Veja.com fez
um levantamento sobre os diversos movimentos que vão para a rua no
próximo domingo para protestar contra Dilma e o petismo, apontando quais
são suas reivindicações e características. Com diferenças entre si,
eles prometem levar à praça milhares de pessoas. A boa notícia é que há
jovens defendendo causas liberais, contra o autoritarismo que marca a
tradição brasileira e latino-americana:
O único
grito que aproxima os principais movimentos organizadores das
manifestações do dia 15 de março - Vem pra Rua, Movimento Brasil Livre e
Revoltados Online - é a insatisfação com o governo Dilma Rousseff. Por
trás desse pleito comum, há diferenças significativas entre eles, como
os meios pelos quais buscam a saída da presidente, a diferença na faixa
etária e posição social de seus integrantes e o alinhamento com partidos
políticos.
Defensores
do liberalismo na economia, Vem pra Rua e Movimento Brasil Livre já
tentaram uma aproximação, mas o perfil moderado de empresários mais
velhos do Vem pra Rua, que não querem o impeachment de Dilma Rousseff,
não casou bem com a juventude mais rebelde do Movimento Brasil Livre.
Também a favor do impeachment, o Revoltados Online, por meio de sua
única figura pública, Marcello Reis, causa certa repulsa aos outros dois
grupos. Motivo: suas posições passadas, como a defesa da intervenção
militar e mensagens com conotações religiosas.
"O
impeachment pode ser um tiro no pé porque depende da maioria política
para ser aprovado no Congresso. Nós ainda não vemos base jurídica
consistente para fazer isso", afirma Rogério Chequer, de 46 anos,
porta-voz do Vem pra Rua. Renan Haas, 31 anos, um dos líderes do MBL em
São Paulo discorda: "Que prova você precisa mais? Bilhões de reais foram
desviados [da Petrobras] e ela não sabia de nada?".
Conheça
quem são os líderes e quais são as principais bandeiras desses grupos
que prometem levar para a Avenida Paulista mais de 200.000 pessoas no
próximo domingo.
Renan
Haas e Kim Kataguiri, de 19 anos, exemplificam bem o perfil dos
integrantes do Brasil Livre. Um mantém uma microempresa de marketing
digital, e o outro, um canal no YouTube, no qual publica esquetes
humorísticos, ironizando líderes de esquerda, como Stalin, Fidel Castro e
Hugo Chávez. Ambos têm como suas principais referências nomes do
neoliberalismo, como a ex-primeira ministra do Reino Unido Margaret
Thatcher e o ex-presidente dos Estados Unidos Ronald Reagan. Saindo das
redes sociais, onde se concentra a maior parte das atividades, eles
também promovem ações de ruas. No mês passado, o grupo fez um evento
para contrapor a pauta do Movimento Passe Livre pela tarifa zero no
transporte público. Desde novembro do ano passado, quando foi criado, o
Brasil Livre já organizou três protestos contra a presidente Dilma
Rousseff em São Paulo.
O Vem pra
Rua foi constituído em setembro de 2014 durante as eleições - desde
então, marcaram cinco protestos. No segundo turno das eleições, chegaram
a declarar voto no candidato do PSDB, Aécio Neves. Agora, tentam se
livrar da pecha de que são financiados pelos tucanos e se autointitulam
"suprapartidários, republicanos e ordeiros". Com exceção de Chequer, que
é empresário e engenheiro de formação, a maioria dos integrantes reluta
em se identificar. A comunicação entre os integrantes é feita pelo
aplicativo Whatsapp.
Mais
antigo do que os outros grupos, o Revoltados Online é centrado na figura
de Marcello Reis, de 40 anos. Desempregado desde dezembro de 2014
depois que um deputado petista o chamou de neonazista no plenário da
Câmara, Reis dedica 100% do seu tempo ao desejo de "tirar o PT e a
presidente Dilma do poder". Sua página no Facebook chega a publicar dez
postagens por dia. Criado em 2004, o grupo já protestou contra a PEC 37,
que pretendia restringir o poder de investigação do Ministério Público.
"Eu cheguei a convocar 15.000 pessoas nos protestos de junho de 2013,
mas só deram ênfase para o MPL", disse.
Os três
grupos negam receber recursos de partidos políticos ou de empresas. O
MBL informou que chega a amealhar 5.000 reais por mês com cliques no
YouTube e doações espontâneas feitas pela internet. O Vem pra Rua não
informou valores, mas disse que recolhe dinheiro entre os membros para
contratar caminhões de som e confeccionar faixas e cartazes. O
Revoltados Online angaria fundos com a venda do chamado "kit
manifestação" - camiseta, boné e adesivos ao custo de 175 reais.
Grupo pró-militar
- Paralelamente a esses movimentos, outro grupo - menor, mas mais
barulhento - tem ganhado força nos atos contra Dilma: os
Intervencionistas Independentes, que pedem a volta da ditadura militar. O
Brasil Livre e o Vem pra Rua já planejam estratégias para não serem
associados aos Intervencionistas. Em uma reunião realizada com o comando
da Polícia Militar, ficou definido que cada movimento ficará com um
pedaço da Avenida Paulista: O MBL no vão livre do Museu de Arte de São
Paulo (Masp), o Vem pra Rua na altura da Rua Pamplona, e o Revoltados em
frente à sede da Petrobras. (Continua).
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