domingo, 5 de julho de 2015

Um Governo que não consegue conter a ilegalidade, a grilagem, as invasões, não merece governar uma cidade considerada Patrimônio da Humanidade.



Workshop sobre convivência entre ocupação urbana e meio ambiente
Senhores,


Agradeço a presença dos senhores no nosso Park Way, bem como a oportunidade de estudarmos juntos fórmulas de aprimorar a convivência entre a ocupação urbana e o meio ambiente.



Meu nome é Flavia Ribeiro da Luz, sou Presidente da Associação Park Way Residencial, associação de moradores cujo objetivo primordial é a preservação ambiental do Park Way, de modo a garantir a qualidade de vida, não apenas para os moradores da RA, mas também para os habitantes de Brasília. 



Como os senhores estão cientes, o Park Way é uma Ilha Verde que serve como um anel protetor do perímetro tombado e é parte integrante, importante, da Reserva da Biosfera do Cerrado. O Programa “O Homem e a Biosfera” , MAB , da UNESCO,  busca promover a conversação ambiental em harmonia com as atividades humanas. A Reserva da Biosfera abrange o Parque Nacional de Brasília, a Estação Ecológica de Águas Emendadas e a Área de Proteção Ambiental Gama Cabeça de Veado(Park Way).



Nesse sentido, em 2012, o GDF, por meio da SEMARH e do IBRAM, selou um ajuste com a UNESCO no sentido de garantir a proteção ambiental da Reserva da Biosfera do Cerrado. 


Essa intenção tão louvável do GDF, contudo, não está sendo cumprida. As áreas verdes do Park Way continuam sendo invadidas griladas, vendidas, desmatadas, degradadas, nossos rios poluídos, nossa avifauna capturada e comercializada ilegalmente.


Ultimamente, senhores do IBRAM, um novo aborrecimento foi incluído na nossa lista de agressões ambientais: as casas de festas cujo número não para de aumentar. Quase toda semana  uma nova casa de festa vem se instalar na vizinhança apesar da Administração Regional garantir aos moradores que não concede alvará de funcionamento para esse tipo de atividade.


Senhores, as casas de festas além do ruído excessivo, sobretudo durante a noite, que impede o repouso dos vizinhos adultos e  das crianças, traz os seguintes inconvenientes:


Ruído que, como os senhores sabem, é causa de doenças físicas e neurológicas. A poluição sonora foi catalogada pela OMS como causadora principal de um variado numero de doenças e motivou, inclusive, a implantação do Programa Silencio através da resolução CONAMA, número 2, de 8 de março de 1990.


Congestionamento das vias internas do Park Way; 


Vandalismo dos frequentadores que, devido ao consumo de bebidas alcoólicas, quebram garrafas e as arremessam no meio fio ou nas áreas verdes causando acidentes, quebram luminárias e atiçam e maltratam os animais; 


Brigas e discussões entre os frequentadores, as quais geralmente ocorrem de madrugada, na rua quando o nível de embriagues é mais alto; 


Migração da avifauna congênita do cerrado o que acelera o processo de extinção da espécie;


Estacionamento sobre as áreas verdes, acarretando a destruição das mesmas ou na frente das casas dos vizinhos impossibilitando a entrada e a saída dos proprietários; 


A este respeito recordo da impossibilidade de serem criados estacionamentos dentro das casas de festas, uma vez que o Memorial Descritivo do Park Way determina que a utilização do lote seja para a construção de casas para fins exclusivamente residenciais e exige que cada moradia reserve 40% no mínimo da metragem total da fração para área verde arborizada. 


Afinal o Park Way fica dentro da Reserva da Biosfera do Cerrado!


Além dos problemas acima mencionados, as casas de festas acumulam lixo que geralmente se acumula na frente das casas dos vizinhos, nas áreas verdes, nas calçadas, nas ruas. 


Na época das chuvas esse lixo entope as bocas de lobo ou se acumulam nos córregos


Desvalorização dos lotes residenciais vizinhos, afinal que família compraria uma residência que fica ao lado ou próxima a uma casa de festa, sabendo dos problemas que terá de enfrentar? 


Criminalidade: segundo informações obtidas junto à ao Posto Policial do Núcleo Bandeirante, as residências localizadas próximas às casas de eventos são as mais vidas pelos ladroes os quais muitas vezes fingem ser convidados para roubas as moradias vizinhas ao evento. 


Agrego por oportuno que os moradores, em diversas ocasiões manifestaram seu repudio ao funcionamento de casas de festas no Park Way, seja através de um abaixo assinado com quase 800 assinaturas cuja copia já foi encaminhada à essa Administração Regional, seja por queixas registradas na Décima Primeira Delegacia de Policia, seja por reclamações feitas desde 2005 durante as reuniões do Conselho de Segurança.


@@@@@@@@@@@@@@@


Outro assunto que gostaria de mencionar aos senhores e que também se refere à poluição sonora diz respeito ao ruído dos aviões. Desde 2004 os moradores o Lago Sul estão em luta contra o barulho dos aviões que sobrevoam suas casas sem que a INFRAERO ou a INFRAMERICA demonstrem o menor cuidado com horário rota de voo ou medição de ruído. 


Os moradores do Lago pleitearam o plantio de arvores para formar uma barreira natural e abafar o barulho dos aviões e talvez até diminuir a trepidação que danifica as construções. Nada foi feito até agora e os moradores do Park Way enfrentam o mesmo problema e repartem com os moradores do Lago Sul o mesmo desrespeito por parte da INFRAMERICA.



@@@@@@@@@@@@@@@
Por falar em desrespeito gostaria de recordar aos senhores presentes que a INFRAERO/INFRAMERICA até agora não fizeram a compensação ambiental exigida pela construção da segunda via do aeroporto.



@@@@@@@@@@@@@@
Para terminar, recordo também que o tratamento privilegiado que o Governo brasileiro deveria conceder à Zona Tampão da Reserva da Biosfera do Cerrado, nesse caso o Park Way, está incluído no texto do compromisso assumido com a UNESCO quando Brasília foi escolhida para ser Patrimônio da Humanidade.


A esse respeito cumpre assinalar que o titulo de Reserva da Biosfera do Cerrado em nada ate agora protegeu o Park Way. Não nos protegeu contra grilagem, contra invasões, contra criminalidade, contra casas de festas. 


Recordo também que os monitores da UNESCO retornarão ao Brasil em breve e que Brasília poderá perder o titulo de patrimônio da humanidade devido à forma como está tratando sua Zona Tampão , o anel protetor do perímetro tombado. 


E não me refiro apenas ao Park Way. Refiro-me também ao Parque Nacional de Brasília, ameaçado pelas invasões da Estrutural, e à Estação Ecológica de Aguas Emendadas, ameaçada também pela expansão urbana.



Senhores, um Governo que não consegue conter a ilegalidade, a grilagem, as invasões, não merece governar uma cidade considerada Patrimônio da Humanidade.




Flavia Ribeiro da Luz



Associação Park Way Residencial
4/07/2015

Nenhum comentário: