CCJ: enfim, apoiando a redução da maioridade penal. |
Vinte e
dois anos depois de ser apresentada no Congresso Nacional, a proposta
para alterar a Constituição e reduzir a maioridade penal no Brasil de 18
para 16 anos recebeu o aval da Comissão e Constituição e Justiça (CCJ)
da Câmara dos Deputados, onde permanecia parada desde 1995 - foi
arquivada cinco vezes desde então.
Nesta
terça-feira, 42 parlamentares da CCJ aprovaram a Proposta de Emenda à
Constituição (PEC) 171, de agosto de 1993, do ex-deputado Benedito
Domingos (PP-DF). Outros 17 deputados votaram contra. O texto agora
segue para análise de uma comissão especial, que será formada na próxima
semana com a finalidade específica de discutir seu mérito.
A
proposta ainda tem um longo caminho a ser percorrido no Legislativo e
será alvo de uma ofensiva já anunciada do PT e dos seus movimentos
satélites no Judiciário, mas nunca a Câmara avançou tanto na discussão
do tema. Um dos fatores decisivos para o andamento da matéria é o apoio
do presidente da Casa, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), e de seus fiéis aliados,
como o próprio presidente da CCJ, Arthur Lira (PP-AL).
Etapa
inicial de tramitação das proposta na Câmara, a CCJ limita-se a discutir
se a matéria é ou não constitucional. Com o aval de hoje, foi vencido,
por exemplo, o argumento do relator da proposta, o deputado Luiz Couto
(PT-PB). O petista argumentava que o texto entra em confronto com o
artigo 228 da Constituição, que determina que "são penalmente
inimputáveis os menores de dezoito anos", e que isso é uma cláusula
pétrea - que não pode ser modificada. O parecer de Luiz Couto foi
rejeitado por 43 votos a 21.
Voto
vencedor, o deputado Marcos Rogério (PDT-RO) apresentou parecer em
separado pela admissibilidade da proposta. Na avaliação dele, o artigo
228 da Constituição não constitui uma cláusula pétrea e tampouco contém
"um princípio fundamental que deva ser basilar para a manutenção do
estado democrático". "Além de tutelar a sociedade, a redução da
maioridade evita que jovens cometam crimes na certeza da impunidade",
afirmou o parlamentar.
Embates -
A PEC 171/93 voltou a ser discutida pela CCJ neste mês e sofreu
sucessivas manobras de parlamentares do PT, PSOL e PPS para ter a
tramitação barrada. Partidos como o PDT e PR, alinhados ao governo, se
posicionaram a favor da emenda e chegaram a travar embates contra seus
aliados na votação desta terça.
Ao se
manifestar contra a matéria, o deputado Orlando Silva (PCdoB-SP) afirmou
que o sistema penal brasileiro "é uma escola do crime". "O Parlamento
não pode fazer justiça com as próprias mãos", disse. O deputado Lincoln
Portela (PR-MG) rebateu: "Assusta-me o governo admitir que mantém uma
escola de crimes. A cultura da violência está estabelecida. O Brasil é
um país violento. O nosso voto é contra a cultura da violência", disse.
Ao fim da
votação, manifestantes iniciaram uma gritaria em plenário. O deputado
Alessandro Molon (PT-RJ) anunciou que ingressará com um mandado de
segurança no Supremo Tribunal Federal (STF) contra a proposta. (Veja.com).
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