José
Rainha Jr. é uma espécie de dissidência do MST, o Movimento dos
Sem-Terra.
Seus métodos de luta são tão heterodoxos que mesmo um grupo
que não hesita em recorrer à violência e à destruição da propriedade
privada o rejeita.
Por isso, ele criou seu próprio MST, por ele batizado
de Frente Nacional de Lutas (FNL).
Neste fim de semana, durante o que
chamou de “Carnaval Vermelho”, a tal frente invadiu nada menos de 24
fazendas em São Paulo — a Justiça já determinou a reintegração de posse
de nove delas.
Ora, por
que não faria isso? É o Palácio do Planalto que incita a invasão; é o
governo; é Gilberto Carvalho. No dia 12 do mês passado, os sem-terra
promoveram uma arruaça na Praça dos Três Poderes. Ameaçaram, entre
outras coisas, tomar o Supremo Tribunal Federal. Trinta policiais
ficaram feridos, oito deles com gravidade.
No dia seguinte, por mais
escandaloso que pareça e realmente seja, a presidente Dilma Rousseff
recebeu os líderes do MST no Palácio do Planalto, e Carvalho compareceu à
abertura do seminário da turma, em Brasília.
Descobriu-se
depois que o BNDES, a Caixa Econômica Federal e a Petrobras haviam dado
dinheiro para o evento do MST em Brasília, aquele mesmo que degenerou
em pancadaria.
Ora, se espancadores e arruaceiros são financiados pelo
poder público e recebidos pela presidente no Palácio, por que os ditos
sem-terra iriam se intimidar? É claro que não!
Em entrevista ao Estadão Online,
afirmou Luiz Antonio Nabhan Garcia, presidente da União Democrática
Ruralista: “Os sem-terra invadem porque o governo apoia, jogam todos no
mesmo time. Estamos caminhando no mesmo rumo que a Venezuela”.
Exagero?
Não! Ele está certo. Milícias armadas do oficialismo espancam hoje nas
ruas os que protestam em favor da democracia na Venezuela. São grupos
financiados pelo governo para se impor na base da pancadaria, da
violência e da intimidação.
Questionado
sobre o financiamento oficial aos eventos do MST, o que disse Carvalho?
Reafirmou que o governo continuará a repassar dinheiro ao movimento e
deu a entender que uma das funções do estado é financiar grupos
ideológicos.
É justamente essa a concepção de poder que vigora na
Venezuela, que é, hoje, sem sombra de dúvidas, uma ditadura. Mais: há
dias, num seminário no Ministério da Justiça, Carvalho, por palavras
oblíquas, censurou a Justiça por conceder reintegrações de posse.
Ele
defendeu que os casos de invasão sejam sempre “resolvidos” por uma
espécie de junta de conciliação. Ou por outra: para o ministro, invasor e
invadido são partes igualmente legítimas do conflito.
Não custa
lembrar: Rainha, o líder das invasões de São Paulo, já foi preso 13
vezes — nem sempre por questões ligadas à terra. É uma das ditas
lideranças do petismo que estão empenhadas no movimento “volta Lula”. Há
dias, esse patriota foi visitar na cadeia o ex-deputado presidiário
João Paulo Cunha, um dos mensaleiros.
No país em que o crime compensa e é financiado por estatais, os criminosos se sentem livres par agir.
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