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(Valor) O presidente da Camargo Corrêa, Dalton dos Santos Avancini, disse
a investigadores da Operação Lava-Jato que os serviços de consultoria
prestados por empresa do ex-ministro José Dirceu à empreiteira não
existiram de fato. Segundo Avancini, que fechou acordo de colaboração
premiada, os pagamentos feitos à empresa JD Assessoria e Consultoria
tiveram origem em recursos desviados da Petrobras. Avancini assinou
contratos de prestação de serviços da Camargo Corrêa com a empresa do
ex- chefe da Casa Civil no governo Luiz Inácio Lula da Silva.
Réu por crimes de corrupção, formação de organização criminosa e
lavagem de dinheiro, o presidente da Camargo Corrêa deverá formalizar
termo de declarações específico sobre os pagamentos recebidos por José
Dirceu por meio de suas empresas. Os depoimentos de Avancini no âmbito
de sua delação premiada terão início entre o final desta semana e o
início da próxima, apurou o Valor PRO, serviço em tempo real do Valor.
Dirceu recebeu R$ 886 mil da Camargo Corrêa entre 2010 e 2011. A
Polícia Federal apreendeu na sede da empreiteira em novembro de 2014
contrato de prestação de serviços datado de 22 de abril de 2010, firmado
pela construtora com a JD Assessoria e Consultoria. Os investigadores
constataram que na mesma época em que Dirceu foi contratado pela Camargo
Corrêa, a Petrobras fechou dois contratos com a empreiteira no valor de
R$ 4,5 bilhões.
Em decisão de 8 de janeiro em que determinou a quebra do sigilo
bancário da empresa de Dirceu, a juíza federal de Curitiba Gabriela
Hardt ressaltou que a JD Assessoria recebeu R$ 3,7 milhões "a título de
consultoria" da OAS, UTC Engenharia e Galvão Engenharia, "as quais
estão sendo investigadas justamente pelo pagamento de serviços de
consultoria fictícios a empresas diversas para viabilizar distribuição
de recursos espoliados do Poder Público". Além de Avancini, também
fechou acordo de delação premiada o vice-presidente comercial da
empreiteira, Eduardo Leite.
De acordo com os advogados dos executivos, a colaboração se
restringirá a fatos ocorridos dentro da construtora, e não do grupo
todo. É improvável que acionistas da Camargo Corrêa sejam comprometidos
pelos depoimentos, segundo Marlus Arns de Oliveira, defensor de Eduardo
Leite. No sábado, a Camargo Corrêa informou que não participou dos acordos
de delação de seus executivos, mas disse que "permanecerá à disposição
das autoridades".
Em nota, a assessoria de Dirceu disse que o contrato com a Camargo
Corrêa, assinado em 22 de abril de 2010, teve como objetivo a "prestação
de serviços no exterior, com foco em Portugal". A assessoria afirmou
que já foi informado à Justiça do Paraná que Dirceu viajou cinco vezes a
trabalho a Portugal, entre 2010 e início de 2011 e que na Camargo
Corrêa "o ex-ministro se reportava ao presidente do Conselho, Vitor
Hallack, com quem se reuniu algumas vezes durante a vigência do
contrato".
O vice-presidente da Engevix Engenharia, Gerson de Mello Almada,( leia- se INFRAMERICA que quer desmatar o Park Way para pagar as dividas da empresa!!)
acenou com a possibilidade de fazer delação premiada ou, ao menos,
contribuir com a Justiça buscando diminuir sua eventual pena. Também
preso por corrupção ativa, Almada disse ter "contribuição relevante" a
fazer e pediu para ser interrogado pelo juiz Sergio Moro.
Em janeiro a defesa de Almada afirmou à Justiça que a Petrobras foi
usada para financiar o "custo elevado das campanhas eleitorais". Os
advogados alegam que a estatal "foi escolhida para a geração desses
montantes necessários à compra da base aliada do governo e aos cofres
das agremiações partidárias".
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