Expectativa é terminar derrubada hoje. Governo tem como foco retirar invasões prejudiciais aos arredores
Jéssica Antunes e Carla Rodrigues
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O segundo dia da nova etapa de derrubadas na ocupação irregular do Condomínio Habitacional Sol Nascente, em Ceilândia, terminou com certa rendição dos moradores. Diferentemente do primeiro dia – que teve confronto com a polícia, barricadas, uso de bombas de efeito moral, gás lacrimogêneo e manifestações –, a resistência durou apenas as primeiras horas da manhã de ontem e deu lugar ao choro de quem viu as casas se transformarem em entulhos.
Pelo menos 335 construções irregulares foram derrubadas na área conhecida como Nova Jerusalém. Ao todo, 453 famílias devem ser realocadas, segundo a Agência de Fiscalização do Distrito Federal (Agefis). Neste número estão incluídas as 57 residências derrubadas na primeira ação, em fevereiro.
A Agefis prevê que a operação de reintegração de posse em Nova Jerusalém termine hoje. Naquele local, o Governo do Distrito Federal pretende fazer obras de infraestrutura, com um orçamento já aprovado de R$ 41 milhões oriundos da Caixa Econômica Federal.
Migração
Considerado um dos principais destinos migratórios do País, o Distrito Federal concentra hoje mais de 1,3 milhão de pessoas vindas de outros estados. Porém, uma parcela deste total, desempregada e sem condições de pagar um aluguel, apela para a invasão de terras públicas. Em 64 ocupações ilegais do DF, entre elas a do Sol Nascente, há 163 mil lotes apossados irregularmente, com um total de aproximadamente 550 mil habitantes, segundo a Companhia de Desenvolvimento Habitacional (Codhab).
A nova gestão da Agefis, contudo, pretende desocupar as áreas o quanto antes. A ideia nesta gestão, ressalta a responsável pela agência, Bruna Pinheiro, é coibir o surgimento de novas invasões. Para isso, os 140 auditores do órgão estão trabalhando em cima de prioridades.
“Nossa equipe é pequena diante da demanda. Então, focamos nos locais invadidos que têm sido prejudiciais à população dos arredores”, esclarece. Como exemplo, ela cita justamente a invasão removida no Sol Nascente. “Em alguns lugares, devagarzinho estamos sentido a mudança. O primeiro levantamento que fizemos desse local foi ainda em janeiro. Uns 15 dias depois já tinha o dobro de barracos”, aponta.
Drenagem poderá ser iniciada
Segundo a diretora-presidente da Agefis, Bruna Pinheiro, a ocupação irregular estava prejudicando pelo menos 1,5 mil residências do Setor Sol Nascente, que não estavam recebendo drenagem. “Sem a drenagem, não se faz o asfalto. E sem asfalto, não se faz o meio-fio, e, sem meio-fio, não tem calçada. É uma escala de projetos que são interrompidos quando há uma invasão”, destaca.
Por isso, lamenta, “Brasília vive uma realidade muito triste para uma cidade que foi planejada”. E pede à população: “uma coisa que nos ajuda muito é a denúncia. Quando a gente pega a construção ainda nos primeiros tijolos, nosso trabalho rende mais”.
O diretor de Regularização Fundiária da Companhia de Desenvolvimento Habitacional (Codhab), Cristian Viana, calcula que em cada uma das cidades do DF há, pelo menos, uma ocupação irregular. “E tem locais, como Planaltina, que possuem uma concentração muito grande de invasões”, salienta.
Por isso, nos próximos quatro anos, o trabalho da companhia será feito em parceria com a Agefis e outros órgãos. “Isso demanda estudos e tempo. Mas nossa intenção é retirar o quanto antes os moradores que estão vivendo em áreas de interesse social”, diz. Ele ressalta que as constantes invasões são um entrave à regularização das áreas.
Saiba Mais
Os moradores de Nova Jerusalém já entraram em confronto com policiais mais de uma vez. Estiveram, também, em frente ao Palácio do Buriti reivindicando por moradia. Na segunda-feira, fecharam o Eixo Monumental e se reuniram com representantes do governo. Sem acordo, voltaram para casa a fim de recuperar os pertences, mas prometeram voltar hoje à Praça do Buriti.
Fonte: Da redação do Jornal de Brasília
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