quarta-feira, 28 de janeiro de 2015

Cerveró mandou recado para Dilma.


(O Globo) Não foi por um simples engano que a defesa do ex-diretor da Área Internacional da Petrobras Nestor Cerveró arrolou a presidente Dilma Rousseff como testemunha de defesa do executivo em um dos processos da Operação Lava-Jato na Justiça Federal do Paraná. A manobra foi intencional, mais um recado dele ao Planalto de que não vai aceitar sozinho a culpa pela compra da Refinaria de Pasadena (EUA), em 2006. O negócio deu prejuízo de US$ 792 milhões, segundo o Tribunal de Contas da União (TCU).
 
O advogado de Cerveró, Edson Ribeiro, protocolou nesta segunda-feira a defesa no processo em que o ex-diretor é acusado de receber propina por contratos de navios-sonda. Dilma estava entre as testemunhas porque foi presidente do Conselho de Administração da Petrobras até 2010, quando concorreu à Presidência pela primeira vez.
 
Menos de três horas depois, o advogado retirou o nome dela da lista, alegando um erro identificado pelo próprio Cerveró. O Conselho não tinha ingerência sobre esse tipo de contrato. Segundo uma fonte próxima a Cerveró, o erro foi proposital para mostrar a disposição dele de apontar a responsabilidade de Dilma na compra de Pasadena, esse sim um tipo de negócio que só poderia ser feito com aval do Conselho. 
 
Cerveró nunca engoliu o fato de Dilma, em março de 2014, tê-lo acusado de induzir o Conselho a erro com um resumo executivo “técnica e juridicamente falho”. Em maio, ao depor numa comissão da Petrobras, ele entregou um documento elaborado por seu advogado mencionando o Estatuto Social da estatal para demonstrar que a decisão não poderia se basear só no resumo técnico. Em seguida, enviou texto similar à Comissão de Ética Pública e à CPI da Petrobras.
 
Desde o início do escândalo, Cerveró tem dito a amigos que não será o “bode expiatório”, dando a entender que Pasadena servia a interesses de outros executivos, como seu sucessor no cargo, Jorge Zelada, e Renato Duque, ex-diretor de Serviços. Ao GLOBO, Ribeiro reafirmou que o erro não foi intencional, mas confirmou a linha de defesa de responsabilizar o Conselho. 
 
 

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