O Estado de S.Paulo - 14/01
O ano começa carregado de heranças malditas de 2013 e de antes. As mais notórias são o baixo ritmo de crescimento econômico, provavelmente inferior a 2%, e a elevada inflação, que volta a saltar para a casa dos 6%.
O governo Dilma inicia o quarto ano de administração sem ter conseguido entregar nenhuma das suas metas mais importantes de política econômica. Até mesmo seus eventuais sucessos vêm sendo apontados como fonte adicional de problemas. Um deles é o nível sem precedentes de pleno-emprego: apenas 4,6% não conseguiam trabalho em novembro. Não é a oposição, é o próprio Banco Central que identifica aí uma das principais fontes de custos e de alta de preços.
Resultados ruins não apenas se repetem por três anos consecutivos (2011, 2012 e 2013), como, também, são projetados para 2014 (veja o gráfico). Deveria ser indicador mais do que suficiente para levar o governo a rever sua política econômica enquanto não for tarde demais para mudar.
Em 2013, a inflação só não furou os 7% porque o governo recorreu a represamentos artificiais de tarifas, especialmente da energia elétrica, dos combustíveis e dos transportes urbanos. Como foi apontado aqui na edição de sábado, em 2013, enquanto os preços livres subiram 7,27%, os preços administrados não evoluíram mais do que 1,52%.
As distorções que daí provieram já são tão fortes que fica difícil continuar com essas práticas de segurar os preços a muque. Por outro lado, os juros básicos (Selic) subiram 2,75 pontos porcentuais ao ano desde abril e muito provavelmente subirão mais meio ponto na reunião do Copom prevista para amanhã. Até onde o Banco Central precisaria puxar a Selic para evitar novas esticadas da inflação? E o que custará essa alta de juros em despesas extras do Tesouro Nacional com o serviço da dívida pública?
Também está mais do que demonstrado que a política fiscal (contas públicas) não está calibrada o suficiente para evitar efeitos inflacionários. Naquela linguagem do Banco Central, a política fiscal não está suficientemente apertada para garantir sua neutralidade em relação à inflação. Ao contrário, a falta de transparência na administração da economia é, por si só, fator de perda de credibilidade, o que piora tudo porque leva empresários e outros formadores de preços a remarcar exageradamente mercadorias e serviços de maneira a se defender de riscos futuros.
Neste início de ano, não é só o baixo crescimento e a inflação alta que aumentam a carga e azedam o ambiente. Também pesa o rombo crescente nas contas externas, fator responsável pelas pressões de procura por moeda estrangeira, que também produzem desconfiança.
O governo Dilma parece determinado a evitar correções que possam prejudicar seus objetivos eleitorais. O problema é que chega ao ponto em que a falta de soluções também produz custos políticos. Além disso, hoje já é difícil de distinguir problemas meramente administrativos dos problemas de credibilidade, porque ambos se reforçam e acentuam as distorções. Não basta mudar; é preciso agora principalmente convencer.
O ano começa carregado de heranças malditas de 2013 e de antes. As mais notórias são o baixo ritmo de crescimento econômico, provavelmente inferior a 2%, e a elevada inflação, que volta a saltar para a casa dos 6%.
O governo Dilma inicia o quarto ano de administração sem ter conseguido entregar nenhuma das suas metas mais importantes de política econômica. Até mesmo seus eventuais sucessos vêm sendo apontados como fonte adicional de problemas. Um deles é o nível sem precedentes de pleno-emprego: apenas 4,6% não conseguiam trabalho em novembro. Não é a oposição, é o próprio Banco Central que identifica aí uma das principais fontes de custos e de alta de preços.
Resultados ruins não apenas se repetem por três anos consecutivos (2011, 2012 e 2013), como, também, são projetados para 2014 (veja o gráfico). Deveria ser indicador mais do que suficiente para levar o governo a rever sua política econômica enquanto não for tarde demais para mudar.
Em 2013, a inflação só não furou os 7% porque o governo recorreu a represamentos artificiais de tarifas, especialmente da energia elétrica, dos combustíveis e dos transportes urbanos. Como foi apontado aqui na edição de sábado, em 2013, enquanto os preços livres subiram 7,27%, os preços administrados não evoluíram mais do que 1,52%.
As distorções que daí provieram já são tão fortes que fica difícil continuar com essas práticas de segurar os preços a muque. Por outro lado, os juros básicos (Selic) subiram 2,75 pontos porcentuais ao ano desde abril e muito provavelmente subirão mais meio ponto na reunião do Copom prevista para amanhã. Até onde o Banco Central precisaria puxar a Selic para evitar novas esticadas da inflação? E o que custará essa alta de juros em despesas extras do Tesouro Nacional com o serviço da dívida pública?
Também está mais do que demonstrado que a política fiscal (contas públicas) não está calibrada o suficiente para evitar efeitos inflacionários. Naquela linguagem do Banco Central, a política fiscal não está suficientemente apertada para garantir sua neutralidade em relação à inflação. Ao contrário, a falta de transparência na administração da economia é, por si só, fator de perda de credibilidade, o que piora tudo porque leva empresários e outros formadores de preços a remarcar exageradamente mercadorias e serviços de maneira a se defender de riscos futuros.
Neste início de ano, não é só o baixo crescimento e a inflação alta que aumentam a carga e azedam o ambiente. Também pesa o rombo crescente nas contas externas, fator responsável pelas pressões de procura por moeda estrangeira, que também produzem desconfiança.
O governo Dilma parece determinado a evitar correções que possam prejudicar seus objetivos eleitorais. O problema é que chega ao ponto em que a falta de soluções também produz custos políticos. Além disso, hoje já é difícil de distinguir problemas meramente administrativos dos problemas de credibilidade, porque ambos se reforçam e acentuam as distorções. Não basta mudar; é preciso agora principalmente convencer.
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