Em menos de três dias, mais de 200 lobos são mortos por caçadores no estado de Wisconsin, nos EUA
Os lobos são os maiores membros da família canídeos, a mesma a que percentem os cães de estimação. No passado, eles foram os mamíferos terrestres selvagens mais amplamente distribuídos no Hemisfério Norte. Todavia, quase entraram em extinção porque sempre foram vistos com uma ameaça. Por isso eram mortos, inclusive, com o apoio governamental, que incentivou a caça, uso de armadilhas e envenenamento.
Nos Estados Unidos, desde 1974, os lobos cinzas faziam parte da Lista de Espécies Ameaçadas Protegidas. Foram retirados entre 2012 e 2014, até que uma ação judicial de defensores da vida selvagem conseguiu colocá-los de volta na lista. Até o ano passado, quando o governo do então presidente Donald Trump derrubou a proteção.
Por esta razão, o estado do Wisconsin decidiu organizar uma temporada oficial de caça na semana passada, com duração prevista para uma semana. Entretanto, havia uma cota máxima permitida de lobos que poderiam ser mortos: 200 no total, sendo 81 deles destinados aos indígenas da etnia Ojibwe (que geralmente nãos os matam porque os consideram sagrados).
Todavia, logo após o início da temporada da caça deste ano, que começou na semana passada, as autoridades mandaram encerrá-la porque em apenas 60 horas, ou seja, menos de três dias, foram mortos 216 lobos, superando em mais de 80% o número estipulado pelo Wisconsin Department of Natural Resources de 119.
O departamento recebeu duras críticas de outras entidades por não ter percebido mais cedo que os números já estavam acima do que o permitido e acabado com a temporada de “matança” antes.
A maioria dos caçadores utilizou cachorros de caça para poder chegar até os lobos e matá-los. Foram concedidas 1.547 autorizações nesta temporada, ou seja, cerca de 13 caçadores por lobo.
Ambientalistas também criticaram que o mês escolhido para a caça foi justamente fevereiro, época de reprodução da espécie. Não se sabe ainda se entre os animais mortos havia fêmeas prenhas.
“Esta temporada atropelou os direitos dos tratados das tribos, o público de Wisconsin e o manejo profissional da vida selvagem”, disse um porta-voz da Comissão dos Peixes e Vida Selvagem dos Índios dos Grandes Lagos, em entrevista ao Milwaukee Journal. “Isso será considerado um exemplo gritante de má gestão e dos problemas que podem ser esperados quando o Legislativo estadual e os tribunais adotam grupos de interesses especiais sobre o público como um todo”.
As autoridades locais estimavam que a população de lobos cinzas no Wisconsin fosse de quase 1.200 indivíduos no final do ano passado. Agora já são 216 a menos.
“Esta é uma semana profundamente triste e vergonhosa para Wisconsin. Ela prova que agora, mais do que nunca, os lobos cinzas precisam de proteções federais restauradas para protegê-los de uma gestão estadual míope e letal”, afirmou Megan Nicholson, diretora do escritório local da organização Humane Society dos Estados Unidos.
A última vez que o estado de Wisconsin havia promovido uma temporada de caça oficial havia sido em 2014.
Ativistas dos direitos animais pedem agora que o novo presidente, Joe Biden, reverta a decisão de seu antecessor.
*Com informações dos jornais The Guardian e The New York Times
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Foto: Thomas Bonometti on unsplash
Jornalista, já passou por rádio, TV, revista e internet. Foi editora de jornalismo da Rede Globo, em Curitiba, onde trabalhou durante 6 anos. Entre 2007 e 2011, morou na Suíça, de onde colaborou para publicações brasileiras, entre elas, Exame, Claudia, Elle, Superinteressante e Planeta Sustentável. Desde 2008 , escreve sobre temas como mudanças climáticas, energias renováveis e meio ambiente. Depois de dois anos e meio em Londres, vive agora em Washington D.C.
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