Por Rhona Melsky / Tradução de Alice Wehrle Gomide
Judy Obregon conhece um gambá quando ela vê um. Um deles visita sua varanda regularmente.
Enquanto ela dirigia pelo seu quarteirão no dia 20 de
fevereiro, a caminho da casa de sua sogra, ela parou quando viu o que
imaginava ser um gambá morto na rua.
Até que o pequeno ergueu sua cabeça. E olhou na direção de Obregon.
Era como se o gambá soubesse que Obregon estava lá para ajudar.
“Eu sabia que não podia virar as costas”, ela disse.
Como fundadora do grupo de resgate animal The Abandoned
Ones "Saving Animals in Danger" em Forth Worth, Texas, Obregon vem
resgatando cães principalmente de uma área bem conhecida pela rinha de
cães em sua cidade. Entretanto, se um animal precisa de ajuda,
independentemente da espécie, Obregon entra em ação, assim como ela fez
com o gambá.
Obregon saiu de seu carro e andou até o gambá e viu uma
trilha de sangue desde a calçada até o animal, com uma vara
ensanguentada no chão perto dele. Sua intuição disse que o animal não
tinha sido atropelado por um carro e que o gambá era “uma gambá”
carregando bebês.
Ajudando os desamparados
A gambá continuou se esforçando para levantar sua cabeça e
tentou andar, então Obregon gentilmente empurrou o animal para a beira
da estrada para prevenir um acidente com um carro. Obregon correu até
seu carro para pegar uma camiseta para aquecer a gambá.
Ela então pegou seu telefone e começou a tentar encontrar
alguém que pudesse ajudar. Após ligar para a DFW Wildlife Coalition, ela
recebeu uma lista de telefones de reabilitadores locais de vida
selvagem e finalmente conseguiu falar com Tabatha, que morava somente
alguns minutos longe do local.
Enquanto ela aguardava Tabatha, Obregon sabia que era muito importante encontrar uma caixa e manter a gambá segura e aquecida.
Como ela estava somente a um quarteirão da casa de sua
sogra e seu marido estava lá, ela pediu que ele cuidasse da gambá
enquanto ela corria para pegar uma caixa.
Obregon queria garantir que não machucaria o animal.
A gambá era tão pequena. Tão frágil.
E tão assustada.
“Eu coloquei a caixa no chão para ver se a gambá iria
entrar sozinha”, ela disse. “Eu coloquei na frente dela e usei minhas
mãos para guiá-la para dentro da caixa”. A gambá teve dificuldade, mas
conseguiu se arrastar para dentro, como se ela soubesse que estava sendo
resgatada, de acordo com Obregon, que então carregou a caixa até a casa
de sua sogra, onde ela sentou na frente e esperou.
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O socorro para a vida selvagem chega
Tabatha chegou cerca de 10 minutos depois.
“Eu estava tão emotiva”, Obregon disse. “Eu faço resgate
todo o tempo, mas ver outra resgatista fazer o que eu faço foi
emocionante”.
Tabatha é uma reabilitadora de vida selvagem que está em
seu quarto ano no trabalho de ajudar a reabilitar uma variedade de
animais, desde gambás (os únicos marsupiais da América do Norte) e
esquilos, até visons e guaxinins.
Ela e seu marido Ronnie possuem uma
sublicença (eles trabalham para alguém que é licenciado) pelo estado do
Texas, onde eles aprendem tudo que precisam para reabilitar os animais,
desde alimentação, triagem e como determinar se um animal precisa de
cuidado veterinário, até nutrição, como arrumar uma gaiola e libertar um
animal novamente na natureza. Tabatha está no processo de solicitar sua
própria licença.
Primeiro, Tabatha verificou que a gambá era mesmo uma fêmea
e que ela tinha joeys (bebês de marsupiais) em sua bolsa. Joeys nascem
cegos, carecas e completamente indefesos; eles pesam cerca de 3 a 4
gramas e se desenvolvem na bolsa de sua mãe por 60 dias. Tabatha cobriu a
gambá, que Obregon chamou de Angel, com um cobertor e a colocou em
segurança em uma caixa de transporte e a levou para casa.
“Eu diria que ela não tinha sido atropelada por um carro
devido à evidência do sangue e pela situação que ela estava”, Tabatha
disse. “Eu diria que ela foi atingida por algo”.
Um plano para Angel se recuperar
Chegando à sua casa, Tabatha pegou Angel para avaliá-la por
completo e não encontrou nenhum osso quebrado ou sangramento profundo.
“Eu pude ver na avaliação que ela foi atingida, e eu tenho quase certeza
que era uma arma de chumbinhos”, Tabatha disse. Havia cerca de quatro
dentes que foram danificados e uma ferida no céu de sua boca onde o
chumbinho atingiu. Como não tinha nenhum ferimento de saída,
provavelmente Angel engoliu o chumbinho.
Tabatha ligou para um veterinário de vida selvagem, o qual
ela sempre consulta, e falou sobre o caso, determinando que Angel não
precisava ir até a clínica. Pelo conselho do veterinário, Tabatha
administrou medicamentos para dor e líquidos, limpou os ferimentos de
Angel e a colocou em uma gaiola, alimentando-a com vegetais, frutas e
frango. “Você pode dizer que sua boca estava dolorida, mas ela está
comendo e bebendo sozinha, o que é uma excelente notícia”.
Ela também verificou os bebês de Angel, que estavam bem.
Entretanto, ela não podia removê-los, pois isso seria perigoso para
eles.
Gambás frequentemente possuem uma má reputação, mas um pouco de educação pode ir além.
Para começar, é muito improvável que eles sejam portadores
da raiva, de acordo com Tabatha, já que sua temperatura é muito baixa
para sustentar o vírus. Na maioria das vezes eles tem medo dos humanos e
não são agressivos.
Tabatha vem avaliando Angel à noite porque os gambás são
animais noturnos. Ela quer garantir que Angel esteja calma e que não
haja ruídos altos. “Neste momento ela está assustada e dá para ver que
ela está sofrendo”, ela disse. “Ela é muito doce. Gambás possuem uma
personalidade tímida”.
Quando assustados, os gambás silvam e abrem bem suas bocas.
“Se isso não funcionar, eles se fingem de mortos e eles realmente
possuem glândulas em seus ânus que secretam um fluído com odor horrível
para fazer parecer que eles cheiram como um animal morto”. Normalmente,
se você os deixar quietos, eles irão embora, a não ser que haja comida.
Aceitando ajuda de humanos
Apesar de Tabatha saber que Angel foi ferida por humanos,
“ela não tentou me morder nenhuma vez”, ela disse. “Ela sabe que estou
aqui para ajudar, e não machucá-la. Eu acho que ela tem uma ótima chance
de ficar bem”.
“Meu objetivo é garantir que ela não pegue nenhuma
infecção, fazer com que ela ganhe mais peso, e libertá-la com seus bebês
assim que possível”, o que certamente será em uma semana ou duas,
contanto que Angel continue a se recuperar. Tabatha conhece um homem que
ama vida selvagem. Ele possui 60 acres e a caça é proibida, então ela
irá libertar Angel em sua propriedade.
Resgatar Angel “não foi um dos meus típicos resgates porque
eu resgato cães e gatos”, Obregon disse. “Isto é fora do comum para
mim, mas eu não iria evitá-la só por causa disso. Ela ainda é um animal
com um coração batendo, e ainda estava batendo quando eu cheguei a ela”.
Se você encontrar um animal selvagem ferido, a Humane
Society of the United States tem informação para ajudar. Você também
pode entrar em contato com parques e organizações locais de vida
selvagem para informação e uma lista de reabilitadores em sua região, ou
ligar para a unidade de controle animal. Se você levar um animal
selvagem para um reabilitador, lembre-se de deixar uma doação já que
eles são autônomos.
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