26/01/2014 Blog do Reinaldo Azevedo
Que
coisa! O Jornal Nacional acaba de mostrar uma reportagem sobre um bando
de adolescentes que assalta pessoas no centro do Rio, à luz do dia, com
tranquilidade, com desassombro, sem temer nada nem ninguém. A
reportagem mostra que policiais militares estão por ali e não fazem
nada. Em seguida, os jovens aparecem cheirando solvente, a poucos
metros, informa o JN, do Tribunal de Justiça.
O JN foi
ouvir a polícia. Uma porta-voz da Polícia Militar resolveu tocar música
para os ouvidos politicamente corretos: afirmou que o problema dos
jovens não era de segurança, não era de polícia, mas um, atenção!,
“problema social”, de “saúde pública”. E convidou os assaltados a fazer
boletim de ocorrência. É mesmo? Para quê? Observem: a porta-voz da PM
esqueceu, em sua fala, que havia pessoas sendo assaltadas. Ao falar, ela
se referiu apenas aos assaltantes.
Está
acontecendo o pior — e eu mesmo alertei para isso num post desta tarde:
as forças policiais estão incorporando o discurso da imprensa, das ONGs,
dos politicamente corretos, do governo federal, dos petistas.. “Roubo é
problema social”. “Droga é problema social e de saúde.”Ora, se é,
polícia para quê?
Os
policiais sabem muito bem que, se partirem para a repressão, com ou sem
abusos, terão de responder por… abusos!
A imprensa cai de pau. O
Ministério Público cai de pau. A OAB cai de pau. As ONGs caem de pau.
“Nem vem, Reinaldo, isso só acontece quando há violência!” Mentira!
Vejam a ação do Denarc na Haddadolândia nesta quinta. Não há evidências
de violência, mas o Ministério Público já avisou que quer que a ação
seja investigada.
Por que em São Paulo sim?
Achei boa e objetiva a abordagem do Jornal Nacional sobre o Centro do Rio de Janeiro. Estava tudo ali, não? Adolescentes fortões, muitos sob o efeito de drogas, assaltando livremente, sem repressão. A população, como a gente viu, fica à mercê da turma.
Pergunto
ao JN: e na Cracolândia, em São Paulo? O Centro da maior capital do país
não merece essa mesma abordagem? Ou será que cidadãos comuns podem hoje
transitar pela região? O prefeito Fernando Haddad transformou a área
numa espécie de zona livre do tráfico e do consumo de drogas. Ou ainda:
entendi que, ao se evidenciar que adolescentes estão consumindo droga a
poucos metros do Tribunal de Justiça, o que se está a sugerir é que isso
deveria ser coibido, não?
Venham cá:
se a Prefeitura do Rio passar a hospedar esses jovens — tá, os maiores
de idade — em hotéis, fornecendo-lhe comida e moradia gratuitas, além de
um salário fixo, que pode financiar o vício (e talvez desestimular os
assaltos), tudo bem? Será que a mesma régua que está sendo usada para
medir a desordem no Centro do Rio está sendo usada para avaliar a
desordem no Centro de São Paulo, patrocinada por Haddad e sustentada com
teoria capenga por Roberto Porto, o buliçoso secretário de Segurança do
município?
“Ah, mas,
na Haddadolândia, a gente não vê cordões sendo arrancados dos pescoços
das mulheres…” Não mesmo! Os cidadãos comuns, não vinculados às drogas,
quase não circulam mais por ali. E os que são obrigados a passar pela
região para chegar às suas respectivas casas, já apurei, andam sem
relógios, alianças, nada… Os mais jovens evitam usar tênis, que são uma
moeda influente entre os consumidores, que pode ser facilmente trocada
por droga.
Encerro
Para mim, o que sobra dessa reportagem do
JN, além da diferença de tratamento dispensado aos respectivos Centros
de São Paulo e Rio, é a postura oficial da Polícia Militar do Rio.
Finalmente, o discurso da carência social (e das drogas como um problema
médico) chegou aos brasileiros de farda — que já não veem mais razão
para agir porque sabem que não há como eles se darem bem no noticiário.
Até vagabundos que tentam explodir postos de gasolina são tratados como…
carentes. Por que a polícia agiria? A ação do Denarc na cracolândia, na
quinta, vai na contramão dessa postura. E o Denarc apanhou da imprensa.
Não age
mais. E, como se nota pela reportagem do Jornal Nacional, quem paga o
pato não são os mais endinheirados, que nem circulam por ali. Quem paga o
pato pela inação da polícia é a população pobre.
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