sexta-feira, 19 de fevereiro de 2016

Abrasco denuncia os fumacês como os causadores de malformação fetal

Fumacê
Assim, “curto e grosso”, a Associação Brasileira de Saúde Coletiva – Abrasco denuncia que os componentes usados nos fumacês no Agreste Nordestino são químicos de reconhecida ação teratogênica, ou seja, que produzem sérias alterações em embriões e fetos, fato que já era conhecido antes dos órgãos públicos decidirem o uso “obrigatório e compulsório” dos fumacês.
E a microcefalia, afinal não é uma má formação teratogênica? Será que não?



A denúncia aponta o agrotóxico conhecido como Malathion sobre o qual afirmam na sua carta aberta à população:


“Preocupa-nos o uso intensivo de produtos químicos sabidamente tóxicos, como o Malathion, um verdadeiro contra senso sanitário. Este produto é um agrotóxico organofosforado considerado pela Agência Internacional de Pesquisa em Câncer (IARC) como potencialmente cancerígeno para seres humanos”.


Outro composto referido como extremamente perigoso é o Pyriproxyfen, reconhecidamente teratogênico, como diz a Nota Técnica da ABRASCO:


“Em 2014 foi introduzido na água de beber das populações nos domicílios e nas vias públicas um novo larvicida o Pyriproxyfen. Conforme orientação técnica do MS[2] esse larvicida é um análogo do hormônio juvenil ou juvenóide, tendo como mecanismo de ação a inibição do desenvolvimento das características adultas do inseto (por exemplo, asas, maturação dos órgãos reprodutivos e genitália externa), mantendo-o com aspecto “imaturo” (ninfa ou larva), quer dizer age por desregulação endócrina e é teratogênico e inibe a formação do inseto adulto”.


E estes são os venenos, usados anos à fio, nas águas de beber, nas ruas, escolas, casas como larvicidas inibidores da reprodução dos mosquitos, numa política de pouquíssimos resultados que a justifiquem. A informação diz: “Os compostos organofosforados e piretroides causam graves efeitos deletérios para o sistema nervoso central e periférico, além de provocarem náusea, vômito, diarreia, dificuldade respiratória e sintomas de fraqueza muscular".

E a Abrasco ainda questiona: “por que não foram priorizadas até agora as ações de saneamento ambiental, estratégia que parece ficar ainda mais distante? O que de fato está sendo feito para o abastecimento regular de água nas periferias das cidades? Como as pessoas podem proteger a água para consumo? Por que apesar de muitas cidades terem coleta de lixo regular, ainda se observa uma quantidade enorme de lixo diariamente presente no ambiente? E a drenagem urbana de águas pluviais? E o esgotamento sanitário?”





Não custa lembrar aqui que Pyriproxyfen é fabricado pela Sumitomo Chemical, uma "parceira estratégica " da Monsanto e o Malathion, um dos mais antigos inseticidas organofosforados usados no mundo, já é considerado o grande responsável pela epidemia de câncer que sofre a humanidade.

O documento da Associação questiona e levanta reflexões no intuito de encontrar respostas para o que ninguém ainda sabe ao certo: o que vem causando o surto de microcefalia no Brasil? O zika vírus? Os fumacês químicos? Tudo isso e muito mais? Principalmente uma ineficiência tremenda na gestão do saneamento? O desafio brasileiro é um saneamento ambiental universal que proporcione cidades saudáveis e sustentáveis.

Entretanto, na Colômbia, país que também sofre com o vírus zika e onde se verificaram importantes casos (100) da Síndrome de Guillain-Barré (veja aqui artigo na Reuters, os dados oficiais apontam que de 3.177 grávidas, comprovadamente contaminadas por zika, nenhuma delas apresentaram nascituro vítima de microcefalia. Veja aqui, na notícia do NYT que diz a mesma coisa. O círculo parece estar se fechando.

Leia aqui a íntegra da Nota Técnica e Carta Aberta à População: Microcefalia e doenças relacionadas vetoriais ao aedes aegypti: os perigos das abordagens com larvicidas e nebulização química - fumacê. Janeiro de 2016.


 GT Saúde e Meio Ambiente da ABRASCO.

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