crime ambiental
Alertas de ativistas foram ignorados no licenciamento da barragem da Vale
Representantes dos movimentos
alegam que o desastre poderia ter sido evitado. Eles falaram sobre os
riscos com o Conselho Estadual de Política Ambiental de Minas Gerais e o
Ministério Público
por Redação RBA
publicado
29/01/2019 14h20,
última modificação
29/01/2019 14h42
MÍDIA NINJA
Ao menos 60 pessoas foram mortas soterradas, além de 290 pessoas desaparecidas no interior de Minas Gerais
São Paulo – Movimentos sociais e de ambientalistas
pedem a responsabilização da Vale pelo rompimento da barragem de
rejeitos na Mina Córrego do Feijão, operada pela empresa em Brumadinho, Minas Gerais. Os
representantes dos movimentos alegam que o desastre poderia ter sido
evitado, uma vez que fizeram alertas ao Conselho Estadual de Política
Ambiental de Minas Gerais e ao Ministério Público.
Ao menos 65 pessoas foram mortas e são mais de 290 pessoas desaparecidas. De acordo com Ricardo Oliveira, membro do Movimento Águas e Serras de Casa Branca, organização social que luta pela conservação ambiental na região, aponta que os alertas do movimento quanto à segurança da barragem nunca foram ouvidos. "Nós estávamos numa luta solitária, inglória. Íamos nas manifestações, fazíamos materiais, mas os funcionários da Vale riam da gente. Não éramos ouvidos, o próprio Judiciário é muito lento para criar esse diálogo", conta à repórter Beatriz Drague Ramos, na Rádio Brasil Atual.
Maria Dalce Ricas, superintendente-executiva da Associação Mineira de Defesa do Ambiente, acredita que as barragens devem ser imediatamente proibidas em todo país e estimulada uma nova tecnologia, com menor impacto ambiental. "O setor minerário está atrasado na forma de buscar soluções menos impactantes na extração do minério. É preciso avançar, é muito errado achar que vai se resolver só com multas e fiscalização", diz em entrevista à repórter Beatriz Drague Ramos.
O Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB) está prestando auxílio psicossocial e informando as pessoas atingidas pela tragédia sobre seus direitos. Gilberto Cervinski, membro do diretório nacional do MAB, afirma que as multas aplicadas em Mariana foram suspensas. "Assim que o período de divulgação da tragédia passa, a empresa faz uma desarticulação das famílias para não indenizar e ter o perdão das dívidas. Isso aconteceu em Mariana. As famílias que perderam as casas, até hoje estão morando de aluguel, sem que nenhuma casa fosse construída", critica.
Para Maria Dalce, a flexibilização das leis ambientais também representa uma ameaça ao meio ambiente e às populações locais, como o Projeto de Lei 3729/04, que tem o deputado Mauro Pereira (PMDB-RS) como relator. A proposta dispensa o licenciamento para atividades agropecuárias e cria a modalidade autodeclaratória. Ela também cita um projeto do ex-governador Fernando Pimentel (PT), de 2015, que retira a competência deliberativa do Conselho Estadual de Política Ambiental sobre processos de licenciamento considerados de grande e médio portes.
"Na nossa opinião, por pior que seja o colegiado, é melhor do que deixar a competência a cargo de uma pessoa só. A transparência do colegiado é maior também. O maior fantasma é o PL do deputado, que acaba com o licenciamento ambiental do país", acrescenta.
Por meio de nota, a Vale reiterou a intenção de permanecer contribuindo com as investigações e anunciou um plano para criar novo padrão de segurança nas barragens.
Ao menos 65 pessoas foram mortas e são mais de 290 pessoas desaparecidas. De acordo com Ricardo Oliveira, membro do Movimento Águas e Serras de Casa Branca, organização social que luta pela conservação ambiental na região, aponta que os alertas do movimento quanto à segurança da barragem nunca foram ouvidos. "Nós estávamos numa luta solitária, inglória. Íamos nas manifestações, fazíamos materiais, mas os funcionários da Vale riam da gente. Não éramos ouvidos, o próprio Judiciário é muito lento para criar esse diálogo", conta à repórter Beatriz Drague Ramos, na Rádio Brasil Atual.
Maria Dalce Ricas, superintendente-executiva da Associação Mineira de Defesa do Ambiente, acredita que as barragens devem ser imediatamente proibidas em todo país e estimulada uma nova tecnologia, com menor impacto ambiental. "O setor minerário está atrasado na forma de buscar soluções menos impactantes na extração do minério. É preciso avançar, é muito errado achar que vai se resolver só com multas e fiscalização", diz em entrevista à repórter Beatriz Drague Ramos.
O Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB) está prestando auxílio psicossocial e informando as pessoas atingidas pela tragédia sobre seus direitos. Gilberto Cervinski, membro do diretório nacional do MAB, afirma que as multas aplicadas em Mariana foram suspensas. "Assim que o período de divulgação da tragédia passa, a empresa faz uma desarticulação das famílias para não indenizar e ter o perdão das dívidas. Isso aconteceu em Mariana. As famílias que perderam as casas, até hoje estão morando de aluguel, sem que nenhuma casa fosse construída", critica.
Para Maria Dalce, a flexibilização das leis ambientais também representa uma ameaça ao meio ambiente e às populações locais, como o Projeto de Lei 3729/04, que tem o deputado Mauro Pereira (PMDB-RS) como relator. A proposta dispensa o licenciamento para atividades agropecuárias e cria a modalidade autodeclaratória. Ela também cita um projeto do ex-governador Fernando Pimentel (PT), de 2015, que retira a competência deliberativa do Conselho Estadual de Política Ambiental sobre processos de licenciamento considerados de grande e médio portes.
"Na nossa opinião, por pior que seja o colegiado, é melhor do que deixar a competência a cargo de uma pessoa só. A transparência do colegiado é maior também. O maior fantasma é o PL do deputado, que acaba com o licenciamento ambiental do país", acrescenta.
Por meio de nota, a Vale reiterou a intenção de permanecer contribuindo com as investigações e anunciou um plano para criar novo padrão de segurança nas barragens.
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