Incêndios no Pantanal podem ter sido provocados por cinco fazendeiros do MS, suspeita Polícia Federal
Trinta e um agentes estão envolvidos na operação para cumprir dez mandados de busca e apreensão. Até ontem à noite, foram oficialmente cumpridos quatro desses mandatos: dois na capital, Campo Grande, e dois em Corumbá. Os outros seis têm destino na zona rural de Corumbá.
Os investigadores chegaram a esses locais a partir da análise de imagens de satélite que indicam focos de incêndio que foram iniciados em cinco propriedades do MS pouco tempo antes de o fogo começar a engolir as áreas de preservação permanente e avançar nos limites do Parque Nacional do Pantanal Mato- grossense e da Serra do Amolar. Também fizeram sobrevoos pela região.
‘Dia do Fogo’ como inspiração
A PF suspeita que as queimadas em torno dessas fazendas podem ter sido orquestradas mais ou menos como no Dia do Fogo, ocorrido em 10 de agosto do ano passado, no Pará.
Nessa ação, fazendeiros e empresários – com o apoio de advogados e pessoas ligadas ao setor agropecuário – se articularam e contrataram capangas para atear fogo em áreas da floresta amazônica. O crime completou um ano, ninguém foi preso e o inquérito segue em sigilo. O jornalista que denunciou o esquema – Adécio Piran, do jornal Folha do Progresso -teve que recuar e ainda vive sob ameaças.
Aumentar área de pasto
Alan Givigi, delegado da PF em Corumbá, disse, ao Globo Rural, que as fazendas estão localizadas “em locais inóspitos” e que, por isso, “é difícil que esses focos tenham ocorrido de forma acidental”.
Ele acredita que os fazendeiros tinham a intenção de fazer a queima da mata nativa “para aumentar a área de pastagem para gado“. Como a área é protegida e desmatar é crime, atear fogo é uma prática que, a princípio, não levanta suspeita porque queimadas se tornaram comuns nessa época do ano.
Só que os supostos criminosos não levaram em conta que o Pantanal passa pela pior seca dos últimos 47 anos! E, assim, “o fogo se alastrou para os parques nacionais e reservas”.
Para comprovar as suspeitas, os agentes da PF foram instruídos para buscar documentos e mensagens de celular que comprovem o envolvimento dos fazendeiros com o início dos incêndios. “Estamos buscando celulares e documentos como o comprovante de venda de gado. Se esses produtores colocaram fogo no pasto, eles tiveram que tirar o gado antes”, explicou Givigi.
Penas de até 15 anos de prisão… é pouco!
Caso a investigação confirme as suspeitas, os acusados poderão responder pelos crimes de dano à floresta de preservação permanente (Art. 38, da Lei no 9.605/98), dano direto e indireto a Unidades de Conservação (Art. 40, da Lei no 9.605/98), incêndio (Art. 41, da Lei no 9.605/98) e poluição (Art. 54, da Lei no 9.605/98).
Na casa de um dos fazendeiros, na zona urbana de Corumbá, os agentes da PF encontraram e apreenderam armas e munições de uso restrito: duas pistolas, um revólver, 108 munições de calibre permitido e 44 de calibre. Eles prenderam o fazendeiro em flagrante por posse ilegal de arma de fogo.
De acordo com a PF, as penas podem ultrapassar 15 anos de prisão. Para o tamanho do estrago, é pouco. Deveriam ser afastados do convívio social por mais tempo, além de serem obrigados a investir na recuperação florestal e a pagar os custos das ações de combate aos incêndios e com o resgate e habilitação dos animais, que está sendo bancado pela sociedade.
A julgar pelo que aconteceu com os envolvidos no Dia do Fogo, é difícil ser otimista. Por isso, é tão importante não esmorecer, continuar pressionando e acompanhando as investigações e exigir conclusão do inquérito e punição. Essa gente, em geral, é muito poderosa e perigosa. A gente precisa acabar com tanta mamata, crime e corrupção!!
Fontes: Globo Rural, Estadão, G1
Foto: Mayke Toscano/Secom-MT/Fotos Públicas
Jornalista
com experiência em revistas e internet, escreveu sobre moda, luxo,
saúde, educação financeira e sustentabilidade. Trabalhou durante 14 anos
na Editora Abril. Foi editora na revista Claudia, no site feminino
Paralela, e colaborou com Você S.A. e Capricho. Por oito anos, dirigiu o
premiado site Planeta Sustentável, da mesma editora, considerado pela
United Nations Foundation como o maior portal no tema. Integrou a Rede
de Mulheres Líderes em Sustentabilidade e, em 2015, participou da
conferência TEDxSãoPaulo.
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