SÃO PAULO - Não pretendia comentar a novela em torno da analista
do Santander, mas mudei de ideia por considerar que a história diz muito
a respeito da situação atual do país.
Não é preciso ser um gênio das finanças para perceber que, assim como a Bolsa subiu com as pesquisas eleitorais que registravam uma piora no desempenho de Dilma Rousseff, é perfeitamente lógico esperar que ao menos parte dos ganhos seja revertida caso a presidente some pontos nas sondagens. Nesse contexto, a analista que alertou os clientes do banco para essa tendência, até óbvia, não fez mais do que cumprir sua obrigação profissional. Talvez lhe tenha faltado alguma habilidade diplomática, mas esse não é requisito essencial para a função que exercia.
O PT e a campanha presidencial viram no texto da moça, cujo nome está felizmente sendo preservado, uma oportunidade para posar de vítima das elites e do capital financeiro internacional, e resolveram explorar eleitoralmente o episódio. Esse tipo de discurso, por incrível que pareça, ainda funciona. Não foi uma atitude muito bonita, mas não chega a violar as regras da democracia, como alguns andam acusando. Campanhas não são exatamente um jogo pautado por regras de cavalheirismo.
O problema é que o banco, em vez de defender a analista, demitiu-a e enviou a Dilma um pedido de desculpas. O próprio presidente mundial da instituição apareceu para fazer salamaleques ao governo. Com isso, o Santander mostra que considera mais importante manter um bom relacionamento com o Planalto do que aproveitar o episódio para sugerir a seus clientes que coloca seus interesses em primeiro lugar.
Poderia ser só uma discutível decisão de marketing, mas, nas entrelinhas, transmite a mensagem de que não são só os marcos institucionais que pautam o relacionamento entre bancos e governo e que mesmo grandes casas dependem das boas graças do Planalto. Isso, sim, é preocupante.
Não é preciso ser um gênio das finanças para perceber que, assim como a Bolsa subiu com as pesquisas eleitorais que registravam uma piora no desempenho de Dilma Rousseff, é perfeitamente lógico esperar que ao menos parte dos ganhos seja revertida caso a presidente some pontos nas sondagens. Nesse contexto, a analista que alertou os clientes do banco para essa tendência, até óbvia, não fez mais do que cumprir sua obrigação profissional. Talvez lhe tenha faltado alguma habilidade diplomática, mas esse não é requisito essencial para a função que exercia.
O PT e a campanha presidencial viram no texto da moça, cujo nome está felizmente sendo preservado, uma oportunidade para posar de vítima das elites e do capital financeiro internacional, e resolveram explorar eleitoralmente o episódio. Esse tipo de discurso, por incrível que pareça, ainda funciona. Não foi uma atitude muito bonita, mas não chega a violar as regras da democracia, como alguns andam acusando. Campanhas não são exatamente um jogo pautado por regras de cavalheirismo.
O problema é que o banco, em vez de defender a analista, demitiu-a e enviou a Dilma um pedido de desculpas. O próprio presidente mundial da instituição apareceu para fazer salamaleques ao governo. Com isso, o Santander mostra que considera mais importante manter um bom relacionamento com o Planalto do que aproveitar o episódio para sugerir a seus clientes que coloca seus interesses em primeiro lugar.
Poderia ser só uma discutível decisão de marketing, mas, nas entrelinhas, transmite a mensagem de que não são só os marcos institucionais que pautam o relacionamento entre bancos e governo e que mesmo grandes casas dependem das boas graças do Planalto. Isso, sim, é preocupante.
Hélio Schwartsman é bacharel em filosofia, publicou 'Aquilae
Titicans - O Segredo de Avicena - Uma Aventura no Afeganistão' em 2001.
Escreve de terça a domingo.
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