quarta-feira, 30 de agosto de 2017

ONG apresenta 381 novas espécies de plantas e animais na Amazônia

Foram catalogadas: 216 novas espécies de plantas; 93 de peixes; 32 de anfíbios; 19 de répteis; uma ave; 18 mamíferos; e dois mamíferos fósseis.

Por Monique Oliveira, G1


Macaco zogue-zogue-rabo-de-fogo foi descoberto em dezembro de 2010, no noroeste do Mato Grosso (Foto: WWF/Divulgação) Macaco zogue-zogue-rabo-de-fogo foi descoberto em dezembro de 2010, no noroeste do Mato Grosso (Foto: WWF/Divulgação)
Macaco zogue-zogue-rabo-de-fogo foi descoberto em dezembro de 2010, no noroeste do Mato Grosso (Foto: WWF/Divulgação) 
 
Relatório do Fundo Mundial para a Natureza (WWF) divulgado nesta quarta-feira (30) em São Paulo apresenta um compilado de 381 novas espécies de plantas e de animais vertebrados da floresta Amazônica. Os dados foram coletados entre os anos de 2014 e 2015 em bases de dados de revistas científicas.
Foram catalogadas: 216 novas espécies de plantas; 93 de peixes; 32 de anfíbios; 19 de répteis; uma ave; 18 mamíferos; e dois mamíferos fósseis. Os números indicam que por volta de uma nova espécie de ser vivo foi descoberta na Amazônia a cada dois dias.
"A Amazônia tem muitas lacunas de conhecimento. É uma área de difícil acesso em que muitas pessoas não conseguem chegar. Existem muitas espécies para serem descobertas ", diz Fernanda Paim, pesquisadora do Instituto Mamirauá, que fez o estudo em parceria com a WWF.
Inia araguaiaensis, um novo mamífero aquático de grande porte e coloração distinta (Foto: Gabriel Melo Santos/WWF) Inia araguaiaensis, um novo mamífero aquático de grande porte e coloração distinta (Foto: Gabriel Melo Santos/WWF)
Inia araguaiaensis, um novo mamífero aquático de grande porte e coloração distinta (Foto: Gabriel Melo Santos/WWF) 
 
Como metodologia, a WWF fez uma revisão de bibliografia científica para inclusão apenas das novas espécies de vertebrados e plantas descritas em periódicos científicos e submetidas à revisão dos pares. Muitas das descobertas também são feitas com a colaboração da população local. Os "cientistas cidadãos", como chamou a ONG, contribuíram muito para a coleta de informações.
Segundo estudo de 2005 citado pela WWF, atualmente há entre 1,7 e 1,8 milhão de espécies no mundo -- dentre essas, 80% ainda não teria sido mapeada. Ainda, os cientistas precisam correr contra o tempo: 0,1% das espécies do planeta desaparecem todos os anos.

As descobertas reforçam a importância da preservação da biodiversidade local. A floresta já representa a maior biodiversidade em uma floresta tropical do planeta.
Hypocnemis rondoni, o cantador da floresta. Nome foi dado em homenagem ao Marechal Cândido Mariano da Silva Rondon, antropólogo e explorador brasileiro.   (Foto: Fabio Schunck/WWF) Hypocnemis rondoni, o cantador da floresta. Nome foi dado em homenagem ao Marechal Cândido Mariano da Silva Rondon, antropólogo e explorador brasileiro.   (Foto: Fabio Schunck/WWF)
Hypocnemis rondoni, o cantador da floresta. Nome foi dado em homenagem ao Marechal Cândido Mariano da Silva Rondon, antropólogo e explorador brasileiro. (Foto: Fabio Schunck/WWF)

Amazônia e exploração mineral

Para Ricardo Mello, coordenador do Programa Amazônia do WWF-Brasil, o estudo embasa como é importante pensar no desenvolvimento sustentável da Amazônia -- principalmente no momento em que está em jogo uma grande discussão sobre a liberação de parte da área para a mineração.
"Não somos contra um desenvolvimento sustentável, mas isso precisa ser debatido com a sociedade e a comunidade científica", avalia Mello.
Os pesquisadores citam que quatro espécies de peixe descobertas no período do estudo estão em áreas na Amazônia que podem ser liberadas para a mineração.
Segundo a ONG, apesar do relatório indicar um crescimento na taxa de descoberta de novas espécies, não dá para dizer que os problemas ambientais na região estão resolvidos.
Pássaro Poiaeiro-de-Chico Mendes foi  registrado pela primeira vez em 2009, no sul do Amazonas (Foto: WWF/Divulgação) Pássaro Poiaeiro-de-Chico Mendes foi  registrado pela primeira vez em 2009, no sul do Amazonas (Foto: WWF/Divulgação)
Pássaro Poiaeiro-de-Chico Mendes foi registrado pela primeira vez em 2009, no sul do Amazonas (Foto: WWF/Divulgação) 
 
Veja algumas das espécies encontradas: 
 
Pássaro Poiaeiro-de-Chico Mendes- registrado pela primeira vez em 2009, no sul do Amazonas
lanta Guatteria amapaenses - descoberta no Amapá na rodovia ‘Perimetral Norte’. Sem coordenadas.
Planta Heteropsis reticulata - descoberta no Acre, no município de Cruzeiro do Sul.

Mamíferos

Inia araguaiaensis - Essa nova espécie de boto só foi descrita recentemente, em 2014, graças à análise de carcaças encontradas em um lago da bacia do rio Araguaia.
Macaco zogue-zogue-rabo-de-fogo - Plecturocebus miltoni - Descoberto em dezembro de 2010, no noroeste do Mato Grosso, a publicação do artigo científico foi concluída em 2014. O nome "rabo de fogo" é inspirado na sua longa cauda avermelhada. Já a alcunha científica foi dada em homenagem ao cientista Milton Thiago de Mello, em reconhecimento a sua contribuição à primatologia.

Anfíbios

Pristimantis jamescameroni - Perereca de cor laranja, foi encontrada na venezuela.
Pristimantis imthurni - "Reluzente como ouro esse sapo foi descoberto em 2014 na região dos tepuis venezuelanos.
Tepuihyla obscura - Descrito em 2015 para a região do Pantepui, nos tepuis venezuelanos. Esta rã é de hábito noturno. Durante o dia é fácil encontrá-la nas bromélias.
Microcaecilia marvaleewakeae - é uma nova espécie de cobra-cega descrita em 2013 no Brasil. Esta espécie foi nomeada em homenagem ao professor Marvalee H. Wake, do Departamento de Biologia Integrativa da Universidade da Califórnia, Berkeley.
Scinax villasboasi - A espécie de perereca foi descrita em 2014 na Serra do Cachimbo, extremo leste da Floresta Amazônica, estado brasileiro do Pará, em um fragmento de área aberta em meio à floresta

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