Procuradores abrem inquérito para investigar repasses irregulares do Tesouro ao BNDES
A revista Época trouxe em sua nova edição, nas bancas neste final de semana, mais uma revelação de importante investigação do Ministério Público. Vejam um trecho da versão disponível na web:
Hoje, boa parte da economia brasileira roda com dinheiro das empresas que enchem o tanque no posto do BNDES. É gasolina batizada, segundo o Ministério Público junto ao Tribunal de Contas da União. Numa representação inédita obtida por ÉPOCA, o MP afirma que o BNDES recebeu de maneira irregular do Tesouro Nacional cerca de R$ 500 bilhões, que incharam o banco nos últimos seis anos. A representação contém uma avaliação prévia do MP, que solicita investigação por parte do TCU.
Segundo o MP, o dinheiro público pode ter ido parar nas contas das empresas que receberam os empréstimos no Brasil e no exterior. “A operação foi desenhada como um subterfúgio para lançar mão de recursos que, por lei, não poderiam ser destinados a empréstimos ao BNDES (…) Configura verdadeira fraude à administração financeira e orçamentária da União”, diz o documento do MP, que aponta os fatos como “graves”.
Os repasses considerados irregulares pelo MP começaram em 2008, no segundo mandato de Lula, e prosseguiram até o ano passado, no primeiro mandato de Dilma. Naquele ano, o governo passou a usar dinheiro da conta única do Tesouro – uma espécie de cofrinho de emergência do país – para financiar as operações do BNDES. A conta única é abastecida com dinheiro de operações feitas pelo Banco Central.
Quando, por exemplo, o BC tem lucro com a compra ou a venda de moedas, esse dinheiro vai para a conta única. O cofrinho só pode ser quebrado, segundo o MP, para que o governo pague suas dívidas. Para quebrá-lo, o governo fez uma malandragem: passou a emitir títulos de dívida ao banco estatal. Com eles, o BNDES conseguia pegar o dinheiro e emprestá-lo às empresas.
O Mensalão, até hoje, é o escândalo de
maior vulto político por envolver presidentes de quatro partidos, um
ex-presidente da Câmara e mais de uma dúzia de autoridades e líderes
partidários históricos. O Petrolão era, até hoje, o maior escândalo
financeiro pelos prejuízos ao país – ainda não dá para saber aonde
chegará em termos de nomes políticos envolvidos. Já o escândalo dos
repasses do BNDES, ainda não batizado, deve elevar a roubalheira a
patamares inimagináveis. Vale lembrar que Lula está sendo investigado
por tráfico internacional de influência justamente por operações duvidosas do BNDES.
Nenhum comentário:
Postar um comentário