Diversitywashing: quando as empresas adotam o discurso da diversidade para promover produtos ou para parecer inclusiva
A gestão e valorização da diversidade têm sido um grande diferencial para as empresas que querem obter sucesso em seus mercados de atuação. E por conta disso, muitas têm adotado o discurso da diversidade, mas sem incluírem em seus quadros funcionais mulheres, negros, LGBT+, pessoas com deficiência e idosos. E por vezes, quanto incluem não retém e não contemplam essa parcela da população no plano de carreira.
Para explicar esse tipo de atitude, Liliane Rocha*, consultora especializada em Sustentabilidade e Diversidade e fundadora da Gestão Kairós, criou o termo Diverstywashing que é inspirado em outro também bastante usado na área de sustentabilidade: o “Greenwashing” para se referir às empresas que usam o discurso da sustentabilidade apenas para autopromoção.
Exemplos de Diversitywashing é quando as empresas criam campanhas de comunicação e lançam produtos com foco em atender os públicos de diversidade, mas não têm uma gestão ou políticas com foco na diversidade estabelecidas. “Sempre trabalhei essa questão e vi que, por um lado, as empresas começaram a ter mais diversidade nas propagandas e nos seus posicionamentos. Por outro, os casos discriminatórios relacionados a essas empresas continuaram sendo relatados, infelizmente. Além disso, os percentuais de diversos nos cargos de liderança caiu de 2010 para 2016.”, conta Liliane Rocha, especialista que tem 14 anos de experiência na área.
No que se refere à Diversidade apesar de várias pesquisas revelarem que empresas com políticas de diversidade são mais lucrativas, ainda há muito o que melhorar. “Infelizmente temos visto muitas empresas fazendo Diversitywashing e metendo os pés pelas mãos. São diversos exemplos, do que não fazer. A campanha da marca sueca H&M que usou um menino negro usando um moleton com mensagem que o comparava a um macaco é só uma delas. Para adotar a valorização da diversidade como deve ser é necessário gestão do tema. Transparência com stakeholders. Esforço coordenado, entre outros”, explica Liliane Rocha.
Em 2018, a McKinsey publicou o estudo “A diversidade como alavanca de performance” realizado com mais de 1.000 empresas em 12 países, onde demonstra que empresas que tem mais equidade de gênero na liderança tem uma probabilidade 21% maior de ter margem de lucratividade superior à de seus pares. E aquelas que têm equidade racial na liderança uma probabilidade 33% maior de ter margem de lucratividade superior à de seus pares.
Portanto, de nada adianta as empresas fazerem Diversitywashing para vender mais ou se autopromover, o que dá realmente valor para as empresas é sair do discurso e adotar a valorização da diversidade de forma completa. “O investimento em desenvolvimento é essencial para auxiliar os profissionais diversos a chegar aos cargos de gestão. E só quando existe diversidade na liderança que a coisas podem começar a realmente mudar”, finaliza Liliane Rocha.
in EcoDebate, ISSN 2446-9394, 27/04/2018
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