Na foto, o tesoureiro de Dilma com o cambaleante ex-presidente uruguaio. |
É
o velho discurso lulista, de um relativismo bárbaro: violar a lei é
apenas "erro", não crime. Ora, o que a lei configura como crime, crime
é; não se trata de simples erro pessoal (aliás, no caso petista,
trata-se de método, seguido coletivamente). Crimes são e devem ser
punidos, já que a Justiça ainda não foi abolida. As penas do mensalão
são um grande exemplo, apesar de brandas. E com o petrolão novas penas
virão, atingindo outra vez em cheio figurões ligados ao governo petista.
Não, não se trata de mera opinião (conforme a estupidez relativista,
seja ética ou cognitiva), mas de fatos, coisa que a mentalidade petista é
incapaz de conceber:
Um dia depois de o ex-gerente da Petrobrás Pedro Barusco ter dito à CPI da estatal que repassou US$ 300 mil para a campanha de Dilma Rousseff em 2010,
o deputado estadual Edinho Silva (PT-SP) divulgou uma "Carta Aberta ao
PT", na qual admite "erros" no partido no "campo político". Tesoureiro
da campanha de Dilma à reeleição, Silva prega uma reação forte do PT e
do governo ao cerco político e diz que é hora de todos irem para a luta,
sob o argumento de há momentos em que "a dúvida leva à derrota" e o
recuo, ao aniquilamento.
"Há sim, erros no nosso campo político", afirma Silva na mensagem,
enviada por e-mail para dirigentes, militantes e ministros do PT. "Nunca
na nossa história assimilamos com tanta facilidade o discurso
oportunista de uma direita golpista e nunca estivemos tão paralisados.
(...) Se a corrupção é endêmica e povoa as instâncias governamentais,
ela tem que ser combatida com muita dureza. Companheiros e companheiras,
nós sempre defendemos isso. (...) Se pessoas se utilizaram do PT para
enriquecimento, toda vez que isso for provado esses têm que pagar e nós
temos que ser os primeiros a defender a penalização."
Aos deputados, Barusco disse que o dinheiro foi recebido
pelo tesoureiro do PT, João Vaccari Neto, que é desafeto de Silva no
partido. Alvo da Operação Lava Jato, Vaccari negou as afirmações do
ex-gerente à CPI e a cúpula do PT divulgou nota lembrando que Barusco
está sendo processado pela sigla.
Silva divulgou a "Carta ao PT" nesta quarta-feira, dez horas depois
do jantar que reuniu Dilma, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o
presidente do PT, Rui Falcão, e ministros do partido, no Palácio da
Alvorada. No encontro o ex-presidente pediu a Dilma que explique à
população onde o governo quer chegar com as medidas amargas do ajuste
fiscal. Para Lula, Dilma precisa sair da defensiva e ir para o embate
com a oposição, não sem antes fazer um pacto de governabilidade com o
PMDB.
"É hora de 'pegarmos a nossa história nas mãos', com a certeza de na
frente revigorarmos os nossos sonhos e irmos para a luta política", diz
Silva na "Carta ao PT", fazendo coro com as ponderações de Lula. Os dois
integram a corrente Construindo um Novo Brasil (CNB), majoritária na
legenda.
No texto encaminhado para levantar o moral da tropa petista, Silva
também defende as medidas econômicas adotadas por Dilma. "Vamos ajustar a
nossa economia para que possamos continuar crescendo com justiça
social. (...) Mas o nosso projeto vai além da agenda econômica. Só nós
podemos liderar a batalha de uma verdadeira reforma política e
eleitoral. Só nós podemos convocar uma mobilização para uma reforma
tributária e fiscal que desonere os mais pobres", diz o deputado.
O ex-tesoureiro do comitê da reeleição retoma na carta o clima do
"nós contra eles" que marcou a campanha de Dilma, no ano passado, e
afirma que o início do segundo mandato da presidente está sendo marcado
por uma "ofensiva conservadora", definida por ele como "a pior da
história da República".
"Qual a novidade? Achávamos que a elite brasileira, insuflada por uma
retomada das mobilizações da direita no continente, iria ficar
assistindo nós nos sucedermos na Presidência da República, consolidando o
nosso projeto? (...) Achávamos que aqueles que hoje nos acusam, que
também são os mesmos que armam trincheiras contra as reformas
estruturais, seriam benevolentes conosco?", pergunta Silva, que integra a
direção nacional do PT. Na sua avaliação, o partido não pode ter crise
de identidade ao enfrentar a "escuridão" provocada pela "tempestade dos
fatos". "Sem o PT não existirá esquerda forte no Brasil, não existirá
campo progressista e transformador", comenta ele. (Estadão).
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