Um ano se passou desde a madrugada de 27 de janeiro de 2013 e, até agora, nenhuma família de vítima foi indenizada pelo incêndio da boate Kiss, que matou 242 jovens na cidade de Santa Maria (RS). E mais: não há presos, tampouco agentes públicos responsabilizados. Sobre os 16 processados, não há previsão para julgamento.
A Justiça aceitou todas as denúncias, o que fará com que haja julgamentos. Mas apenas os dois proprietários da casa noturna e dois integrantes da banda Gurizada Fandangueira chegaram a ser presos –no entanto, gozam de liberdade provisória desde o fim de maio.
Aguardam em liberdade o julgamento por homicídio doloso Elissandro Callegaro Spohr, o Kiko, e Mauro Londero Hoffman, sócios da boate, e os membros da banda Marcelo de Jesus dos Santos e Luciano Augusto Bonilha Leão; por fraude processual os bombeiros Gerson da Rosa Pereira e Renan Severo Berleze; e por falso testemunho o ex-sócio da boate Elton Cristiano Uroda e Volmir Astor Panzer.
Novas investigações
Dois novos inquéritos da polícia estão verificando a existência de irregularidades na concessão de alvarás da prefeitura de Santa Maria e a ocorrência de crime ambiental durante o funcionamento da boate.Os policiais já apuraram que, desde o início de suas operações, a Kiss tinha documentação irregular. As novas investigações começaram no fim de 2013, a partir de denúncias anônimas. Uma das irregularidades diz respeito a indícios de fraude em uma consulta pública para o encaminhamento do alvará de localização, inclusive com assinaturas em duplicidade.
"A pesquisa, em sua maioria, não contemplou os vizinhos efetivos da boate. Outra suspeita de fraude são assinaturas em duplicidade e uma que não pode ser verificada a pessoa nem pelo nome, nem pelo CPF ou pelo endereço", contou a delegada Luisa Souza.
RELEMBRE
No dia 27 de janeiro de 2013, um incêndio de grandes proporções na boate Kiss, em Santa Maria (RS), deixou 242 mortos e mais de 600 feridos. A maioria das vítimas era jovem e universitária, e assistia ao show da banda Gurizada Fandangueira. O fogo começou por volta de 2h, depois que o vocalista do grupo usou um artefato pirotécnico que lançou faíscas para cima. O teto da boate, que continha uma espuma de isolamento acústico --material altamente inflamável--, acabou sendo atingido, dando início ao incêndio. Das 16 pessoas que foram denunciadas à Justiça como responsáveis pela tragédia, oito respondem criminalmente.- Lei para evitar nova tragédia da Kiss emperra no Congresso
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Sobre o crime ambiental, a denúncia refere-se a 2010, quando a Patrulha Ambiental da Brigada Militar constatou que a Kiss operava com som acima dos limites máximos permitidos em lei.
O MP gerou um TAC (Termo de Ajustamento de Conduta), e os proprietários da boate realizaram algumas reformas, colocando espumas para isolamento acústico. Espuma essa imprópria para a função e que se mostrou a grande responsável pelo sufocamento das vítimas no ano passado. O UOL tentou contato com os advogados dos ex-sócios da boate Kiss, mas, até o fechamento desta reportagem, nenhum havia sido localizado.
Esses novos inquéritos devem ser concluídos em fevereiro e encaminhados à Justiça. Eles podem resultar no indiciamento por improbidade administrativa de 20 funcionários públicos de Santa Maria.
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