O novo calote soberano da Argentina, consolidado após o país não chegar a um acordo com os credores que não participaram da reestruturação da dívida (os chamados "holdouts"), deve ter um forte impacto na corrente comercial do país com o Brasil, segundo analistas ouvidos pelo 'Broadcast'. Além de aprofundar a crise na economia
argentina, que prejudicará ainda mais a já debilitada demanda, a
possibilidade de o país adotar novas medidas para tentar conter a saída
de dólares não está descartada.
O presidente da Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB), José Augusto de Castro, diz que a situação das trocas comerciais com a Argentina, que já era ruim, deve piorar. Ele explica que, com o default, nenhum banco vai oferecer cartas de crédito para o país, o que fará com que grande parte das importações seja paga praticamente à vista. "Os exportadores brasileiro vão ter muito mais cautela nas negociações e podem mesmo deixar de exportar para a Argentina por conta do risco comercial", disse.
Segundo dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC), no primeiro semestre deste ano as exportações para a Argentina, terceiro maior parceiro comercial do Brasil, somaram US$ 7,42 bilhões, uma queda de 19,8% em relação ao mesmo período do ano passado. Agora, com o calote, os analistas dizem que esse ritmo de retração deve se aprofundar, fazendo com que o resultado no acumulado do ano fique bem distante dos US$ 19,61 bilhões vendidos ao país vizinho em 2013.
Juan Jensen, sócio da Tendências Consultoria Integrada, explica que, com o calote, a atividade econômica na Argentina, que já está bastante fraca, deve se deteriorar ainda mais, com a desvalorização do peso e o aumento da inflação. Ele aponta que os mercados internacionais de dívida devem se fechar definitivamente para o país, que terá como única fonte de divisas externas o comércio internacional. "Eles já estavam racionando quais linhas e setores conseguiam dólares para pagar as importações, e isso vai se intensificar com o default."
Queda
Castro, da AEB, explica que o superávit comercial da Argentina vem caindo nos últimos anos. Em 2013, o saldo na balança argentina ficou positivo em US$ 8,005 bilhões e, este ano, o superávit acumulado no primeiro semestre, de US$ 3,684 bilhões, é quase 28% menor do que o registrado no mesmo período do ano passado. Com um forte déficit na balança de pagamentos, o país pode ficar sem dólares para pagar mesmo as importações na conta de energia, onde o rombo anual é de quase US$ 11 bilhões.
A economista Camila Abdelmalack, da CM Capital Markets, diz que não há muito que o Brasil possa fazer agora para tentar amenizar a crise no país vizinho. Ela afirma que seria difícil tentar aumentar o uso das moedas locais no comércio bilateral e acredita que a presidente Dilma Rousseff não deve adotar outras medidas mais contundentes, até mesmo em função do período eleitoral aqui.
Entre os setores mais afetados, as exportações brasileiras de automóveis, que já acumulam queda de 23,1% no primeiro semestre, podem cair ainda mais.
Recentemente, os governos dos dois países negociaram um acordo que permite ao Brasil exportar US$ 1,50 para cada US$ 1 vendido pela Argentina. Entretanto, além da piora na demanda interna argentina com o calote, o mercado automotivo brasileiro também não passa por um bom momento. "A demanda está fraca dos dois lados", diz Castro. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
O presidente da Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB), José Augusto de Castro, diz que a situação das trocas comerciais com a Argentina, que já era ruim, deve piorar. Ele explica que, com o default, nenhum banco vai oferecer cartas de crédito para o país, o que fará com que grande parte das importações seja paga praticamente à vista. "Os exportadores brasileiro vão ter muito mais cautela nas negociações e podem mesmo deixar de exportar para a Argentina por conta do risco comercial", disse.
Segundo dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC), no primeiro semestre deste ano as exportações para a Argentina, terceiro maior parceiro comercial do Brasil, somaram US$ 7,42 bilhões, uma queda de 19,8% em relação ao mesmo período do ano passado. Agora, com o calote, os analistas dizem que esse ritmo de retração deve se aprofundar, fazendo com que o resultado no acumulado do ano fique bem distante dos US$ 19,61 bilhões vendidos ao país vizinho em 2013.
Juan Jensen, sócio da Tendências Consultoria Integrada, explica que, com o calote, a atividade econômica na Argentina, que já está bastante fraca, deve se deteriorar ainda mais, com a desvalorização do peso e o aumento da inflação. Ele aponta que os mercados internacionais de dívida devem se fechar definitivamente para o país, que terá como única fonte de divisas externas o comércio internacional. "Eles já estavam racionando quais linhas e setores conseguiam dólares para pagar as importações, e isso vai se intensificar com o default."
Queda
Castro, da AEB, explica que o superávit comercial da Argentina vem caindo nos últimos anos. Em 2013, o saldo na balança argentina ficou positivo em US$ 8,005 bilhões e, este ano, o superávit acumulado no primeiro semestre, de US$ 3,684 bilhões, é quase 28% menor do que o registrado no mesmo período do ano passado. Com um forte déficit na balança de pagamentos, o país pode ficar sem dólares para pagar mesmo as importações na conta de energia, onde o rombo anual é de quase US$ 11 bilhões.
A economista Camila Abdelmalack, da CM Capital Markets, diz que não há muito que o Brasil possa fazer agora para tentar amenizar a crise no país vizinho. Ela afirma que seria difícil tentar aumentar o uso das moedas locais no comércio bilateral e acredita que a presidente Dilma Rousseff não deve adotar outras medidas mais contundentes, até mesmo em função do período eleitoral aqui.
Entre os setores mais afetados, as exportações brasileiras de automóveis, que já acumulam queda de 23,1% no primeiro semestre, podem cair ainda mais.
Recentemente, os governos dos dois países negociaram um acordo que permite ao Brasil exportar US$ 1,50 para cada US$ 1 vendido pela Argentina. Entretanto, além da piora na demanda interna argentina com o calote, o mercado automotivo brasileiro também não passa por um bom momento. "A demanda está fraca dos dois lados", diz Castro. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
Fonte: Estadão Conteúdo Jornal de Brasilia
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