Governo quer extinguir a reserva, na divisa do Pará com o Amapá, para implementar exploração mineral. Decisão vem causando críticas de entidades ligadas ao meio-ambiente.
Por Alessandra Modzeleski, G1, Brasília
Diversas Organizações Não-Governamentais (ONGs) ligadas ao
meio-ambiente fizeram um protesto nesta quarta-feira (30), na Câmara dos
Deputados, contra o decreto do governo federal que extingue a Reserva Nacional do Cobre e Associados (Renca).
Inicialmente publicado na semana passada e depois reeditado nesta
semana, o decreto libera parte da área da reserva para a exploração
mineral. A região, segundo técnicos do governo, tem potencial de
extração de ouro e outros minerais, como ferro, manganês e tântalo.
A decisão do governo vem gerando nos últimos dias forte reação de ONGs, ambientalistas e celebridades,
que pedem a manutenção da reserva e a proibição de atividade mineradora
na área. A Renca tem mais de 4 milhões de hectares, aproximadamente o
tamanho da Dinamarca. O governo alega que a extinção da reserva não torna irrestrita a exploração mineral na área.
No protesto na Câmara, estavam presentes ONGs como o Greenpeace, a
WWF-Brasil, a SOS Mata Atlântica e a Avaaz. Os ambientalistas
distribuíram mudas de ipês para deputados e levantaram cartazes com
palavras de ordem contra a extinção da Renca.
"Abrir a Renca significa contaminar os peixes, a água, contaminar os
indígenas. Viemos pedir o que o governo recue dessa decisão e recue da
decisão de continuar com os ataques a política do meio ambiente", disse
Michel Souza, representate da WWF-Brasil.
Também presente ao protesto, a ex-ministra do Meio Ambiente, Marina
Silva, disse que o decreto do governo é um "tiro de misericórida" na
causa ambiental.
"O que está por trás de tudo isso é falta de visão, é falta de
compromisso com o patrimônio público nacional. Do mesmo jeito que não
tem visão estratégica dos rumos do país, também não tem visão
estratégica com o uso dos recursos naturais do país", disse a
ex-ministra em crítica ao governo Temer.
A atriz Maria Paula, que foi ao ato representando a entidade Uma Gota
no Oceano, disse que a Amazônia é o "grande patrimônio" do país e a
sociedade tem que "ficar de olho".
"Estou representando a classe artistista e defendo que nada mais
importante do que preservar a Amazônia porque esse é o nosso grande
patrimônio e a gente não pode dar mole, não. Vamos ficar de olho",
afirmou a atriz.
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