sábado, 10 de janeiro de 2015

Protesto contra aumento da tarifa no Rio e em SP tem confusão e 51 pessoas detidas


Do UOL, em São Paulo*


Um protesto contra o aumento na tarifa do transporte público em São Paulo terminou em confusão, correria e 51 prisões nesta sexta-feira (9), no centro da cidade. A PM (Polícia Militar) usou bombas de gás para conter mascarados que estariam promovendo vandalismo durante o ato. As passagens passaram de R$ 3,00 para R$ 3,50 na terça-feira (6).



Segundo a PM, pelo menos 2.000 pessoas participaram da manifestação, enquanto o Passe Livre fala em 30 mil. Acompanham o ato cerca de 800 policiais, sendo 110 da chamada "Tropa do Braço" (soldados com treinamento em artes marciais).


A pista no sentido centro da Rua da Consolação foi totalmente interditada. As ruas no entorno do Cemitério da Consolação foram tomadas pelos ativistas.
Por telefone ao UOL, o manifestante Gilmar Lozano Júnior disse que o protesto seguia pacífico até quando black blocs começaram a depredar lojas e espalhar lixo nas ruas. O ato também tentou ocupar mais uma faixa de trânsito na Consolação. Foi nesse momento que a polícia usou bombas de gás. Dos detidos, nove seriam black blocs.



Outro manifestante, o mestrando em arquitetura Guilherme Moreno, afirma ter se ferido com uma bala de borracha no tórax e um estilhaço de bomba de efeito moral, que atingiu o joelho. "Estive desde o início do ato, que se manteve pacífico. Estava em uma fileira de pessoas próximo ao gradil da rua da Consolação quando a PM jogou umas cinco bombas, a três metros de nós. Tentei ir à rua Angélica, mas estava tomada por gás de pimenta", descreveu o estudante.


Dentre os prejuízos materiais estão a fachada de uma agência bancária na Consolação, os vidros de uma concessionária de veículos na rua Augusta. Anteriormente, o perfil do Twitter da PM-SP havia dito que um ônibus que foi incendiado na rua Bahia, mas o fogo foi rapidamente controlado.



À noite, quando o ato chegou na avenida Paulista, as tropas da PM isolaram a região e dispersaram o protesto. Trabalhadores que iam para casa no horário ficaram ilhados nos edifícios.


O ato estava marcado para se encerrar no vão livre do Masp (Museu de Arte de São Paulo Assis Chateaubriand), para onde a PM também se dirigiu.


Notas oficiais

 

 

Em sua página no Facebook, o Movimento Passe Livre criticou duramente a ação policial na manifestação.


"Os manifestantes foram violentamente reprimidos pela Polícia Militar, que lançou bombas de gás, bombas de estilhaço mutilante e atirou com balas de borracha para impedir que a marcha chegasse à Av. Paulista. (...) Quando a marcha subia a rua da Consolação, a PM iniciou a repressão, prendendo um grupo de manifestantes".


"Fugindo das bombas e dos tiros, os milhares que participavam do ato correram para as ruas laterais, seguindo pela Av. Angélica, direção Pacaembu, e pela rua Augusta, na Bela Vista. A PM perseguiu os manifestantes que seguiam agrupados, atacando-os. Dezenas de manifestantes foram cercados e presos arbitrariamente pela Polícia. Com a brutal repressão policial, os governos deixam sua resposta à justa reivindicação da população", disse o comunicado.



A Secretaria de Segurança Pública de São Paulo enviou à imprensa sua versão para o que aconteceu no protesto desta sexta-feira.


"A Polícia Militar lamenta que, por meio do silêncio, o Movimento Passe Livre (MPL) endosse os atos de vândalos que depredaram o patrimônio público e privado. A PM esclarece que atuou para garantir a segurança dos manifestantes e da população, que respeita o pleno direito à liberdade de manifestação e que só agiu para conter aquelas pessoas que, lamentavelmente, agrediram policiais a pedradas, além de atacar estabelecimentos comerciais, bancos e veículos do transporte público".


"As imagens da imprensa e da própria corporação deixam claro que as agressões partiram de vândalos. Por isso, foi necessário o uso de técnicas de dispersão para conter estas práticas criminosas, com a prisão e detenção, até o momento, de cerca de 50 pessoas. A PM lembra que mais de uma vez convidou o MPL para participar das reuniões preparatórias do esquema de segurança da manifestação. Infelizmente, os integrantes do MPL não compareceram", afirmou.


Se você está em um dos protestos pelo Brasil e tem mais informações, envie o seu relato, foto ou vídeo para o UOL, pelo Whatsapp (11) 97500-1925.
* Com informações da Agência Estado



Ato contra aumento da tarifa reúne 1.000 e termina sem confronto no RJ

Paula Bianchi
Do UOL, no Rio


  • Marcos de Paula/Estadão Conteúdo
    A tarifa passou de R$ 3 para R$ 3,40 no último sábado (3) A tarifa passou de R$ 3 para R$ 3,40 no último sábado (3)

Centenas de pessoas se reuniram no centro do Rio de Janeiro nesta sexta-feira (9) para protestar contra o aumento da tarifa de ônibus na cidade, que passou de R$ 3 para R$ 3,40 no último sábado. O grupo se dispersou por volta das 21h, depois de caminhar da Cinelândia até a Central do Brasil e fechar por cerca de uma hora parte do trânsito da Avenida Presidente Vargas, um dos principais acessos à zona norte da cidade.


O ato começou por volta das 18h e reuniu cerca de 1.000 pessoas, segundo a Polícia Militar. Entre os manifestantes havia representantes do MPL (Movimento Passe Livre), partidos políticos como PSOL e PSTU e alguns black blocs.



Ao longo da Avenida Presidente Antônio Carlos alguns comerciantes optaram por fechar as portas conforme os ativistas se aproximavam. Às 20h, um grupo entrou na Central do Brasil e a PM tentou fechar as portas. Houve corre-corre. Logo depois o grupo deixou a estação sem tumulto. Dentro da Central, alguns ativistas tentaram pular a catraca sem pagar, mas acabaram desistindo diante do grande número de policiais presentes.


O protético Eron Melo, que costuma participar de protestos no Rio de Janeiro vestido como Batman e recentemente posou para fotografias ao lado do deputado federal Jair Bolsonaro (PP-RJ) durante ato pelo impeachment da presidente Dilma Rousseff (PT), foi expulso do ato.


Batman chegou por volta das 18h30 e saiu poucos minutos depois após se envolver em uma briga com alguns manifestantes que gritavam "fascista" e "oportunista", entre outras ofensas.


Os ativistas defendem que o aumento não corresponde aos gastos reais das empresas e pedem a redução da passagem para R$ 2,50, seguindo uma recomendação de técnicos do Tribunal de Contas do Rio de Janeiro de 2013.


A frente dos manifestantes havia uma grande faixa com os dizeres "Não vai ter tarifa". Os ativistas carregavam também cartazes pedindo a libertação do manifestante Igor Mendes da Silva, preso em dezembro por ter descumprido o habeas corpus que o mantinha em liberdade, e faixas de apoio à revista francesa Charlie Hebdo, atacada na quarta-feira (7).


Policiais dos batalhões de Choque e de Grandes Eventos acompanharam os ativistas durante todo o percurso.

Nenhum comentário: