Força
Nacional fará segurança de fiscais, anuncia ministério do Meio Ambiente após
ataques
Equipes
do Instituto Chico Mendes foram atacadas durante fiscalização no Pará. De
acordo com o ministro da pasta, Edson Duarte, portaria será publicada nesta
quinta (25) no 'Diário Oficial'.
Por
Gustavo Garcia, G1 — Brasília
24/10/2018
19h08 Atualizado há 9 horas
O ministro
do Meio Ambiente, Edson Duarte (centro), durante entrevista coletiva nesta
quarta-feira (24) — Foto: Gustavo Garcia/G1
O ministro
do Meio Ambiente, Edson Duarte, informou nesta quarta-feira (24) que a Força
Nacional de Segurança Pública passará a fazer a segurança de fiscais do
Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio).
O anúncio
acontece cinco dias após ataques a equipes de fiscalizaçãodo ICMBio que atuavam em uma
operação contra o desmatamento na Floresta Nacional de Itaituba 2, no sudoeste
do Pará.
Segundo o
instituto, criminosos queimaram uma ponte, bloquearam acessos à mata e atiraram
para o alto para intimidar agentes. Fiscais ficaram ilhados por cerca de 6
horas. Ninguém ficou ferido.
Ao anunciar
a decisão, nesta quarta-feira, o ministro Edson Duarte disse que a pasta fez
uma parceria com o Ministério da Segurança Pública e que, nesta quinta (25),
será publicada uma portaria no "Diário Oficial da União" autorizando
o emprego da Força Nacional.
O ministro
não informou, contudo, quantos militares serão deslocados para a ação.
"Esta
portaria vem neste momento para garantir as condições de atuação efetiva e
rápida na relação entre os nossos agentes, o nosso planejamento, e o
planejamento do Ministério da Segurança Pública. Esta portaria que será
publicada amanhã vem para criar um canal direto de planejamento, porque as
nossas respostas precisam ser rápidas, até para garantir a segurança dos nossos
homens e a proteção do meio ambiente", disse Duarte.
Segundo o
presidente do ICMBio, Paulo Carneiro, a Polícia Militar do Pará, que fazia a
segurança dos agentes, informou nesta terça-feira (23) que não vai renovar a
equipe de 25 homens que auxiliava os 14 fiscais.
Conforme
Carneiro, o período de atuação dessa equipe de policiais se encerra na próxima
semana.
Ministério
do Meio Ambiente pede investigação de ataques contra equipes do Ibama e ICMBio
"A
polícia estadual verificou que há um risco aos seus policiais, inclusive, já
com ocorrência de morte de policial nos acompanhando, em emboscadas que
sofremos, e um policial militar do Pará veio a óbito. Nós entendemos [que a
Polícia Militar do Pará deveria reforçar e não retirar os homens], mas
respeitamos a decisão da polícia. Respeitamos, mas nós precisamos continuar
atuando", afirmou o ministro do Meio Ambiente.
"Não
vão nos intimidar", acrescentou Edson Duarte.
De acordo
com o ministro do Meio Ambiente, a portaria que será publicada nesta quinta
terá validade de seis meses, prorrogáveis por mais 180 dias.
Na última
segunda-feira (22), o Ministério do Meio Ambiente divulgou uma nota em que
afirmava que já havia solicitado ao Ministério da Segurança Pública
“providências urgentes para a identificação e punição dos autores”.
No
documento, a pasta também disse que os ataques eram um atentado “contra a
nação”.
“As pessoas
que agem na legalidade não têm por que temer a ação da fiscalização. Por isso,
o Ministério credita esses atentados àqueles que querem se perpetuar na
ilegalidade, afrontando os órgãos ambientais”, afirmava a nota.
Ibama
A parceria
entre o Ministério do Meio Ambiente e a Força Nacional de Segurança não é
novidade.
Atualmente,
segundo o presidente em exercício do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e
dos Recursos Naturais Renováveis, Luciano Evaristo, 96 militares da Força
Nacional já auxiliam na segurança de fiscais.
No último
sábado (20), três carros do Ibama foram incendiados em Buritis, Rondônia,
quando as equipes se preparavam para uma operação. A polícia local prendeu um
suspeito.
Em julho de
2017, oito carros do Ibama foram queimados em Altamira, Sudoeste do Pará. Três
meses depois, as sedes do Ibama e do Instituto Chico Mendes, em Humaitá, no Sul
do Amazonas, foram incendiadas. A ação criminosa foi após uma operação de
combate ao garimpo ilegal no Rio Madeira.
Período
eleitoral
De acordo
com o presidente do Ibama, os conflitos em florestas, entre fiscais e
desmatadores, costumam aumentar no período eleitoral.
“Há um
comprometimento da política local lá em dar um certo resguardo, um certo
incentivo ao desmatador. Então, no período eleitoral, é um período de maior
pressão. Em todos os anos de eleição, há um aumento da pressão”, afirmou
Evaristo.
Nenhum comentário:
Postar um comentário