Publicado em janeiro 12, 2016 por Redação
[EcoDebate]
Site da revista Exame ambiental registra um estudo feito por cientistas
do Instituto de Pesquisa em Saúde e Meio Ambiente de Rennes na França,
que alerta para o risco que o uso de inseticidas domésticos representa
para a saúde infantil.
Segundo a pesquisa, publicada no periódico
científico “Environment International”, a exposição a estes produtos
seria capaz de interferir no desenvolvimento de habilidades cognitivas
nas crianças.
O
perigo vem de certas substâncias pertencentes ao grupo químico dos
piretróides que são muito comuns em inseticidas domésticos, repelentes
de insetos e em cremes e loções para matar piolhos.
Tais
substâncias comportam-se como neurotoxinas em contato com o organismo
humano, e também são encontradas em pesticidas usados na agricultura.
No
ambiente doméstico, a exposição das crianças aos piretróides é bastante
comum, devido à proximidade dos pequenos com a poeira do solo que
armazena poluentes, e devido ao fato de crianças pequenas, levarem a mão
na boca com frequência.
A
absorção dos piretróides ocorre através do sistema digestivo. Mas essas
substâncias também são absorvidas pela pele. Uma vez no organismo, elas
são rapidamente metabolizadas no fígado e eliminadas na urina na forma
de metabólitos, em até 48 horas.
Segundo
as análises laboratoriais, o aumento nos níveis de dois resíduos
metabolitos dos piretróides na urina das crianças está associada a uma
diminuição significativa nos seus desempenhos cognitivos,
particularmente na compreensão verbal e na memória de trabalho.
“As
consequências de um déficit cognitivo em crianças para a sua capacidade
de aprendizagem e de desenvolvimento social constitui uma desvantagem
para o indivíduo e para a sociedade“,
ressaltou Jean- François Viel, um dos co-autores da pesquisa. Segundo
ele, é urgente a necessidade de se identificar medidas preventivas.
Os
detalhamentos destes estudos sempre materializam exaustivas descrições,
que se tornam extremamente incompreensíveis para pessoas leigas ou com
baixo interesse em química. Mesmo assim, é realizada rápida descrição,
extremamente simplificada para obter maior acessibilidade universal.
Autismo, déficit de atenção, dislexia, paralisia cerebral e outros problemas neurológicos que afetam milhares de crianças em todo o mundo, estão associadas com estas substâncias de uso cotidiano.
É
uma “epidemia silenciosa” de perturbações neurológicas infantis
causadas por substâncias invisíveis e presentes em roupas, móveis e
brinquedos.
As
principais formas de contaminação pelo chumbo se dão pela ingestão de
alimentos ou água contaminados e por inalação de partículas de poeira da
substância.
A
exposição ao chumbo na infância está associada ao desempenho escolar
reduzido. Não existem níveis seguros de exposição a essa substância.
O
tolueno ou metil benzeno ficou popularmente conhecido no Brasil como
cola-de-sapateiro, apesar de estar presente em outros tipos de colas,
como as utilizadas na marcenaria.
Ela
também é usada como solvente, em pinturas, revestimentos, borrachas e
resinas. A exposição materna ao tolueno tem sido associada a problemas
de desenvolvimento cerebral e déficit de atenção na criança.
A
exposição ao metilmercúrio, que afeta o desenvolvimento neurológico do
feto, muitas vezes vem de ingestão materna de peixe que contém altos
níveis de mercúrio. Segundo o estudo, a vulnerabilidade do cérebro em
desenvolvimento para a toxicidade do metilmercúrio é muito maior que a
do cérebro adulto.pe
rduram por anos.
Os
bifenilos policlorados ou “PCBs” tem sido rotineiramente associada à
funções cognitivas reduzida na infância. Muitas vezes, estão presentes
em alimentos, principalmente peixes, carnes e lácteos contaminados, e
também podem ser repassadas ao bebê pelo leite materno. Ocorrem também
em aparelhos elétricos velhos, onde atuam como isolantes térmicos.
O
grupo de compostos conhecidos como polibromados éteres difenil (PBDE)
são amplamente utilizados como retardadores de chama, para proteger
móveis, tapetes e roupas.
Experimentos
sugerem que os PBDEs também podem ser neurotóxicos. Estudos têm
mostrado déficits de desenvolvimento neurológico em crianças com aumento
da exposição pré-natal a estes compostos.
Crianças
que foram expostas no pré-natal ao percloroetileno em água potável
mostraram tendência para deficiências na função neurológica e risco
aumentado de diagnósticos psiquiátricos.
O BPA ou bisfenol A
é um composto usado na fabricação de policarbonato, que é utilizado na
produção da maioria dos plásticos rígidos e transparentes, e também na
produção da resina epóxi, que faz parte do revestimento interno de latas
que acondicionam bebidas e alimentos.
O
BPA pode enganar o corpo e induzir reações a hormônios reais. Tem sido
associado a diversos tipos de câncer e problemas reprodutivos, além de
obesidade, puberdade precoce e doenças cardíacas.
O
Clorpirifós e o DDT são inseticidas ligados a anormalidades no
desenvolvimento neurológico em crianças. São proibidos em muitas partes
do mundo, mas ainda utilizados em muitos países de baixa renda.
Os
fluoretos estão presentes em cremes dentais e antissépticos bucais para
prevenir cáries, mas também são adicionados em inseticidas e venenos
para ratos. Muitos estudos com crianças expostas a níveis elevados de
flúor na água potável sugerem um decréscimo médio de capacidade
intelectual em crianças.
Todos
os dias, milhões de células no nosso corpo morrem, e isso é
perfeitamente saudável. Estudos têm mostrado, no entanto, que químicos
chamados ftalatos também podem desencadear a “sinalização da morte” em
células testiculares, fazendo-as morrer mais cedo do que deveriam.
Comumente
usados para dar mais flexibilidade aos plásticos. Outros estudos ligam
os ftalatos a alterações hormonais, defeitos congênitos no sistema
reprodutor masculino, obesidade, diabetes e irregularidades da tireóide.
O
arsênico é largamente empregado em processos de fundição de metais e na
conservação de madeira. Seus compostos geralmente formam um pó branco
ou incolor que não tem cheiro ou sabor, o que dificulta identificação do
tóxico em alimentos, na água ou na atmosfera.
Altas
concentrações de manganês são associadas a hiperatividade. Cianças em
idade escolar que viviam próximo a áreas de mineração e processamento de
minério demonstraram diminuição da função intelectual, deficiência em
habilidades motoras e redução da função olfativa.
http://exame.abril.com.br/tecnologia/noticias/pesquisa-alerta-para-risco-de-inseticidas-a-saude-infantil
Dr. Roberto Naime, Colunista do Portal EcoDebate, é Doutor em Geologia Ambiental. Integrante do corpo Docente do Mestrado e Doutorado em Qualidade Ambiental da Universidade Feevale.
Sugestão de leitura: Celebração da vida [EBook Kindle], por Roberto Naime, na Amazon.
in EcoDebate, 12/01/2016
"Inseticidas e saúde infantil, artigo de Roberto Naime," in Portal EcoDebate, 12/01/2016, http://www.ecodebate.com.br/2016/01/12/inseticidas-e-saude-infantil-artigo-de-roberto-naime/.
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