terça-feira, 14 de julho de 2015

A moda é concentrar na presidente Dilma o fogo de todos os canhões voltados contra a crise que nos assola. Tudo bem--Carlos Chagas NADA DE NOVO SOB O SOL

A moda é concentrar  na presidente Dilma o fogo de todos os canhões voltados contra a crise que nos assola. Tudo  bem, Madame é a principal figura ostensiva  responsável pelas agruras que atingem o país, mais por ter aceitado uma coroa  maior do que sua cabeça, menos por faltar-lhe condições para gerir um simples botequim. Mesmo assim, não parece justo deitar sobre seus ombros o ônus da tragédia agora encenada. Há  que verificar seus  condicionantes e suas preliminares. Ela só chegou à presidência da República por uma decisão imperial do Lula, respaldada pela concordância do PT. 


Aqui começa a trapalhada. Que o ex-presidente pudesse  agir como todo-poderoso csar de todos os  Brasís,  seria inevitável, mas que o Partido dos Trabalhadores  se curvasse a esse ucasse,  parece  uma aberração.


Acontece que um grande partido não poderia ter sido destruído de fora,  antes de ser erodido por  dentro. Seu declínio, por haver cedido à imposição de seus donos, teve causa na decadência de seus ideais, após o fim de uma pequena era de esperança. Com a ascensão ao poder,  seu mundo ficou velho.  Erodiu-se sua ideologia. Os vícios contra os quais lutou passaram a atacá-lo. A  classe  trabalhadora na qual se afirmava cedeu  às tentações e ao exemplo dos poderosos, tendo a destruição começado de dentro para fora. As facilidades da vida fácil fizeram esquecer    sua essência. Não foram, os companheiros, conquistados,  mas aderindo  pelas facilidades ao seu dispor.



Misturaram  a indignação dos  tempos iniciais com as benesses  conquistadas  depois.  Trocaram  as agruras de  um vida ascética pelo comodismo de exceções futuras. O caráter viril  de sua simplicidade cedeu lugar à inclusão na minoria de privilegiados.  Desapareceram, aí, suas qualidades.


 A velha fé na justiça social e na igualdade  cedeu lugar ao estoicismo das mudanças em prol de uma sociedade condenada à  desigualdade, cientes  de que acima de tudo está a conquista do controle dos semelhantes.


Não soube,  o PT, proteger a maioria em nome da qual se forjou, por isso tornando-se numa casa vazia  cercada pela indiferença e até a indignação. O despotismo interno  destrói a disputa pela  competição sadia, substituída pelas vantagens e privilégios auferidos pelo exercício  do poder. O fracasso do ideal despedaçado preparou  o terreno  para o desânimo e a ruína.  Uma organização  de homens livres transformou-se num conjunto de homens vencidos.


Todas essas considerações aplicam-se ao país onde  dona Dilma equilibra-se para permanecer onde está, mas basta substituir onde se lê Partido dos Trabalhadores por  Império  Romano, no caso, com aplauso a  Gibbon, para se concluir que nada de novo existe sob o sol...

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