Depois alguns resmungam que só trago más notícias. Dá pra comemorar mais essa aí? Pede pra sair, Dilma Ruimself:
Considerada
a taxa oficial no país, a inflação medida pelo Índice de Preços ao
Consumidor Amplo (IPCA) ficou em 0,71% em abril, segundo dados
divulgados pelo IBGE nesta sexta-feira. O resultado representa uma
desaceleração frente ao comportamento de março, quando o índice subiu 1,32%.
Nos 12 meses encerrados em abril, a inflação chegou a 8,17%, a mais
alta desde o período de 12 meses encerrados em dezembro de 2003, quando
somou 9,30%.
A taxa de
abril é a menor de 2015 e a primeira vez no ano em que o IPCA ficou
abaixo de 1%. O resultado, porém, é o mais alto para abril desde 2011,
quando atingiu 0,77%. E também muito acima da taxa de abril do ano
passado, quando foi de 0,67%.
O IPCA
acumulado nos quatro primeiros meses do ano, de 4,56%, já passa do
centro da meta oficial de inflação do governo, que é de 4,5%. Ao mesmo
tempo, a inflação de janeiro a abril é a mais alta para o período desde
2003, quando ficou em 6,15%. Em março de 2015, essa taxa ficou em 8,13%.
Analistas
de mercado consultados pela Bloomberg News esperavam uma taxa média de
0,76% para abril, com estimativas entre 0,70% e 0,92%. Já para o
resultado em 12 meses a projeção era de 8,23%, com números entre 8,13% e
8,14%.
A
coordenadora de Índices de Preços do IBGE, Eulina Nunes dos Santos,
destacou a desaceleração da inflação no mês de abril, ainda que a taxa
de 0,71% não possa ser considerada baixa:
– A taxa
de abril foi a primeira do ano que ficou abaixo de 1%. Houve
desaceleração da inflação em abril, mas ela se sustentou na casa dos 8%
no resultado acumulado em 12 meses. O primeiro trimestre do ano foi
marcado por uma alta mais expressiva de preços monitorados, como energia
elétrica, tarifa de ônibus e combustíveis. Mas essa influência
permanece em abril, ainda que em intensidade menor.
ALTA MENOR DA ENERGIA; ALIMENTOS PUXAM IPCA
A
desaceleração da inflação em abril, frente a março, foi puxada
principalmente pela alta menor dos preços de energia elétrica. A
energia, que tinha subido 22,08% em março, avançou 1,31% em abril.
Apesar da desaceleração em abril, os preços de energia acumulam alta de
38,12% no ano e de 59,93% em 12 meses.
Já os
preços de alimentos foram a maior influência para a alta de inflação em
abril, com elevação de 0,97% e impacto de 0,24 ponto percentual. O
resultado representou uma desaceleração frente a março, quando os preços
de alimentos tinham subido 1,17%.
Vilão da
inflação em 2013, o tomate foi o item com maior alta de preço entre os
alimentos em abril, de 17,90%. No ano, o tomate subiu 48,65%. Também
tiveram variação expressiva a cebola (7,05%), o feijão-mulatinho (6,55%)
e o leite longa vida (4,80%).
Alguns
alimentos importantes para o consumo das famílias, como batata-inglesa,
feijão e frango tiveram queda de preço. Houve queda de 10,02% na
batata-inglesa, de 8,38% na mandioca e de 2,78% na farinha de mandioca.
A coordenadora do IBGE, no entanto, explica que não é possível afirmar que esse recuo de preços reflita uma demanda menor:
– É
prematuro afirmar que a demanda tem ligação com queda no preço de
alimentos. Os últimos a terem impacto de demanda são os alimentos. Se há
alguma restrição de renda ou de emprego que levem a reduzir o emprego,
isso vai primeiro nos automóveis, que já está acontecendo, e nos
eletrodomésticos – explica Eulina.
Várias
regiões apresentaram desaceleração no preço de alimentos, mas isso
precisa ser visto com reserva, segundo Eulina, já que no ano e em 12
meses o preço tem alta grande. Os preços de alimentos já subiram 4,51%
no ano e, em 12 meses, 7,95%.
Goiânia
tem a maior alta de alimentos no resultado acumulado em 12 meses, de
10,83%. No Rio de Janeiro, os preços de alimentos subiram 9,45%. Em São
Paulo, a alta foi de 7,33%. A seca e o aumento de energia elétrica são
apontados como razões para a alta dos preços dos alimentos.
O segundo
maior impacto no IPCA de abril veio do grupo saúde e cuidados pessoais,
que avançou 1,32%, com fatia de 0,15 ponto percentual da taxa de 0,71%
da inflação geral. A maior pressão veio dos preços de remédios – o
principal impacto individual na inflação de abril –, que subiram em
média 3,27% depois dos reajustes que entraram em vigor em 31 de março
(com alíquotas de 5%, 6,35% e 7,70%, dependendo do medicamento). Além
dos remédios, no entanto, também houve impacto dos preços de serviços
médicos e dentários (0,93%), produtos óticos (0,91%) e plano de saúde
(0,77%).
Já os preços de transportes avançaram 0,11%, diante da queda dos preços de gasolina (0,67%) e de etanol (2,33%).
PREÇO DE SERVIÇOS SOBE 8,32% EM 12 MESES
Os preços
de serviços avançaram 0,72% em abril, perto da taxa geral de 0,71%. No
ano, a taxa é de 3,28%, para um IPCA de 4,56%. Já no resultado acumulado
em 12 meses, a taxa é de 8,32%, enquanto a inflação chega a 8,17%.
– Os
serviços têm pressionado a inflação nos últimos anos. Nesses quatro
primeiros meses do ano, no entanto, a alta de preços está abaixo do IPCA
geral porque há pressão também de preços monitorados – diz Eulina.
A alta de
preços monitorados desacelerou para 0,78%, frente a 3,37% em março. Em
2015, no entanto, a variação dos preços chega a 9,31%, mais que o dobro
do IPCA de 4,56% do período. No resultado acumulado em 12 meses, a
variação dos preços administrados também é bem superior à do IPCA, de
13,39%.
A
inflação acumulada em 12 meses, de 8,17%, está bem acima do teto da meta
de inflação do governo, que é de 6,5% ao ano. O próprio Banco Central
avalia que a alta do dólar e a pressão dos reajustes de tarifas devem
tornar mais difícil o combate à inflação. Na ata da última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), divulgada
em 7 de maio, o BC admite que a esperada convergência para o centro da
meta oficial — 4,5% — só deve ocorrer no fim do ano que vem. Antes, a
expectativa era alcançar o objetivo ao longo de 2016. (O Globo).
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