Quem mais gastou, no governo, em 2014, foi a presidência da República.
Trocando em miúdos: para Dilma, a propaganda e a marquetagem são
prioritários - estão acima de pastas importantes, que deveriam receber
prioridade:
Levantamento realizado pela entidade não governamental (ONG) Contas
Abertas indica que a Presidência da República foi o órgão do governo
federal que mais gastou com publicidade em 2014. Os seus gastos em
propaganda conseguiram a proeza de superar pastas importantes, como o
Ministério da Saúde e o Ministério da Educação. O estudo não deixa de
ser mais uma prova de que a prioridade dada pela presidente Dilma
Rousseff às tarefas do último ano do seu primeiro mandato foi a sua
reeleição. Onde se põe o dinheiro aí está a prioridade de um governante.
Onde se põe o dinheiro aí estão as reais escolhas políticas de um
governante. E o governo Dilma Rousseff priorizou a promoção
institucional da Presidência da República, pondo em plano inferior áreas
cruciais para o bem do País.
E Dilma Rousseff conseguiu o que quis. Reelegeu-se. E quem pagou essa
conta foi o País, ao ter um governo que, em vez de cuidar das reais
prioridades da Nação, se dedicou a cuidar muito bem da própria imagem.
Os gastos em campanhas publicitárias da Presidência da República
alcançaram em 2014, segundo a ONG Contas Abertas, R$ 210,9 milhões.
Desse montante, a maior parte (R$ 161,7 milhões) foi destinada à
publicidade institucional. Foram campanhas para divulgar os atos, as
obras e os programas governamentais. Ou seja, é um tipo de gasto
eleitoralmente relevante, para o qual - como se vê - a Presidência da
República não regateou esforços.
No ano passado, as campanhas institucionais da Presidência da
República tiveram como finalidade dar visibilidade à atuação do governo
federal na realização da Copa do Mundo. Ali estava a sua vitrine.
Segundo o governo, o objetivo era fortalecer os atributos positivos da
imagem do Brasil, para o qual se utilizou o conceito "A Pátria de
Chuteiras vai entrar em campo. Vibra Brasil!!!". Interessante a visão
que o governo tem dos atributos positivos do País.
Por outro lado, a publicidade de utilidade pública, cujo objetivo é
informar e orientar a população a respeito de comportamentos que trazem
benefícios reais para a melhoria da qualidade de vida, não teve o mesmo
orçamento que o da publicidade institucional. À propaganda de utilidade
pública promovida pela Presidência restaram R$ 48,3 milhões.
Os gastos da Presidência da República com publicidade ficam ainda
mais chamativos quando se comparam com os do Ministério da Saúde,
habitualmente a pasta que mais investe em publicidade, tendo em vista as
suas campanhas de informação sobre saúde pública. Em 2014, o Ministério
da Saúde gastou R$ 209,9 milhões. A publicidade de utilidade pública do
Ministério foi responsável por 90% da verba investida (R$ 188 milhões).
Nesse item estavam incluídas, por exemplo, as campanhas de combate à
dengue e de prevenção da aids, tuberculose e hanseníase, entre outras
doenças. Com a publicidade institucional, o Ministério da Saúde gastou
R$ 3,7 milhões e com a publicidade legal, R$ 18,3 milhões.
Em terceiro lugar no ranking de publicidade do governo federal em
2014 ficou o Ministério das Cidades (R$ 179,9 milhões), responsável
pelas campanhas de redução de acidentes de trânsito. O Ministério do
Turismo - que tem a tarefa de promover o turismo tanto de brasileiros
quanto de estrangeiros no Brasil, além de realizar campanhas contra a
exploração sexual de crianças - gastou R$ 102,8 milhões com publicidade
no ano passado.
Em 2014, os gastos totais do governo federal com publicidade foram da
ordem de R$ 1,1 bilhão, representando um aumento de 10% em relação ao
ano anterior. Infelizmente, esse aumento em ano eleitoral tem sido
corriqueiro no Brasil. De toda forma, ter sido a Presidência da
República o órgão que mais gastou com publicidade no governo federal
significa um agravamento dessa inversão de prioridades. Já não se tem
qualquer pudor em deixar explícito - pelo montante e pela qualidade dos
gastos - que o interesse eleitoreiro importa mais que os interesses do
País. (Estadão).
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