domingo, 14 de setembro de 2014

Eleições: PT adota tática do medo

Dilma vai para o confronto com Marina usando os mesmos métodos de terror 

que o partido condenava no passado, quando o alvo era Lula. 

O detalhe é que a candidata sataniza a adversária atribuindo a ela 

propostas semelhantes às de seu governo.

Diante da ameaça de perder a eleição, a campanha da presidenta 
Dilma Rousseff partiu para um ataque sórdido contra a candidata
 do PSB ao Planalto, Marina Silva. 

Munida de impressionante desfaçatez, a propaganda do PT
 lançou mão, na última semana, dos mesmos métodos 
que combatia num passado recente. 

Numa tentativa clara de manipulação, a presidenta
 ocupou o horário eleitoral na televisão para dizer que a 
proposta de Marina Silva de conceder autonomia ao Banco Central 
vai enriquecer ainda mais os banqueiros e prejudicar a população. 
O vídeo, totalmente apelativo, mostrou uma família vendo a 
comida desaparecer do prato. As cenas estão recheadas de um 
cinismo explícito, pois o governo Lula, no qual Dilma foi gerente 
e chefe da Casa Civil, não apenas adotou a autonomia 
operacional do Banco Central como fez mais: indicou um 
banqueiro, Henrique Meirelles, para presidir a instituição e 
conferiu à presidência do BC o status de ministério. Nos 
dois governos de Lula, nem o Ministério da Fazenda, ao 
qual o Banco Central deveria estar subordinado, podia dar 
ordens a Meirelles. Se, como prega a peça publicitária 
do PT, seria lícito dizer que aumentar os juros é jogar 
afinado com os banqueiros, então nunca antes na 
história um governo esteve tão em sintonia com os 
bancos como o do PT. ...

GOLPES BAIXOS 
O PT deu autonomia operacional ao Banco Central e 
escolheu um banqueiro para presidi-lo, mas Dilma 
(à dir.) ataca Marina querendo tachá-la de candidata 
tutelada pelos bancos, exatamente por defender a autonomia 
do BC.

A propaganda petista também agiu com descaramento 
quando acusou a adversária do PSB de se opor ao uso 
dos recursos do pré-sal para financiar a educação. Os 
petistas escondem o fato de terem resistido à proposta 
que destinou 10% dos recursos do petróleo para o 
ensino público. Na época das discussões sobre o assunto 
no Congresso, o governo atuou nos bastidores pela liberdade 
para escolher onde seriam feitos os investimentos. A verdade 
factual, no entanto, parece estar longe da campanha petista.
As pesquisas realizadas depois da mudança no discurso da 
presidenta mostram que ela recuperou pontos na corrida 
eleitoral e neutralizou a vantagem de Marina Silva em um 
eventual segundo turno. A diferença, que já foi de dez 
pontos percentuais, caiu para quatro e as duas encontram-
se empatada,s considerada a margem de erro, de acordo com 
o último Datafolha.

Não foi a primeira vez, nesta campanha, que o PT recorreu ao 
medo e a golpes baixos a fim de obter êxitos eleitorais. 
Semanas atrás, numa nova tentativa de manipular o 
eleitor, a campanha petista comparou Marina aos 
ex-presidentes Jânio Quadros e Fernando Collor, numa 
alusão à dificuldade que ela terá de governar, sob o risco 
de ter o mandato interrompido. A esdrúxula equiparação
 foi criticada até por petistas, como o senador Jorge Viana
 (AC). “Essa ideia de tentar comparar Marina a Collor e a Jânio 
Quadros é desinteligente. Ou de querer buscar desvio ético 
e moral na vida de Marina, isso também é perda de tempo e 
não tem nenhum sentido”, afirmou.
Até agora, apenas um caso provocou transtornos para a campanha da 
presidenta.
 Os tucanos entraram com uma ação no Tribunal Superior Eleitoral (TSE), 
reclamando do terrorismo eleitoral protagonizado pelo PT. O tribunal 
considerou a linguagem do programa petista degradante e inapropriada
 para uma disputa democrática e determinou a retirada do ar das 
agressões. Para o relator do caso, ministro Herman Benjamin, o 
tom adotado pela campanha do PT “não combina com a postura ética 
que deve nortear o debate político e as campanhas eleitorais”.

A constatação é de que o PT age como se o fim justificasse os meios, 
sendo “o fim” a eleição de Dilma, e “os meios”, as práticas de terrorismo 
eleitoral. Pelo jeito, para o PT vale mesmo “fazer o diabo” para vencer 
a eleição, usando palavras da própria presidenta Dilma. Nesse vale-tudo, 
quem perde é o eleitor.

Foto: Eraldo Peres/AP
Fonte: Por IZABELLE TORRES, revista Istoê - 14/09/2014 - - 11:25:04

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