Visão Econômica
Notícia Publicada em 22/12/2015 16:22
Setores exportadores, seguradoras e logística podem oferecer algumas oportunidades
Quem perdeu o emprego em
2015 deve se preparar para um salário menor em 2016, se conseguir
trabalho (Reuters/Paulo Whitaker)
SÃO PAULO – Com a perspectiva de deterioração ainda maior do mercado de trabalho no próximo ano, candidatos a poucas e concorridas vagas podem ter que aceitar salários até 40% inferiores ao último cargo.
“Os salários tendem a ser pressionados para baixo e o mercado financeiro tem pressionado ainda mais. Mas esses profissionais estão bem abertos a isso porque sabem que não terá mais aquela bonança”, afirma Henrique Bessa, diretor da Michael Page, empresa de recrutamento de executivos de média e alta gerência.
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Não serão apenas os profissionais de cargos elevados que terão que abrir mão do salário. De acordo com Sergio Sabino, diretor-geral da TMP Worldwide Brasil, empresa de marketing de recrutamento, quem está desempregado há mais de três meses terá de aceitar uma oferta salarial de 20% a 25% inferior, em média, ao que costumava receber no emprego anterior – em qualquer cargo ou setor.
Salários em baixa
Os acordos coletivos deste ano mostram que os salários já começaram a ser reduzidos mesmo entre aqueles que continuam em seus empregos. Segundo dados da Fipe (Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas), 222 acordos coletivos fechados entre janeiro e novembro tiveram redução salarial, sendo 184 deles sem fazer uso do PPE (Programa de Proteção ao Emprego) – que inclui a redução da jornada de trabalho e contrapartida do governo na composição salarial.
Na mediana, os salários ficaram 17,4% menores, sendo o setor do agronegócio da cana o mais prejudicado, com redução de 35,7%.
Exportadoras em alta
Enquanto a economia sofrer com o dólar nas alturas, os setores ligados à exportação estarão entre os poucos com terreno fértil para o mercado de trabalho em 2016.
“O dólar tende a continuar subindo e aumenta a rentabilidade das empresas que exportam e, naturalmente, vão se tornar mais competitivas”, diz Sergio Sabino.
Os especialistas destacam empresas ligadas à papel e celulose, calçados, carnes e, em menor medida, automóveis. O agronegócio também se destaca em competitividade, especialmente com a safra brasileira que renova recorde ano após ano.
Henrique Bessa destaca ainda farmacêuticas e seguradoras. “O setor segurador, que cresce dois dígitos a cada ano, deve continuar crescendo pelo menos 8%-9%, muito puxado pelos planos de vida e previdência – que é um grande motor de crescimento do setor”, avalia Bessa.
A crise também pode criar algumas oportunidades, como no setor de logística. “É um setor que representa grande parte do custo de uma empresa e tende a crescer demanda por esse tipo de profissional, porque ajuda a diminuir custos de processo”, explica.
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