horizonte, provável reino de OZ, Serra saiu atingido no debate, na medida e que deixou claro o seu projeto. Em segundo lugar, Aécio, como o Datafolha mostrou na reportagem de Ricardo Mendonça, é o candidato mais forte contra o PT, mas na perspectiva de 2018. Não no momento.

Pois é quase impraticável que o TSE anule o pleito  do ano passado. A decisão básica já representa uma ruptura histórica e cirúrgica. Na sequência, viriam recursos da chapa vencedora Dilma-Temer ao Supremo Tribunal Federal.


Como tal anulação colide com o projeto de Michel Temer, ela não pode ser objeto de interesse por parte do PMDB. Muito menos por parte da situação, é absolutamente claro.


TENDÊNCIA DA NUVEM…
Portanto, ao conservarmos – sem torcer por um desfecho – o panorama exposto, traduzimos inevitavelmente que a tendência natural é que o movimento político continue em frente, com os lances imprevisíveis que caracterizam a política.


Como a nuvem, na definição de Magalhães Pinto, dita a mim, durante uma conversa com José Aparecido de Oliveira e Sebastião Nery, na sala do antigo Banco Nacional que desapareceu no tempo. Quem poderá esperar esse fato?


Pois é. Em matéria de política, as tendências e direções mudam a todo o momento. Com Aécio Neves acaba de mudar o rumo do PSDB, e do país.

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