Cada vez mais os intervencionistas nos dão mostras de que não estão aptos ao diálogo diante de quem os questiona fortemente. Diante do texto Está cada vez mais claro: os adeptos da intervenção militar são aliados do PT recebi, no meio de alguns comentários críticos bem interessantes, uma série de ataques infundados e irracionais, típicos de quem não leu o texto com cuidado e já entrou de sola achando que seus preconceitos seriam o suficientes para incomodar este blogueiro.
Somente a simulação de falso entendimento (o mesmo recurso usado por Jandira Feghali para fingir que a expressão “vai para Cuba” significava “vagabunda”) explica uma indignação na qual alguém me pede para “provar” que os intervencionistas são “pagos pelo PT”, quando eu jamais disse disso. O meu texto é claríssimo ao dizer que a aliança entre intervencionistas e petistas pode muito bem ocorrer, em alguns casos, sem que os primeiros tenham ciência do que estão fazendo.
Vou partir da hipótese de boa intenção por parte desses intervencionistas, para tratar essa argumentação deles como um erro lógico, não uma dissimulação. É basicamente o princípio da caridade na hora da argumentação. Por esse princípio, nota-se que provavelmente que os intervencionistas não entenderam um raciocínio lógico extremamente simples.
Porém, mesmo simples, esse raciocínio lógico parece ter abalado muito investimento emocional feito em uma crença. Por isso, vou explanar o argumento de outra forma.
Imagine a empresa WinterFresh vendendo um produto usando frames como “satisfação”, “facilidade” e coisas do tipo. Todos frames positivos, evidentemente. Agora imagine a empresa concorrente, UltraX, propondo frames péssimos, e rejeitando quem compra produtos por “satisfação” e “felicidade”.
A partir desse momento o gerente de marketing da WinterFresh começa a morrer de rir, pois acha que o sujeito da UltraX enlouqueceu de vez, já que a propaganda do UltraX, sem querer, está vendendo o produto WinterFresh. Não surpreende que UltraX esteja afundando nos indicadores de vendas.
O fato é que o marqueteiro da WinterFresh entendia as regras da propaganda.
Já o marqueteiro da UltraX vivia como se essas regras não existissem. Quando questionamos o marqueteiro da UltraX se ele tem ou não noção de estar sendo um aliado involuntário do marqueteiro da WinterFresh, ele tende a se indignar.
Na verdade, o marqueteiro da UltraX vive em um mundo particular, regido por regras que não funcionam para o contexto onde ele se encontra. Ele se torna arrogante ao viver achando que busca um ideal, quando na verdade somente age um serviçal de seu oponente.
Uma vez que ele conheça as regras do marketing e da propaganda, irá reconhecer que serviu, por muito tempo, ao seu concorrente, mesmo que não intencionalmente. (Isso no caso dele ser uma pessoa honesta)
Como os intervencionistas realmente parecem acreditar fazer algo de útil pelo Brasil -quando na verdade servem ao PT, mesmo que não saibam, assim como fazia o marqueteiro da UltraX -, eles ficam realmente indignados quando lhes apresentamos os resultados trágicos de suas bandeiras lamentáveis posicionadas quase como estrategicamente para a ridicularização de todos ao seu redor.
Como sempre, intervencionistas podem usar o discurso do “beco sem saída”, dizendo que “não há outra saída”. Antes de limpar esse terreno, cabe lembrar que “beco sem saída” é uma tática de persuasão que opera no seguinte modelo: “Compre P-Trax, por que você não tem escolha”. Mas ainda há muitas possibilidades a serem exploradas, pelas vias democráticas, para desgastar o governo atual.
As táticas de persuasão intervencionistas incluem questões como:
- “O que fazer se o governo vai a Unasul e quer unificar Forças Armadas de seus países?”
- “O que fazer se o governo ataca manifestantes que protestam contra a LDO?”
O modelo de atuação petista, complementado pelo discurso bizarro intervencionista, é simples. A propaganda do PT é baseada em pedir “democratização, democratização, democratização, contra golpistas”. Claro que o discurso é mais falso que propaganda de pasta de dente. Mas aí os intervencionistas complementam dizendo “sim, golpistas somos nós, pois queremos intervenção militar”.
(É fato que eles não verbalizam a frase “golpistas somos nós”, mas é assim que a propaganda do PT é feita, e por isso os petista precisam tanto de pessoas discursando por “intervenção militar”)
É claro que é um momento doloroso (especialmente para o ego) descobrir que sua ação é apenas um sintoma da doença da qual pretende ser a cura. Mas essa é a mais dura verdade.
Ainda a título de caridade, vamos supor que estejamos em tal estágio que nem os métodos de Gene Sharp (que são usados para derrubar ditaduras pela via não-violenta) sejam úteis. Nem a Venezuela chegou nesse ponto, mas vamos lá. Ainda assim, a pior alternativa possível é ir para as ruas pedir intervenção militar.
Se chegarmos um dia nesse estágio calamitoso (o beco sem saída) então a melhor coisa a fazer para os intervencionistas é tramarem secretamente, não em público. Você já imaginou se as polícias começassem a divulgar via Internet todos os pontos onde elas irão investigar? Ia somente iria facilitar a vida dos bandidos. Ou você acha que os petistas chegaram aonde estão declarando suas intenções totalitárias? E então vocês querem ganhar deles declarando intenções totalitárias? Chega a ser cômico.
Mais cômico ainda são os discursos dessa gente dizendo que “temos todos que nos unir”. Mas, como já vimos antes, isso não passa da ausência de percepção de que eles só servem, mesmo que involuntariamente, como propaganda para o adversário.
O intervencionismo só surge pela ignorância completa de como funciona a guerra política. Como o PT domina essas regras, morre de rir.
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