“Rejeição
a gays, aborto e maconha cai; 51% acham errado ver pornô” é uma dessas
chamadas de jornal que não me dizem nada. O que eu acho mais curioso
aqui é que juntam, numa mesma frase, coisas completamente diferentes
como se houvesse algum tipo de ligação cósmica entre elas. O que tem a
ver o aborto com a maconha? Não faz sentido. Por que a associação? Tão
condicionados que estamos a ligar certos temas desconexos que nos
tornamos incapazes de discutir a sério cada assunto desses
separadamente.
(Ora, se alguém se diz a favor da redução da maioridade penal, que outras maldades não faria a uma velhinha?)
Daí que aparece deputado a dizer: “Vencemos! A maioridade penal não foi reduzida! Fascistas, racistas, homofóbicos não passarão!” De novo: qual a relação entre maioridade penal e homofobia? Teria a ver com as calças apertadas que os adolescentes usam? Na dúvida, se pôs Rihanna no Spotify, manda prender o moleque.
A moda da assinatura de pacotes fechados havia de dar em mais intolerância.
Como reação aos combos ideológicos, cada vez mais limitados e específicos, aparecem deputados e colunistas a fazer as ligações mais absurdas e rasas possíveis. Uma linha sobre o estatuto do desarmamento e pronto, já está uma opinião formada do sujeito.
Por isso, antes de adquirir um pacote fechado que sustenta as suas convicções, avalie você mesmo cada assunto oferecido ali. Não é porque querem lhe vender uma opinião sobre a legalização das drogas que você será obrigado a adquirir uma posição sobre a adoção de crianças por casais homossexuais ou uma opinião que você nunca vai usar sobre a eutanásia.
A
venda casada, caracterizada por vincular a venda de um bem ou serviço à
compra de outros, é proibida pelo inciso I do artigo 39 do Código de
Defesa do Consumidor. Denuncie essa prática.
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