Estimativa é do SEEG, que lançou nesta terça-feira relatório com a
análise da trajetória dos gases de efeito estufa no setor desde 1970
tendência de alta se consolida.
Por Redação do Observatório do Clima –
As emissões de gases de efeito estufa provenientes do setor de resíduos
sólidos continuam sua trajetória de crescimento no Brasil e atingiram,
em 2014, seu maior número absoluto nos últimos 44 anos, segundo as
estimativas divulgadas pelo Sistema de Estimativas de Emissões de Gases
de Efeito Estufa (SEEG), nesta terça-feira. Foram lançadas 68,3 milhões
de toneladas de CO2 equivalente na atmosfera naquele ano, o que
representa um crescimento de 80% entre 2000 e 2014 e de 500% desde 1970.
Enquanto o setor de resíduos representa a menor parcela de contribuição
de emissões com relação aos demais setores (mudança de uso da terra,
energia, agropecuária e processos industriais), cerca de 3,7% do total
verificado em 2014, ele possui grande impacto na atmosfera devido à
geração de gases com maior potencial de aquecimento global, como o
metano (CH4), 21 vezes mais potente que o CO2, e o óxido nitroso (N2O),
310 vezes mais potente.
Dentre os quatro principais subsetores – disposição de resíduos,
tratamento de efluentes industriais, tratamento de efluentes domésticos e
incineração de resíduos -, o descarte ainda é o mais expressivo em
termos de emissões, representando 66,1% em média da origem das emissões
nos últimos 44 anos.
Com o crescimento do número de municípios que se adequam à Política
Nacional de Resíduos Sólidos, verificou-se o aumento das emissões, uma
vez que o descarte exigido em aterros sanitários propicia maior geração
de metano (decomposição anaeróbica da matéria orgânica). “É importante
ressaltar que a quantidade de resíduos gerada no Brasil aumentou
significativamente nos últimos anos, tanto em termos absolutos quanto na
produção per capita”, afirmou Igor Reis de Albuquerque, gerente de
Mudanças Climáticas do ICLEI- Governos locais pela sustentabilidade e
coordenador do setor no SEEG.
Acompanhado do crescimento na produção dos resíduos, o seu
reaproveitamento ainda é extremamente baixo e o descarte não ocorre de
forma ambientalmente adequada. De acordo com dados da Abrelpe
(Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos
Especiais) de 2014, destacados no Relatório Analítico do Setor de
Resíduos do SEEG, 58,4% dos resíduos sólidos urbanos coletados tiveram
destinação adequada (Aterros Sanitários). Os outros 41,6%, equivalentes a
81 mil toneladas diárias, ainda são destinados para aterros controlados
e lixões. Esse conjunto de fatores pode estar associado ao impacto
crescente as emissões de GEE no setor de resíduos, além do crescimento
demográfico e da atividade industrial, explicou Albuquerque.
Uma das alternativas para a redução das emissões seria o aproveitamento
dos gás metano para geração de energia. “Aterros sanitários, sendo obras
planejadas, podem conter sistemas de captação de metano para
aproveitamento energético ou para conversão do mesmo em dióxido de
carbono por meio de flare [queima], podendo assim reduzir o impacto na
atmosfera”, explicou Igor de Albuquerque.
Tanto com relação ao tratamento dos efluentes domésticos quanto o de
efluentes industriais, as emissões apresentaram tendências de contínuo
crescimento nas últimas décadas. Para o subsetor industrial,
identificou-se um avanço mais acelerado após 1996, com picos de emissões
em dois períodos de intensificação da urbanização e maior
desenvolvimento industrial (1994-1998 e 2007-2010), segundo informações
do SEEG.
Análise global dos dados
As emissões de gases de efeito estufa do Brasil em 2014 permaneceram
estáveis em relação ao ano anterior, apesar da queda de 18% na taxa de
desmatamento da Amazônia. Segundo os dados do SEEG 2015, o Brasil emitiu
1,558 bilhão de toneladas de gás carbônico equivalente (t CO2e), uma
redução de 0,9% em relação ao 1,571 bilhão de toneladas emitidas em 2013
(emissões brutas).
Em sua terceira edição, o Relatório Síntese do SEEG apresenta as
estimativas para o ano de 2014, bem como a revisão dos dados da série
histórica de 1970 a 2014 para os padrões metodológicos do 3º Inventário
Nacional de Emissões Antrópicas e Remoções por Sumidouro de Gases de
Efeito Estufa não Controlados pelo Protocolo de Montreal. Para o setor
de Mudanças de Uso da Terra seguiu-se a metodologia do 2o Inventário.
Acesse aqui o Relatório Síntese e as Análises Setoriais.
Fonte: Envolverde
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