Workshop
sobre convivência entre ocupação urbana e meio ambiente
Senhores,
Agradeço a presença dos
senhores no nosso Park Way, bem como a oportunidade de estudarmos juntos fórmulas
de aprimorar a convivência entre a ocupação urbana e o meio ambiente.
Meu nome é Flavia
Ribeiro da Luz, sou Presidente da Associação Park Way Residencial, associação
de moradores cujo objetivo primordial é a preservação ambiental do Park Way, de
modo a garantir a qualidade de vida, não apenas para os moradores da RA, mas
também para os habitantes de Brasília.
Como os senhores estão
cientes, o Park Way é uma Ilha Verde que serve como um anel protetor do
perímetro tombado e é parte integrante, importante, da Reserva da Biosfera do
Cerrado. O Programa “O Homem e a Biosfera” , MAB , da UNESCO, busca promover a conversação ambiental em
harmonia com as atividades humanas. A Reserva da Biosfera abrange o Parque
Nacional de Brasília, a Estação Ecológica de Águas Emendadas e a Área de
Proteção Ambiental Gama Cabeça de Veado(Park Way).
Nesse sentido, em 2012,
o GDF, por meio da SEMARH e do IBRAM, selou um ajuste com a UNESCO no sentido
de garantir a proteção ambiental da Reserva da Biosfera do Cerrado.
Essa intenção tão
louvável do GDF, contudo, não está sendo cumprida. As áreas verdes do Park Way continuam
sendo invadidas griladas, vendidas, desmatadas, degradadas, nossos rios
poluídos, nossa avifauna capturada e comercializada ilegalmente.
Ultimamente, senhores
do IBRAM, um novo aborrecimento foi incluído na nossa lista de agressões
ambientais: as casas de festas cujo número não para de aumentar. Quase toda
semana uma nova casa de festa vem se
instalar na vizinhança apesar da Administração Regional garantir aos moradores
que não concede alvará de funcionamento para esse tipo de atividade.
Senhores, as casas de
festas além do ruído excessivo, sobretudo durante a noite, que impede o repouso
dos vizinhos adultos e das crianças,
traz os seguintes inconvenientes:
Ruído que, como os senhores sabem, é causa de doenças físicas e neurológicas. A
poluição sonora foi catalogada pela OMS como causadora principal de um variado
numero de doenças e motivou, inclusive, a implantação do Programa Silencio
através da resolução CONAMA, número 2, de 8 de março de 1990.
Congestionamento das vias internas do Park Way;
Vandalismo dos frequentadores que, devido ao consumo de bebidas alcoólicas, quebram
garrafas e as arremessam no meio fio ou nas áreas verdes causando acidentes,
quebram luminárias e atiçam e maltratam os animais;
Brigas e discussões entre os frequentadores, as quais geralmente ocorrem de madrugada, na
rua quando o nível de embriagues é mais alto;
Migração da avifauna
congênita do cerrado o que acelera o processo de extinção da espécie;
Estacionamento sobre
as áreas verdes, acarretando a destruição das mesmas
ou na frente das casas dos vizinhos impossibilitando a entrada e a saída dos
proprietários;
A este respeito recordo
da impossibilidade de serem criados estacionamentos dentro das casas de festas,
uma vez que o Memorial Descritivo do Park Way determina que a utilização do
lote seja para a construção de casas para fins exclusivamente residenciais e
exige que cada moradia reserve 40% no mínimo da metragem total da fração para
área verde arborizada.
Afinal o Park Way fica dentro da Reserva da Biosfera do
Cerrado!
Além dos problemas
acima mencionados, as casas de festas acumulam lixo que geralmente se
acumula na frente das casas dos vizinhos, nas áreas verdes, nas calçadas, nas
ruas.
Na época das chuvas
esse lixo entope as bocas de lobo ou se acumulam nos córregos;
Desvalorização dos lotes residenciais vizinhos, afinal que família compraria uma
residência que fica ao lado ou próxima a uma casa de festa, sabendo dos
problemas que terá de enfrentar?
Criminalidade: segundo informações obtidas junto à ao Posto Policial do Núcleo Bandeirante,
as residências localizadas próximas às casas de eventos são as mais vidas pelos
ladroes os quais muitas vezes fingem ser convidados para roubas as moradias
vizinhas ao evento.
Agrego por oportuno que
os moradores, em diversas ocasiões manifestaram seu repudio ao funcionamento de
casas de festas no Park Way, seja através de um abaixo assinado com quase 800
assinaturas cuja copia já foi encaminhada à essa Administração Regional, seja
por queixas registradas na Décima Primeira Delegacia de Policia, seja por
reclamações feitas desde 2005 durante as reuniões do Conselho de Segurança.
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Outro assunto que
gostaria de mencionar aos senhores e que também se refere à poluição sonora diz
respeito ao ruído dos aviões. Desde 2004 os moradores o Lago Sul estão em luta
contra o barulho dos aviões que sobrevoam suas casas sem que a INFRAERO ou a
INFRAMERICA demonstrem o menor cuidado com horário rota de voo ou medição de
ruído.
Os moradores do Lago pleitearam o plantio de arvores para formar uma
barreira natural e abafar o barulho dos aviões e talvez até diminuir a
trepidação que danifica as construções. Nada foi feito até agora e os moradores
do Park Way enfrentam o mesmo problema e repartem com os moradores do Lago Sul
o mesmo desrespeito por parte da INFRAMERICA.
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Por falar em
desrespeito gostaria de recordar aos senhores presentes que a
INFRAERO/INFRAMERICA até agora não fizeram a compensação ambiental exigida pela
construção da segunda via do aeroporto.
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Para terminar, recordo
também que o tratamento privilegiado que o Governo brasileiro deveria conceder
à Zona Tampão da Reserva da Biosfera do Cerrado, nesse caso o Park Way, está
incluído no texto do compromisso assumido com a UNESCO quando Brasília foi
escolhida para ser Patrimônio da Humanidade.
A esse respeito cumpre
assinalar que o titulo de Reserva da Biosfera do Cerrado em nada ate agora protegeu
o Park Way. Não nos protegeu contra grilagem, contra invasões, contra
criminalidade, contra casas de festas.
Recordo também que os monitores da UNESCO
retornarão ao Brasil em breve e que Brasília poderá perder o titulo de
patrimônio da humanidade devido à forma como está tratando sua Zona Tampão , o
anel protetor do perímetro tombado.
E não me refiro apenas ao Park Way.
Refiro-me também ao Parque Nacional de Brasília, ameaçado pelas invasões da
Estrutural, e à Estação Ecológica de Aguas Emendadas, ameaçada também pela
expansão urbana.
Senhores, um Governo que
não consegue conter a ilegalidade, a grilagem, as invasões, não merece governar
uma cidade considerada Patrimônio da Humanidade.
Flavia Ribeiro da Luz
Associação Park Way
Residencial
4/07/2015
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