sábado, 9 de julho de 2016

Onça morta em cerimônia da Olimpíada era mantida sem autorização

 Vandré Fonseca

Juma, a onça-pintada que participou da cerimônia de revezamento da Tocha Olímpica em Manaus, foi abatida com um tiro de pistola no Centro de Instrução de Guerra na Selva, depois de tentar escapar do local. Foto: Ivo Lima/Ministério do Esporte.
Juma, a onça-pintada que participou da cerimônia de revezamento da Tocha Olímpica em 
Manaus, foi abatida com um tiro de pistola no Centro de Instrução de Guerra na Selva, 
depois de tentar escapar do local. Foto: Ivo Lima/Ministério do Esporte.

Manaus, AM -- Juma, onça do Exército morta durante a passagem da tocha olímpica por Manaus, era mantida em cativeiro sem autorização do órgão responsável, o Instituto de Proteção Ambiental do Amazonas (Ipaam).


Nem mesmo o local onde ela era mantida, o 1º Batalhão de Infantaria de Selva, tem licença para abrigar animais silvestres. Essas e outras irregularidade são apontadas no relatório técnico do Ipaam sobre a morte do animal, divulgado nesta quinta-feira, 7 de julho.


Na segunda-feira, 20 de junho, a onça Juma, um macho de dezoito anos, foi abatido a tiros quando se soltou no momento que era transportada para a jaula, logo após participar do evento no zoológico do Centro de Instrução de Guerra na Selva (CIGS). Com base na Lei de Crimes Ambientais, foram aplicadas cinco multas, num total de R$ 40 mil, a três Organizações Militares. O dinheiro será destinado Fundo Estadual de Meio Ambiente.


O relatório detalha também os acontecimentos que levaram ao sacrifício da onça. “Um dos mosquetões, uma estrutura metálica que prendia a coleira, se soltou, por apresentar uma falha”, conta Marcelo Garcia, gerente de Fauna do Ipaam. “Temos o laudo da necropsia que diz que foram dados os tiros na região frontal. Ele (o animal) estava correndo na direção da pessoa que atirou”, ressaltou. Antes do abate, foram feitas quatro tentativas de sedar o animal com disparo de tranquilizante, mas apenas um disparo atingiu a onça.



O Exército vai aguardar o encerramento de investigações internas para se manifestar, mas tem vinte dias para se defender. Depois, ainda pode recorrer ao Ipaam e ao Conselho Estadual de Meio Ambiente. O relatório será enviado também ao Ministério Público Federal. De acordo com o Ipaam, as seis onças mantidas no CIGS estão licenciadas e possuem chips de identificação. Mas o Comando Militar do Amazonas (CMA) foi notificado a dar informações sobre animais mantidos em outras organização militares do Exército no Amazonas.


O 1º BIS levou três multas, R$ 20 mil por construir e fazer funcionar mantenedouro de fauna sem licenciamento; R$ 5 mil por transportar o animal sem autorização; R$ 5 mil por mantê-lo em cativeiro também sem autorização. O CIGS e o Comando Militar da Amazônia (CMA) também receberam multas de R$ 5 mil, respectivamente, por utilizar a onça sem autorização e contribuir para as irregularidades.

Um comentário:

Megreis disse...

Foi preciso mesmo abater a onça?
O que a gente não espera, acontece.... Então, seria inteligente ao desfilar com um animal supostamente selvagem, tenha em mãos dardos de tranquilizante.
O que ocorreu foi um assassinato!

E nem queríamos as Olimpiadas aqui!!!!
Meg