Inspirada
por Lula e por Miguel Rossetto, secretário-geral da Presidência e
membro da Democracia Socialista, corrente de extrema esquerda do PT,
Dilma literalmente reencruou a sua própria natureza e recebeu no Palácio
do Planalto centenas de militantes dos ditos movimentos sociais, que
nada mais são do que braços operantes do PT.
Chegou a haver, acreditem,
uma espécie de passeata nas dependências do prédio, liderada pela
presidente, com seu inequívoco casaquinho vermelho. Gritavam: “Não vai
ter golpe/ não vai ter golpe”. Ora, é claro que não! Golpes precisam do
concurso das armas. Os que cobram a saída de Dilma só pedem a lei.
Atenção! Em pleno Palácio do Planalto, o presidente da CUT pregou, de
forma escancarada, sem chance para ruídos, a luta armada.
O que a senhora quer, presidente Dilma?
Confronto de rua?
Violência?
Mortos?
A história
das glórias da esquerda é toda ela irrigada pelo sangue dos inocentes.
Sobre milhões de mortos, ergueram-se as bandeiras daqueles que ocuparam o
Palácio do Planalto. Mas eu lhes digo: não lhes daremos sangue com
facilidade. Vocês aprenderão como é muito mais eficaz, duradoura e
realmente inquebrável a fúria dos pacíficos.
Dilma está vivendo um delírio regressivo.
Dilma está vivendo uma história que não é a dela.
Dilma imagina que o Palácio do Planalto, em 2015, é o Palácio de La Moneda, no Chile, em 1973.
Dilma acha que é Salvador Allende.
Dilma confunde os que querem democracia com soldados prontos a rasgar a Constituição.
Faz sentido!
A esquerda não conhece a força da paz e nunca soube o que é construir
uma sociedade do progresso. Ao contrário: o seu norte é necessariamente o
confronto porque se considera uma força nascida para promover
superações na história. Todos os que não estão alinhados com elas
precisam ser destruídos.
Esse PT que
estamos vendo, que lota o palácio com verdadeiros milicianos, é o
partido da crise. Mas a legenda já viveu a sua fase de glória. E, nos
seus melhores momentos, tentou destruir outras agremiações e censurar a
imprensa. O seu ódio à democracia não é conjuntural. Está inscrito na
sua alma, na sua história, nas suas origens. O partido é autoritário na
paz e na guerra.
Wagner Freitas, presidente da CUT, não teve dúvida:
“O que se vende hoje no Brasil é a intolerância, o preconceito de classe contra nós. Somos defensores da construção de um projeto nacional de desenvolvimento para todos e todas. Isso implica ir para a rua entrincheirados, com arma na mão, se quiserem tentar derrubar a presidente Dilma”.
Não ficou
por aí. Guilherme Boulos, líder do MTST, oriundo de uma das mais
abastadas famílias de São Paulo, resolveu fazer sociologia barata.
Afirmou, depois de atacar a agenda de Renan Calheiros e o ajuste fiscal:
“Queria fazer um alerta aos golpistas, àqueles que se utilizam de insatisfação social para impor o seu projeto político e para atacar a democracia. Esses estão por aí em várias partes do país, semeando a intolerância, semeando o ódio, o preconceito. Essa turma dos Jardins, essa turma do Leblon, essa turma no Lago Sul não representam o povo brasileiro. Nós sabemos bem quem são e de onde vieram. Os seus avôs apoiaram a UDN, os seus pais apoiaram Carlos Lacerda, seus pais apoiaram a ditadura militar e seus filhos são contra as cotas sociais”.
Sim, muitos gritaram ainda “Fora Levy” e, claro!, “Fora Cunha”.
O PT, em
suma, chamou para a luta armada os que vão se manifestar no domingo e
enviou um recado ao Congresso e ao Poder Judiciário: caso estes não
decidam de acordo com as vontades do partido, vai ser na bala. Entendo
que essa é também a confissão de que as armas existem: onde estão?
Dilma, mais uma vez, resolveu confundir os tempos de ditadura com os tempos da democracia:
“Não vejo nem nunca verei problema em manifestações. Tenho que ter lealdade com a experiência histórica da minha geração, que foi muito dura. Eu sobrevivi. Naquela época, quando você vivia, você tinha que dar graças a Deus. A loteria de quem sobrevivia e quem não sobrevivia era puro acaso”.
É verdade.
Até porque sabe a presidente que, nos tempos a que ela se refere,
ninguém queria democracia: nem os ditadores militares nem os grupos
terroristas aos quais ela pertenceu. Hoje, presidente, quem pede a sua
saída o faz na forma da lei. Se alguém quer ditadura, são esses que a
senhora acoitou no Palácio, pregando a luta armada e o confronto de
brasileiros contra brasileiros.
E encerro com uma pergunta sem resposta. Digamos que Dilma fique: pra que mesmo?
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