quarta-feira, 28 de janeiro de 2015

Balanço da Petrobras faz suas ações despencarem na Bolsa


Samantha Lima
 

Folha
A Petrobras divulgou na madrugada desta quarta-feira (28), após dois adiamentos, o balanço com os resultados do empresa no terceiro trimestre de 2014. A estatal viu seu lucro despencar 38% no período, em comparação com o trimestre anterior, de R$ 4,9 bilhões para R$ 3,1 bilhões. Em relação ao terceiro trimestre de 2013, o lucro caiu 9%.


O valor, contudo, não contabiliza o dinheiro perdido em desvios investigados na Operação Lava Jato e nem a perda de valor recuperável de alguns de seus ativos por efeito do escândalo de corrupção. A companhia atrasou o balanço desde 14 de novembro justamente para a realização de tal ajuste.


As ações da petroleira repercutem negativamente os números na BM&FBovespa. Os papéis preferenciais, mais negociados e sem direito a voto, despencavam 9,34%, às 10h27 (de Brasília), para R$ 9,22 cada um. Já os ordinários, com direito a voto, tinham desvalorização de 8,81%, para R$8,79.
A estatal afirma em balanço que a metodologia que adotou para descontar o valor incorporado indevidamente como investimento, mas desviado em esquema de corrupção entre 2004 e 2012, mostrou-se “inadequada” e, por isso, recuou da promessa de subtrair o valor de seus ativos.


A fórmula, diz a Petrobras, tinha “elementos que não teria relação direta com pagamentos indevidos”.



SEM AUDITORIA
O balanço auditado deveria ter sido apresentado até 14 de novembro de 2014, mas não recebeu o aval da empresa de auditoria PwC (PricewaterhouseCoopers) –a legislação do mercado de capitais exige essa auditoria.


Depoimento do ex-diretor Paulo Roberto Costa, que cumpre prisão domiciliar, fez a PwC se recusar a assinar o documento até que o efeito da corrupção nos negócios da estatal fosse conhecido e eliminado.

Com isso, a Petrobras se viu obrigada a reavaliar os ativos construídos pelas empreiteiras denunciadas por Costa e, desde dezembro, impedidas de fechar contratos com a estatal.
O balanço apresentado nesta quarta não atende à lei, mas atende a exigência de credores de parte de sua dívida, que, por contrato, poderiam exigir o vencimento antecipado dos débitos em 30 de janeiro, caso não tivesse um balanço, ainda que não auditado.

PREJUÍZOS
Dos sete segmentos de negócio da Petrobras, seis tiveram prejuízo operacional. O ramo de Abastecimento da companhia registrou piora ante o segundo trimestre do ano, com perda de R$ 5,180 bilhões, contra R$ 3,883 bilhões no período anterior. No ano, o resultado desfavorável já contabiliza R$ 13,871 bilhões.

Já o ramo de Gás & Energia da estatal registrou no terceiro trimestre prejuízo de R$ 271 milhões, ante um lucro de R$ 702 milhões no segundo trimestre. No acumulado do ano, o segmento registrou um saldo positivo de R$ 946, ante R$ 1,262 bilhão em 2013. E o ramo de biocombustíveis da estatal ampliou as perdas de R$ 66 milhões no segundo trimestre para R$ 89 milhões no período
subsequente.

O segmento de Exploração & Produção foi o único a registrar saldo positivo, com lucro líquido de R$ 10,131 bilhão. O resultado, no entanto, é 6% menor do que o registrado no trimestre anterior, de R$ 10,793. No ano, o segmento registra lucro líquido de R$ 31,578 bilhões.

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