quarta-feira, 15 de março de 2017
Os problemas ambientais atingem a todos, independente de classe social,
mas é óbvio que os pobres, que não tem como se defender, acabam sendo
mais atingidos e são obrigados a migrar para não perecerem.
As economias capitalista e comunista, para ficar só nessas duas, não
diferem na forma como extraem e transformam os recursos naturais. Ambas
agem de maneira irresponsável ao tratar o Planeta como uma espécie de
armazém de recursos naturais infinitos por um lado e uma lixeira de
capacidade infinita para absorver nossos restos e poluição, por outro.
O Mar de Aral, que virou deserto na China Comunista, ou os frequentes
acidentes ambientais no mundo capitalista revelam bem o quanto a questão
ambiental e desrespeitada por ambos.
A corrida aos recursos naturais se intensificou ainda mais nas últimas
duas centenas de anos com a invenção das máquinas, que mudou a escala da
extração de recursos de artesanal para industrial, e com a elevação do
consumismo como um valor a ser perseguido como sinônimo de sucesso e
felicidade.
Em consequência, a pegada ecológica agigantou-se e nada indica que irá
diminuir com o atual crescimento demográfico, o consumo de recursos
limitados, a emissão de gases carbônicos, a extinção em massa das
espécies.
O aumento dessa pegada ecológica não se converteu em melhor qualidade de
vida no mundo e menos ainda no atendimento das necessidades dos mais
pobres, mas serviu para aumentar ainda mais a concentração de riquezas
ou nas mãos dos mais ricos, no caso dos regimes capitalistas, ou nas
mãos do Estado, no caso dos regimes comunistas. Então, fica óbvio que
não será aumentando o tamanho da pegada ecológica que se atenderá à
necessidade dos mais pobres, mas distribuindo melhor as riquezas e
combatendo a concentração de renda e de poder.
Seja no capitalismo ou no comunismo uma coisa é certa, os donos do poder político e econômico não gostam de perder poder.
E é aqui que entra a importância da comunicação a serviço da solução dos
problemas ambientais e não a serviço de agravar estes problemas.
Se no passado os donos do poder político e econômico, seja no
capitalismo ou no comunismo, usavam correntes, chicotes, tiros de canhão
e masmorras para impor suas verdades, hoje, usam a comunicação meio
verdadeira ou francamente mentirosa, ou manipulada com o mesmo
propósito: nos manter escravos de uma lógica que beneficia a poucos e
está nos levando a um ponto ambiental planetário de não retorno que
ameaça a todos.
Como manobra para desviar o foco de nossa atenção, a comunicação
manipulada e manipuladora tergiversa, lança suspeitas, confunde a
opinião pública sugerindo que a crise ambiental não é tão grave assim,
que os ambientalistas são apocalípticos, que o agravamento das mudanças
climáticas é uma mentira, que o planeta tem recursos de sobra para
todos, que o ideal é o consumismo como meta de felicidade.
Manipula com nossa culpa, como se cada um de nós, individualmente fosse
responsável pelo atual colapso ambiental. Um truque sujo para desviar
nossa atenção, colocando a todos num mesmo saco, explorados e
exploradores, como se o poder de decisão fosse igual para todos nós,
como se a solução para os nossos problemas ambientais fosse apenas uma
questão de mudar o estilo de vida, pegar mais leve com o planeta,
praticar a reciclagem, andar de bicicleta, usar energias alternativas,
etc.
Sim, claro, tudo isso ajudaria, mas sem modificar as atuais
estruturas de concentração de riquezas e de poder nas mãos de poucos, a
crise planetária prosseguirá, por que prosseguirá a apropriação desigual
dos recursos, não para o atendimento das necessidades de todos, mas
para a concentração de rendas, riquezas e poder nas mãos de poucos que
nos dominam, corrompem e manipulam.
Como o amor, a fraternidade, a solidariedade não se dão por decreto, a humanidade terá ainda uma dura jornada pela frente para aprender a dominar a si própria antes de pretender dominar a natureza, pois o que conseguimos até aqui foi mais destruir e arrasar que colaborar para tornar este mundo melhor.
Fonte: Envolverde
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