sexta-feira, 22 de agosto de 2014

Mortos em conflito na Síria já superam 191 mil, diz ONU

BBC

Atualizado em  22 de agosto, 2014 - 07:53 (Brasília) 10:53 GMT

Feridos (AFP)
Milhares de civis foram atingidos pelo conflito; milhões se refugiaram em países da região

O conflito de três anos na Síria já deixou mais de 191 mil mortos até abril, disse nesta sexta-feira a Organizações das Nações Unidas (ONU). É mais que o dobro do número estimado pela ONU um ano atrás.

A comissária de Direitos Humanos da ONU, Navi Pillay, qualificou a estimativa de "escandalosa". Ela acusou o governo e grupos rebeldes sírios de crimes de guerra e criticou o que chamou de "paralisia internacional" na questão.
"Tragicamente, este número provavelmente subestima o número verdadeiro de pessoas mortas durante os três primeiros anos desse conflito assassino", disse Navi Pillay.

A porta-voz da ONU criticou ainda o Conselho de Segurança da organização, dizendo que a falta de ação do órgão permitiu centenas de milhares de mortos em zonas de conflito.

"Os assassinos, destruidores e torturadores na Síria foram fortalecidos pela paralisia internacional", disse.

A estimativa foi baseada no cruzamento de dados de quatro diferentes grupos de monitoramento e do governo. O maior número de mortes foi registrada na província de Damasco, com 39.393 mortes, e em Aleppo, com 31.932.

A ONU havia interrompido a contagem de mortos em julho de 2013 alegando que não poderia verificar suas fontes.
Rebeldes sírios (Reuters)
Rebeldes sírios têm perdido terreno nos últimos meses no confronto contra forças do presidente Assad
Ferido (Reuters)
Conflito, iniciado em 2011, destruiu as principais cidades sírias

Aniversário de ataque

Grupos opositores enfrentam forças do presidente Bashar al-Assad desde 2011, mas têm perdido terreno nos últimos meses.

Há um ano, um ataque químico com gás sarin nos subúrbios da capital síria, Damasco, matou centenas e quase desatou ataques aéreos americanos.

O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, acusou Assad de ter cruzado uma "linha vermelha" ao lançar um ataque químico contra sua população.

Mas um acordo diplomático, apoiado pela ONU, evitou a retaliação, exigindo que Assad entregasse seu armamento químico.

Desde então, o equilíbrio do conflito tem favorecido Assad. O regime mantém - e recuperou - partes significativas do país.

O correspondente de Defesa da BBC, Jonathan Marcus, disse que o conflito aguçou o sectarismo na região, levando os combatentes mais extremistas a se reunir em torno do autodenominado Estado Islâmico (EI), que formou um califado em partes da Síria e do Iraque.

Para Marcus, "o fracasso em conter a desintegração da Síria agora ameaça a integridade do Iraque também".

Os jihadistas continuam a se expandir e ameaçam grupos considerados pelo Ocidente como "oposição moderada".

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