domingo, 26 de janeiro de 2014

Dilma faz gesto de reaproximação com a Igreja Católica


qua, 22/01/14
por Gerson Camarotti |

O encontro do dia 22 no Palácio do Planalto com o arcebispo do Rio de Janeiro e primeiro cardeal brasileiro do pontificado de Francisco, Dom Orani Tempesta, faz parte de uma estratégia da presidente Dilma Rousseff de se reaproximar da Igreja Católica. Durante o pontificado de Bento XVI, Dilma manteve distância da Igreja.

No núcleo palaciano, a avaliação é que seria um erro manter esse distanciamento da Igreja no maior país católico do mundo.  Avaliação de interlocutores da presidente é que isso poderia criar dificuldades para Dilma durante a campanha pela reeleição.

Nos bastidores, a presidente nunca escondeu sua contrariedade com a posição de Bento XVI durante a campanha de 2010. Um vídeo, de 2007, em que Dilma aparecia defendendo a descriminalização do aborto, transformou-se num dos principais temas da campanha presidencial daquele ano. Na ocasião, o hoje Papa Emérito enviou mensagem com uma posição da Igreja contra o aborto aos bispos do Maranhão que o visitaram no Vaticano.

Já no ano passado, a cúpula da CNBB ficou surpresa com o silencio de Dilma depois que foi divulgada a renúncia de Bento XVI. O consenso na CNBB foi de que Dilma guardou mágoas da campanha de 2010.

A reaproximação de Dilma com a Igreja teve início logo depois da eleição do Papa Francisco. Ela foi a primeira governante a ter uma audiência oficial com o novo Papa. Em julho, esteve duas vezes no Rio de Janeiro para acompanhar de perto a Jornada Mundial da Juventude.

Dilma também tem manifestado sintonia com as posições sociais do Papa Francisco. E recentemente, quando o Papa anunciou que Dom Orani seria criado cardeal, a presidente gravou e escreveu mensagens parabenizando o arcebispo do Rio. A expectativa entre os coordenadores da campanha de Dilma é que, na eleição deste ano, haja uma ênfase maior nos debates de temas sociais ao invés de temas com conteúdo moral, como aconteceu em 2010.
Publicado às 20h07

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