terça-feira, 1 de dezembro de 2015
Chamo isto lavagem cerebral
por Percival Puggina.
em 29.11.2015
Será
impossível no espaço deste texto escrutinar o subproduto do Plano
Nacional de Educação que atende pelo nome de Base Nacional Comum
Curricular (BNCC). É o que poderíamos chamar de veneno diluído em
abundantes doses curriculares.
Ninguém morre intelectualmente com uma
pitada, mas depois de uma dúzia de anos não sobra neurônio com
autonomia. O objetivo final do petismo na Educação e na Cultura é
tornar-se hegemônico. No meio, fica tudo: da música ao teatro, da
internet à sala de redação, do seminário religioso à reserva indígena,
do sistema bancário à barraquinha da praia, dos corações às mentes.
Para
conquistar mentes e corações, os companheiros burocratas do MEC
trataram, primeiro, de unificar tudo, inclusive os exames vestibulares
através do ENEM (com o qual a BNCC tem que "dialogar").
A esquerda adora os sistemas únicos, os coletivos, totalmente controláveis. Depois, criaram um Plano Nacional de Educação que o Congresso parcialmente comprou pelo valor de face. Agora, pretendem impor um currículo único que, uma vez definido, fará com que todos entendam e interpretem as coisas como o PT quer. Ao menos em 60% dos conteúdos. Os outros 40% não o interessam.
A esquerda adora os sistemas únicos, os coletivos, totalmente controláveis. Depois, criaram um Plano Nacional de Educação que o Congresso parcialmente comprou pelo valor de face. Agora, pretendem impor um currículo único que, uma vez definido, fará com que todos entendam e interpretem as coisas como o PT quer. Ao menos em 60% dos conteúdos. Os outros 40% não o interessam.
Para afastar o Brasil dos padrões ocidentais, nada melhor do que romper com o relato eurocêntrico da história. Então, nos delírios da BNCC, vamos acabar com a cronologia, enfatizar a história africana, ameríndia e, definitivamente, jogar no ostracismo os mestres da nossa cultura. Ensinar segundo a versão proposta pela BNCC é servir burrice em linguagem de redes sociais, com vocabulário de creche. Se lhe parece difícil crer no que estou dizendo, informe-se aqui: basenacionalcomum.mec.gov.br..
Todo leitor atento e todo estudante que entrou em contato com a linguagem esquerdista já com plena vigência docente nas salas de aula do país, sabe que existe um vocabulário padrão. Há palavras que mesmo avulsas no espaço valem por uma frase inteira e servem como prova de identidade ideológica. Uma delas é “problematizar”.
Quando um professor diz que vai
problematizar algo, ele está, na verdade, afirmando que vai usar sua
autoridade (mais do que seu estreito conhecimento) para destruir alguma
crença ou valor que suspeita estar presente nas mentes dos alunos. E a
BNCC é pródiga em "problematizações".
Ela problematiza o papel e a
função de instituições sociais, culturais, políticas, econômicas e
religiosas. Problematiza os processos de mudanças de instituições como
família, igrejas e escola.
Problematiza as relações étnicas e raciais e
seus desdobramentos na estrutura desigual da sociedade brasileira.
Problematiza, para "desnaturalizar", modos de vida, valores e condutas
sociais. Quem disse que existem valores, modos de vida e condutas que
são naturais?
Não
era difícil imaginar a dedicação com que os companheiros do MEC se
atirariam à tarefa de preparar uma base comum a todos os
estabelecimentos de ensino do país. Melhor que isso só iniciar cada aula
bradando – “Seremos como el Che!”.
Agora, o MEC vai ouvir a sociedade,
mas todos sabem que, para esse governo, ouvir a sociedade e com ela
debater é reunir-se com os seus e decidir por todos. Então, não é ao
governo que a sociedade deve protestar. Está tudo pronto para que as
coisas aconteçam como convém a ele e a seu partido. Atenção, Brasil!
Atenção, meios de comunicação, intelectuais, educadores, lideranças
empresariais e sindicais, pais e mães! Atenção todos os cidadãos
comprometidos com o bem dos nossos jovens e do Brasil! É preciso impedir
que se cometa mais esse crime contra a nação e que o governo imponha
sua ideologia a todos através das salas de aula.
* Percival Puggina (70), membro da Academia Rio-Grandense de Letras, é arquiteto, empresário e escritor e titular do site www.puggina.org, colunista de Zero Hora e de dezenas de jornais e sites no país, autor de Crônicas contra o totalitarismo; Cuba, a tragédia da utopia; Pombas e Gaviões; A Tomada do Brasil, integrante do grupo Pensar+.
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